A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Vencendo o Desprezo

           Quem nunca foi desprezado na vida ou quem em algum momento não se sentiu assim? Este sentimento toma conta de nós na fila de um hospital, nas reivindicações de nossos direitos e principalmente em nossa vivência com outros semelhantes. Segundo o dicionário o desprezo se caracteriza pela ausência de consideração ou sem apreço. O desdém das pessoas acontecem geralmente pela própria insegurança em relação ao outro, ainda mais em um ambiente tão competitivo como o capitalismo moderno.
            A Bíblia, no livro de Juízes 11, nos mostra a história de um homem marcado pelo desprezo, mas Deus o fez um dos grandes libertadores de seu povo. Seu nome é        Jefté, que significa “o Senhor abre”. Foi o nono juiz dos israelitas. Julgou Israel 6 anos. Um dos grandes exemplos de fé em Deus (Hb 11:32).  Era desprezado e aparentemente marcado pelo destino para ser infeliz. Seu pai era importante, possuía riquezas e projeção social. Jefté era valente, porém filho de uma prostituta. Segundo alguns, ele não estava no programa de seus pais como filho.
No grifo filho de uma prostituta, vejo o quanto muitas vezes somos estigmatizados pelas conjunções adversativas da vida. Sempre existe um "mas" ou "porém". As pessoas preferem ressaltar nossas falhas e não as virtudes. É sabido que o feto embora não seja capaz de falar, ou pensar, já é capaz de perceber os sentimentos e expectativas de seus pais nutrem em relação a ele. Além de sofrer o estigma dos pais, era rejeitado pela sociedade.
A vida de muitos heróis bíblicos foram marcados por estes estigmas. José, por exemplo, foi desprezado e vendido pelos seus irmãos, foi escravo no Egito, mas venceu, pois teve atitude. Fico imaginando quantas pessoas adultas hoje que conviveram com o desdém de pessoas e até mesmo familiares durante a gestação e infância e isto criou crateras profundas na alma, pois o desprezo é uma das doenças emocionais mais profundas. Um filósofo por nome de Jean-Paul Sartre pode dizer: “Não importa o que os outros fizeram de você; importa o que você fez com que os outros fizeram de você”. É necessário termos atitude em relação ao desdém dos outros, precisamos romper as barreiras do passado; entender que não podemos mudar o passado, mas podemos lutar por um futuro melhor.
            Creia que a sua vida é regida por Deus, somos um projeto dele e Ele rege a nossa história... enquanto as pessoas nos desprezam pela cor, posição social ou genealogias; temos um Deus que nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo.
No relato escriturístico encontramos que seus irmãos o expulsaram de casa e como conseqüência da rejeição Jefté fugiu para a terra de Tobe (era um lugar deserto, árido, inóspito, selvagem, solitário). Este lugar retrato muito bem o langor da sua alma. O texto nos diz que homens rebeldes se aliaram a ele.
Atentemos bem para a expressão "fugiu". A fuga sem dúvida é o paliativo que muitos usam para se verem livres temporariamente dos problemas. o ser humano está sempre fugindo; de suas responsabilidades... de seus dilemas...de seus traumas... Não nos esqueçamos que os problemas do passado não resolvidos transformam-se em fantasmas para nos atormentar.

Infelizmente, contemplamos várias pessoas cuja vida se assemelha a de Jefté – gente que foi magoada, desprezada, ferida e que escondem seus traumas através das drogas, dos vícios, das gangues e da rebeldia. Voltando a história de José, quero ressaltar que ele poderia viver fugindo de tudo e de todos, caindo num processo de vicioso de comiseração, mas escolheu enfrentar o passado, perdoar seus algozes e viver uma vida plena. O meu desejo é que você escolha viver, se permita ser feliz. Neste processo para ser feliz, não basta apenas saber que Deus tem planos para a sua vida; e necessário tomar atitude e escolher aceitar a vontade de Deus.