A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015


A Docência Cristã e a Aprendizagem Continuada

“O que ensina, que haja dedicação”( Rm 12:7)

Resultado de imagem para professorO versículo bíblico acima, por si só já diria muitas coisas. Quando o Apóstolo Paulo descreve sobre os dons e as devidas funcionalidades do corpo, preceitua que alguém que possui um dom, precisa se aperfeiçoar nele. A perícope apresentada nos fornece a idéia de que aquele que ensina, dedique-se, ou seja aprimore e seja diligente.
Dentro do prisma educacional cristão, este preparo possui um tripé que é formado pela vida de consagração, vida de estudo bíblico e o preparo teológico.
Diante das novas tendências e propostas educacionais tais como as EADs – Educação à Distância, o docente precisa repensar mais o seu papel ante a educação. Vejamos o parecer de alguns especialistas na área.
O novo cenário educacional coloca a formação continuada em serviço como uma necessidade urgente para os profissionais da educação. O professor precisa ampliar seu olhar de forma a continuar a aprender para ensinar, de maneira a superar possíveis lacunas em sua formação inicial, pois segundo Paulo Freire a história dos educadores é sempre inacabada.
O professor passa a ser visto, nas tendências atuais de formação de professores, como parte do processo, pois o mesmo atuará como tutor e não mais como detentor de conhecimentos. Candau (1996) acrescenta que a formação dos professores deve ter como principal ponto de partida os saberes dos docentes bem com o reconhecimento e a valorização desse saber.
Na opinião de Cury (2002), o ser humano aprendeu a dominar o átomo e as tecnologias, mas não aprendeu a lhe dar com o mundo de dentro compreendendo os imensos territórios da sua alma.
A formação do educador é um processo político e pedagógico intencional e preestabelecido que, segundo Libâneo (2000), possui duas dimensões: a formação teórico científica, contemplando a formação específica das matérias nas quais o docente irá especializar-se e a formação pedagógica em conhecimentos de filosofia, sociologia, história da educação e da pedagogia e suas concepções que estudam o fenômeno educativo, a partir de um contexto sócio-histórico, porque a educação possui uma função essencialmente “social”. O docente precisa ter um sentimento profundamente arraigado que pertence a uma comunidade e a consciência a que disto decorre os direitos e deveres, pois é da prática do civismo que resultam a aprendizagem e a consciência da cidadania.
Até mesmo nesta citação de Libâneo, vemos a tendência da sociedade em preparar o docente apenas no conhecimento e não as suas emoções. Precisamos entender que o ser humano e uma tríade composta de corpo, alma e espírito e não apenas um depositário de conhecimento e uma máquina de produzir resultados em uma sociedade capitalista que exclui e inclui a partir da produtividade.
Augusto Cury, ao traçar um paralelo entre um bom mestre e um mestre excelente nos diz:

O bom mestre possui eloqüência, mas um excelente mestre possui mais do que isso; possui a capacidade de surpreender seus alunos, instigar-lhes a inteligência. Um bom mestre transmite o conhecimento com dedicação, enquanto um excelente mestre estimula a arte de pensar. Um bom mestre procura seus alunos porque quer educá-los, mas um excelente mestre lhe aguça tanto a inteligência que é procurado e apreciado por eles. Um bom mestre é valorizado e lembrado durante o tempo de escola, enquanto, um excelente mestre jamais é esquecido, marcando para sempre a história de seus alunos. Cury (2006, pg 109).

Tais palavras nos mostram o quanto o conceito de educador mudou. É preciso resgatar o ser humano dentro de cada educador. Em seu livro Conversas com quem gosta de ensinar, Alves (2004) traça um paralelo entre educador e professor, dizendo que o Educador habita num mundo em que a interioridade faz a diferença, em que as pessoas se definem por suas visões, paixões, esperanças e por seus horizontes utópicos, já o professor é um funcionário de um mundo dominado pelo Estado e pelas empresas; entidade administrada, gerenciado segundo a sua excelência funcional, excelência esta julgada sempre a partir dos interesses dos sistemas. Dentro desta visão, nos perguntamos: Será que o profissional não é um corpo que sonhava e que foi transformado em ferramenta? As ferramentas são úteis e necessárias, mas não tem a capacidade de sonhar.
Para Alves (2010), os currículos para a formação de docentes deveriam conter uma matéria que ensinasse o professor a ter compaixão (pathos – sentimento). Em nosso idioma poderíamos entender com empatia (colocar-se no lugar do outro e sentir o que ele sente). Quando o nosso conhecimento é associado à compaixão criamos uma sociedade mais humana, bondosa e que pensa no coletivo e não no individual. Precisamos de um currículo que ensine ao ser humano a conhecer as suas virtudes e que somos seres sociáveis. Infelizmente, os conteúdos programáticos nos ensinam em como obter e conquistar o mundo de fora, mas não nos ensina a conquistar o mundo de dentro. Ensinam uma época situacionista gerando um pragmatismo em vários rincões sociais, mas não ensinam os alunos uma postura ética e moral.
Outro requisito imprescindível na formação continuada do docente é compreender os processos educacionais, porém trata-se de uma tarefa árdua e complexa uma vez que estamos diante de uma sociedade em constante transformação e as instituições de ensino não estão alijadas desse contexto, ao contrário, influenciam e são influenciadas por essas mudanças, desta forma é necessário que se implemente um movimento de formação que seja investigativo e que auxilie o professor a compreender a realidade posta e suas implicações ao campo da educação.
A educação deve ser como uma rede sui generis de difusão de um conhecimento valioso para uma sociedade que vive em constante mutação, pois para transformar os conteúdos em nutrientes das capacidades do alunato, precisamos: estabelecer conexões interdisciplinares possíveis entre as diversas áreas do saber; conscientizar sobre temas e problemas que afetam todo o mundo globalizado e analisar e avaliar as contribuições mais destacadas para o progresso humano.
É proeminente, que o professor assuma, de fato, a postura de pesquisador, mas, que o seu objeto de estudo ultrapasse as barreiras compartimentadas de cada área, para um tecido mais amplo, social e conjuntural, baseado em uma abordagem que se entrelace à outras áreas de conhecimento, e abra o diálogo entre campos distintos, advogando portanto, por uma formação permanente e ao longo de toda a vida que contemple esses fatores.
Vale salientar que o saber dos professores não é um conjunto de conteúdos cognitivos definidos de uma vez por todas, mas um processo em construção ao longo de uma carreira profissional na qual o professor aprende progressivamente a dominar seu ambiente de trabalho ao mesmo tempo em que se insere nele e o interioriza por meio de regras de ação que se tornam parte integrante de sua consciência prática.
Nóvoa (1999) chama a atenção para a necessidade de se implementarem ações de formação articuladas com a prática pedagógica, estabelecendo a relação teoria e reflexão sobre a prática. Investir na formação continuada do professor dentro do seu ambiente de trabalho reflete um movimento que busca compreender a formação como processo reflexivo e justifica-se na medida em que “os problemas da prática profissional docente não são meramente instrumentais; todos eles comportam situações problemáticas que obrigam a decisões num terreno de grande complexidade, incerteza, singularidade e de conflito de valores”.
Na opinião de Perrenoud (2000), neste novo cenário, o educador contemporâneo precisa desenvolver 10 (dez) competências para que alcance êxito no processo ensino-aprendizagem. Vejamos algumas: 1) conceber e fazer ouvir os dispositivos de diferenciação – o professor contemporâneo deve estar atento a esta habilidade para garantir o desenvolvimento de seu aluno como um ser ativo e cidadão que consegue cooperar para a evolução de si mesmo e do outro; 2) envolver os alunos em suas atividades e trabalhos; 3) utilizar novas tecnologias e administrar sua própria formação contínua, pois a vivência em educação exige do professor essa consciência do saber conhecer, para saber de forma que nos leve a saber a viver junto, e atingirmos o estágio de saber a ser.
Para Demo (1993), a docência da melhor qualidade se constitui a partir de cinco dimensões da competência que o professor deve desenvolver, são elas: dimensão profissional que deve dominar com propriedade sua área de atuação, a dimensão humana que podemos enfatizar as relações interpessoais, a dimensão ética que se relaciona com o respeito e solidariedade, um bem coletivo, dimensão social-politica, que podemos enfatizar os trabalhos de construção coletiva da sociedade e o exercício dos direitos e deveres, dimensão didático-pedagógica, que envolve o domínio dos processos de ensino aprendizagem, suas metodologias.
Se realmente acreditamos na Educação, precisamos investir mais nos docentes e na educação para que assim venhamos a ter uma sociedade mais justa, igualitária, livre e consciente ao exercer os seus direitos e deveres de cidadão, pois educar é muito mais do que preparar alunos para fazer exames, é ajudar as pessoas a entenderem o mundo e a se realizarem como pessoas, muito para além do tempo de escolarização.

Referências Bibliográficas
·         ALVES, Rubem. Conversas sobre Educação. São Paulo: Vírus, 2003.
·         _____. Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo: Prós, 2004.
·         CANDAU, V. M. Tecendo a Cidadania: Petrópolis: Vozes, 1996
·         CURY, Augusto. Análise da Inteligência de Cristo: O Mestre dos Mestres. São Paulo: Academia de Inteligência, 2006.
·         DEMO, Pedro. Desafios Modernos da Educação. Petrópolis: Vozes, 1993.
·         LIBÂNEO, José Carlos.  Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. São Paulo: Cortez, 2000.
·         NÓVOA, A. Concepções e práticas de formação contínua de professores. In: Formação Contínua de Professores: Realidades e Perspectivas. Aveiro: Universidade de Aveiro, 1991.
·         _____. Os professores e a sua formação. Portugal: Porto, 1992.
·         PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
·         TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.

quinta-feira, 23 de julho de 2015


A Morte na Panela


“E, voltando Elizeu a Gilgal, havia fome naquela terra, e os filhos dos profetas estavam assentados na sua presença; e disse ao seu servo: Põe a panela grande ao lume, e faze um caldo de ervas para os filhos dos profetas. Então um deles saiu ao campo a apanhar ervas, e achou uma parra brava, e colheu dela enchendo a sua capa de colocíntidas; e veio, e as cortou na panela do caldo; porque não as conheciam. Assim deram de comer para os homens, e sucedeu que, comendo eles daquele caldo, clamaram e disseram: homem de Deus, há morte na panela. Não puderam comer. Porém ele disse: Trazei farinha. E deitou-a na panela, e disse: Dai de comer ao povo. E já não havia mal nenhum na panela”. (II Rs 4:34-41)


            Meditando no texto acima, percebo o quanto atravessamos dias semelhantes ao vivido pelo profeta Elizeu, pois diante de tanta cristandade, movimentos religiosos, seminários e conferências, é perceptível a fome espiritual que estamos vivendo. O texto nos diz que “havia fome naquela terra”. Lógico que no texto, a fome era literal, as pessoas não tinham o que comer, suas necessidades básicas não estavam sendo saciada, chegando a desfalecer.
            Aplicando ao lado espiritual contemplamos pessoas desnutridas, raquíticas e com deficiência no desenvolvimento de suas habilidades, pois estão com fome. Desnutridas, pois não se alimentam das vitaminas essenciais e sim de enlatados, conservas e fast-foods; raquíticas, pois sua dieta espiritual se concentra apenas aos domingos e existe uma negligência quanto ao estudo da Bíblia. Esta fome está evidenciada pela pobreza das mensagens que se resumem a frases de efeito.
            Para John Piper vivemos em uma triste época onde a falsa teologia da prosperidade tornou níveis que nunca imaginaríamos. As pregações hoje deturpam textos bíblicos, são regadas de emocionalismo e falsas profecias.
            Outro fator interessante no texto é que os filhos dos profetas em vez de colher ervas, pegaram colocíntidas, o texto diz: “porque não as conheciam”. A Falta de conhecimento nos leva a cometer grandes equívocos e colocar muitos em perigo. A Colocíntida era trepadeira ornamental de flores com corola amarela, e frutos com manchas amarelas e verde-escuras, de várias formas, se caracterizando por ser venenoso e de sabor amargo. Quem sabe os mesmos se sentiram atraídos pelo colorido das flores e não atentaram para o sabor ou o conteúdo escondido diante de tanta exuberância. Infelizmente vivemos uma época onde as pessoas não sabem diferenciar certo e errado, verdade e falso, evangelho de pseudo-evangelho. John Piper nos diz: “Esse lixo de teologia tem destruído muitas mentes. Muitas pessoas têm sido levadas a cair nestes enganos. Até mesmo muitos cristãos maduros têm resíduos deste fermento herético em suas massas”. Falta conhecimento bíblico e teológico. A Falta de discernimento espiritual nos leva a valorizar o invólucro, a embalagem, aquilo que o marketing produz e esquecemo-nos de atentar para o conteúdo.
            Como resultado do engano cometido pelos filhos dos profetas um alimento que era para saciar a fome passou a ter morte. O texto nos diz que “existia morte na panela”. Toda a esterilidade eclesiástica, corrupção nos guetos evangélicos e escândalos envolvendo ministérios são indícios de morte na panela. A Morte foi gerado pela substituição de um ingrediente que era para alimentar, em vez de ervas; colocíntidas. Toda esta crise evidenciada no cristianismo tem suas origens no alimento que estamos fornecendo. Diante da fome, precisamos dar o verdadeiro alimento.
            Na opinião do Rev. Hernandes vivemos hoje um evangelho híbrido, sincrético e místico. Diante deste prisma a Bíblia é usada de maneira mágica para sustentar as heresias de pastores ensandecidos, que buscam a todo custo o lucro e a promoção pessoal.
            A solução para retirar a morte que ronda a igreja hodierna é a farinha. O Profeta Elizeu mandou que colocasse farinha na panela. A Farinha aqui é literal, mas em seu sentido figurado representa a palavra de Deus; sendo assim, a solução para extirpar este câncer que anda matando a igreja e a quimioterapia chamada Palavra de Deus.
            Deus e a sua infalível palavra deve ser a centralidade do culto.
            Indubitavelmente, precisamos voltar para a leitura da palavra. É necessário investir no estudo sistemático das Escrituras e priorizarmos a pregação expositiva em nossos cultos.

quinta-feira, 16 de julho de 2015


A Inveja e seus Males

 
            A Bíblia apresenta a história do povo hebreu e o relacionamento entre si e com Deus, bem como a plano da salvação; nestes pormenores de relacionamento interpessoal, alguns sentimentos vão aflorando, uns ruins e outros bons.
            Logo no primeiro livro da Bíblia encontramos o primeiro homicídio. A triste história de Caim e Abel. O relato nos mostra que ambos ofereceram sacrifício a Deus, mas Deus atentou para a oferta de Abel e rejeitou a oferta de Caim. Aqui percebemos a primeira inveja, pois quando Caim viu que a oferta de Abel foi aceita e a sua não, começou a invejar seu irmão. Este sentimento é tão pernicioso que age internamente tomando os porões da nossa consciência, desenvolvendo a falsidade, pois a pessoa tomada pela inveja, muitas vezes não a admite.
            Caim chegou a ponto de matar seu irmão, pois ela difícil conviver com esta inferioridade gerada por si mesmo. Aqui entra o primeiro engodo, pois Caim pensava que liquidando seu irmão estava acabando com a inveja; é a inveja que precisa sair de nós.
            Em nossos dias não é diferente, pois constantemente as pessoas invejam o casamento das outras, o trabalho, e o ministério. A inveja, além de ter a sua origem no Diabo é germinada em pessoas que não sabem lhe dar com o crescimento do próximo e com o sucesso das pessoas; em sua grande maioria são pessoas que não lutam, vivem a mercê da sorte ou injustiçadas com a aparente contradições da vida. O sábio Salomão chegou a declarar que inveja apodrece os ossos (Pv 14:30). É um câncer que vai destruindo a vida das pessoas, impedindo-as de serem felizes e de conviver em harmonia com as pessoas. Paulo, em sua epístola enfatiza que a inveja é obra da carne, e os que cometem tal coisa não herdarão o reino de Deus (Gl 5:21).
            Um outro relato bíblico que percebemos este sentimento e o de José com seus irmãos. Os irmãos de José o invejavam tanto que o venderam a uma caravana de ismaelistas e mentiram para seu pai sobre o seu paradeiro. Lutaram tanto para se livrar de José e depois viveram atormentados com uma mentira que não podia compartilhar com ninguém. Viveram presos a um problema que preferiram vender a resolver. O problema não era José e sim a maneira como eles observavam a vida. Este problema dos irmãos de José afetou toda a família, fazendo-os a viver uma vida cheia de intriga, doentia e amarga.
            As pessoas estão tão inebriadas com o câncer da inveja, lamuriando-se com seus fracassos e estado de miséria que se recusam a acreditar que o problema está nas suas decisões erradas e a maneira insana de viver e enxergar a vida. Que venhamos a aprender a exorcizar os fantasmas que criamos e nos assombram para desfrutar da beleza da vida em sociedade.
            O que dizer do sentimento que Saul passou a ter de Davi após a luta com o gigante Golias. A Bíblia relata que Saul ficou indignado com os cânticos que as pessoas entoavam quando Davi venceu o gigante. A partir deste momento, Saul procurou matar Davi, pois a inveja o dominava. Ele sabia que Davi seria seu substituto e estava tirando sua popularidade com o povo.
            Este sentimento de tristeza diante do que o outro tem e é tem destruído muitas pessoas e porque não dizer líderes. Vivemos num contexto, onde vigora uma visão predatória e de competição em que o destaque no ministério ou na empresa gera desconforto em muitas pessoas. Este desconforto gera nas pessoas um sentimento de inferioridade levando-as a maltratarem e diminuírem as outras pessoas para se sentirem no mesmo nível, e até mesmo melhor. Davi, teve duas oportunidades para acabar com Saul com a espada, mas não o fez, pois entendia que a unção de Deus estava sobre Saul.
            Ao se tratar de invejosos, não podemos revidar, mas sim orar e ajudar, pois são pessoas que precisam de ajuda. Tiago nos adverte que onde existe inveja e espírito faccioso, existe perturbação e toda obra perversa (Tg 3:16).
            Não nos esqueçamos que o nosso maior exemplo, JESUS, foi entregado para ser julgado e crucificado por inveja (Mt 27:18). Aprendamos com Ele. Podem crucificar e matar, mas Deus ressuscita e o exalta soberanamente.

terça-feira, 7 de julho de 2015


Verdades Missionárias em Atos 13

 
Um dos maiores missionários do Novo Testamento, o apóstolo Paulo, indubitavelmente nos ensina com suas atitudes, escritos e a maneira como executava a obra de Deus. Diante de tantos desafios missionários, preme que olhemos para a vida deste arauto do evangelho e aprendamos com ele a viver incondicionalmente pela causa máxima de um chamado: desempenhar com excelência o ministério recebido do Senhor.
O grande apóstolo dos gentios nos ensina em Atos 13 que Deus é que comissiona para a obra missionária. O texto bíblico nos revela que estavam eles servindo ao Senhor, quando o Espírito Santo disse: “Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra que eu os tenho chamado”. O comissionamento divino é imprescindível no envio de missionários.
Um dos homens mais preparados do Novo testamento está sendo comissionado por Deus para gastar a sua vida fazendo missões. Talvez, em nossos dias, muitos não enviariam Paulo ao campo, pois este era o grande teólogo e ensinador, mas também um grande desbravador para levar o evangelho aos gentios.
Infelizmente falta critério no envio de missionários hoje, estatísticas nos mostram que mais de 50% dos que são enviados ao campo, não voltam trazendo seus molhos, mas sim frustrações e decepções. O próprio Jesus nos disse para orarmos ao Senhor da seara para que mande trabalhadores; o que aprendemos aqui é que Deus designa trabalhadores aos campos missionários.
Em Atos 13, Paulo nos ensina que precisamos ser enviado ao campo. O texto nos diz que “depois de jejuarem e orarem, puseram sobre eles a mãos, e os despediram”. Isso nos evidencia que Paulo saiu com as bênçãos do ministério e de sua igreja. É necessário que o missionário seja enviado. Willian Carey, pai das missões modernas, quando estava sendo enviado disse: “estou descendo em busca de almas, mas vocês precisam segurar a corda”. Quando a igreja envia missionário existem algumas verdades que precisamos considerar.
Quando a igreja envia, ela deve-se comprometer com o missionário. O comprometer significa dar todo o apoio que o enviado precisa para o bom funcionamento da obra de Deus, mormente em orações e financeiramente. Um dos grandes males é que muitas igrejas depois de enviar missionários, o abandona no campo e não honra os compromissos financeiros.
Outro ponto a considerar é que o missionário passa a ser o representante da igreja no campo. O fato da igreja orar e impor as mãos implica em delegar autoridades e poder para ser o representante da igreja no campo missionário. Este ato é importantíssimo, pois o missionário é enviado debaixo das bênçãos ministeriais e eclesiásticas, suporte necessário no campo.
Infelizmente não sabemos, quanto tempo durou entre o comissionamento e o envio de Paulo, mas o certo é que precisamos entender que entre o comissionamento e o envio necessita de preparo. Paulo era um homem preparado e versado nas leis, mas precisava de estratégias missionárias.
Hoje não é diferente, Deus vocaciona, a igreja envia, mas o enviado deve se preparar. Temos várias escolas de cunho missiológico para que o vocacionado vem se preparar teologicamente, biblicamente e culturalmente. Quando não existe o preparo e etapas são queimadas pode comprometer todo o processo e os planos serem frustrados, mormente em missões transculturais onde ocorrem os “choques culturais”, a barreira do idioma ou dialetos e a não adaptação do missionário no campo.
Precisamos sim, orar pedindo Deus para vocacionar obreiros, preparar candidatos para o exercício missionário e posteriormente enviar aos campos que estão brancos para a ceifa. Existem vários desafios missionários; o maior deles é a janela 10-40, composta por 62 países, 2.3 bilhões sem conhecimento de Cristo, 97% dos povos não alcançados, 99% dos pobres menos evangelizados do mundo.
Hudson Taylor nos diz que "a obra de Deus começa difícil, torna-se impossível e então é feita".
            Façamos missões enquanto é dia, pois a noite vem enquanto ninguém pode trabalhar.

segunda-feira, 25 de maio de 2015


Implicações Teológicas em Atos 1:8


            Vejamos o que nos diz a versão do Novo Testamento Grego Interlinear: “Mas recebereis poder descendo o Santo Espírito sobre vós e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até a extremidade da terra”.
            A primeira expressão a destacar é a palavra poder. Sobre o termo “poder”(dunamis), Vine nos fala que “relativamente  denota habilidade, aptidão para executar qualquer coisa, poder para trabalhar e levar algo a efeito”. Para Champlin, “o vocábulo grego aqui traduzido por poder, é dunamis, de onde se origina a palavra dinamite, dando a idéia de força e energia e até mesmo dinamismo”.
Diante de tais conceitos, deduzimos que este revestimento de poder, traz-nos a idéia de alguém que adquiriu atributos ou características especiais. Este poder traz dinamismo, autoridade e ousadia na vida das pessoas. E é isto mesmo que os mensageiros do reino precisam para alcançar progresso nas boas novas em um mundo hostil. É necessário entender que o poder de Deus é imprescindível na vida de todo aquele que tem a responsabilidade de propalar o Evangelho do Reino. Fica evidente, a partir do versículo em questão, que esta tarefa é confiada a seres humanos muito falíveis que nada podem fazer por seu próprio poder, mas que dependem continuamente do poder que lhes é dado pelo Espírito Santo.
Vale ressaltar a importância da expressão testemunhas. Este termo no original “martures”, segundo Champlim, veio tomar o moderno sentido de mártir, pois o vocábulo grego “marturion” é usado no grego koiné para indicar martírio e não mero testemunho, ainda que ordinariamente, signifique testemunho, prova ou evidência. Vine, vai dizer que este termo denota “aquele que pode declarar ou declara o que viu, ouviu ou soube, isto dando testemunho com sua morte”.
Depois de estudar este termo, o que fica claro é que o verdadeiro discípulo de Jesus tem tanta convicção da verdade que pulsa em seu coração que está disposto a morrer por ela. Esta é a suma dada por Lucas, pois o Mestre acreditava tanto em sua missão que morreu por ela. Nós, como seus fiéis discípulos precisamos ter convicção de nossa missão para que possamos, se possível for, confirmar nossa pregação com nosso sangue.
Os apóstolos levaram o IDE de Jesus a sério. Eles realmente encarnaram a Palavra da Cruz. Eles decidiram morrer, mas não deixaram de anunciar o encargo que estava sobre seus ombros. Vejamos o fim dos tais: “Simão Pedro foi crucificado de cabeça para baixo; André foi crucificado, mas antes foi açoitado; Tiago foi decapitado; João morreu naturalmente aos 103 anos; Judas foi Martirizado na Pérsia; Felipe foi Apedrejado, morreu coberto de sangue com a mão sobre o peito; Bartolomeu foi esfolado; Mateus foi Martirizado na Etiópia; O incrédulo Tomé foi Mártir na Etiópia com flechas cravadas no corpo; O mestre amado Lucas foi enforcado; Marcos foi arrastado pelas ruas de Alexandria até expirar e Paulo foi Apedrejado e decapitado”.
A vida e a morte de muitas pessoas dependem de nosso testemunho. Paulo, um dos maiores ícones missionários do Novo Testamento, encarnou bem esta verdade que chegou a dizer: “Se anuncio o evangelho não tenho de que me gloriar, pois me é imposta esta obrigação e ai de mim se não anunciar”. A vida deste apóstolo só tinha sentido de se viver se estivesse efetuando a obra de Deus.
Outra implicação é a expressão “tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia, e Samaria e até os confins da terra”. O que Jesus queria enfatizar é que não era para valorizar mais uma em detrimento da outra, e sim que a obra missionária tem de ser proporcional; não pode haver atrito entre missões nacionais e missões estrangeiras. A obra missionária deve ser feita o mais simultaneamente possível, precisamos nos preocupar com os becos da cidade (Lc 14:21); com toda a cidade (Lc 9:6); com todas as nações (Mt 28:19) e com todo o mundo (Mc 16:15).
A passagem bíblica em questão nos leva a meditar que a obra missionária deve romper fronteiras. O desejo de ganhar almas e cumprir o propósito de Deus em nossas vidas deve ser maior do que qualquer barreira geográfica, cultural, religiosa, étnica e social.
A Igreja primitiva entendeu a urgência da obra missionária, por isso alcançou o mundo todo daquela época. Que Deus desperte a igreja hodierna baseado em Atos 1:8 para fazer Missões, pois Missões está no coração de Deus.

sábado, 16 de maio de 2015


Paulo um Exemplo Missionário
 
 
  
            Vivemos em pleno século XXI, século marcado pelas grandes descobertas, pelos avanços tecnológicos e muitas mudanças no âmbito social, político e religioso. Na atualidade, encontramos pessoas mais independentes, materialistas e consumistas querendo construir seu império nesta terra e esquecendo-se que a vida não é para sempre; estamos aqui só de passagem.
            As igrejas por sua vez, vivendo um cristianismo cada vez mais pobre e sem compromisso com os perdidos. Observamos o grande paradoxo vivido pela igreja hodierna; boa parte da liderança constrói templos cada vez mais suntuosos enquanto o investimento no campo missionário é pífio. Nunca houve tantos pastores com alto poder aquisitivo enquanto o missionário é um chamado quase inexistente. A moda hoje é ser pastor presidente ou itinerante. Está faltando missionário do calibre do apóstolo Paulo.
            Buscando nas páginas da Bíblia, mormente na vida do Apóstolo Paulo, convido-vos a meditar em alguns pormenores que precisamos resgatar para que o nosso viver e a nossa igreja desemboque em Missões.
            Paulo nos ensina que ser chamado por Deus implica em ouvir e obedecer a sua voz. Em vários momentos de seu ministério é perceptível a sensibilidade paulina à voz divina. Em Atos 13 ele ouviu o Espírito o separando para a obra missionária; em sua segunda viagem missionária entendeu que o Espírito Santo estava impedindo-o de ir para região da Ásia. A grande lição é que uma vez chamado por Deus, precisamos deixá-lo reger a nossa vida. Infelizmente vivemos dias em que as pessoas estão ouvindo outras vozes e não a de Deus, pessoas estão deixando o dinheiro, a fama e os holofotes regerem sua vida; urge que venhamos ouvir a voz de Deus. O grande brado de Deus neste século continua sendo o mesmo escutado por Isaías: “A quem enviarei, quem há de ir por nós?”
            Outra grande lição do apóstolo dos gentios é o sentimento pelos perdidos. Em At 17, quando estava em Atenas, seu espírito se comovia ao ver a cidade tão entregue a idolatria. Paulo tinha uma chama em evangelizar e ganhar almas para Cristo. Um dos grandes males em nossos dias é a apatia no que tange aos perdidos. Contemplamos a violência dizimando pessoas todos os dias e não ficamos comovidos; presenciamos a droga destruindo vidas e famílias e não nos sensibiliza. Este século tem sido marcado pelo suicídio, pelos assassinatos e enésimos distúrbios psíquicos, no entanto; isto não faz uma lágrima sequer rolar de nossos olhos. Precisamos ter este sentimento que é fundamental na obra missionária. Que venhamos fazer a mesma oração de Jeremias: “Oxalá que minha cabeça se tornasse em água e os meus olhos em fontes de lágrimas, para chorar de dia e de noite os mortos da filha do meu povo”.
            A visão missionária de Paulo contribuiu grandemente para o avanço do Evangelho. A visão de Paulo no que tange à missões era simples; empreender viagens missionárias, plantar igrejas, treinar líderes locais e escrever cartas para a edificação das mesmas. Em seu labor missionário, Paulo empreendeu três viagens missionárias, passando por lugares estratégicos, fundando igrejas e ensinando as escrituras. Em nossos dias temos um gasto excessivo com missionários que ficam muitos anos no campo e não treina líderes e nem estruturam igrejas nas escrituras. Uma estatística revela que de cada 10 missionários enviados, 6 voltam frustrados e desamparados pela sua igreja. Precisamos repensar a nossa missiologia; precisamos aprender com Paulo a fazer missões. Mateus em seu relato foi enfático ao dizer que o ide está associado ao ensino das Escrituras.
            Deus conta conosco para uma grande obra, que venhamos despertar de nossos sonhos, abrir mão de nossos projetos e nos apaixonar com aquilo que fez Deus se tornar humano e morrer na cruz do calvário... Almas. Que nossa oração venha ser a mesma de John Ryde, missionário que ganhou 100 mil indianos para Cristo: “Dai-me almas, senão eu morrerei”.

           

sexta-feira, 8 de maio de 2015


Deserto – A Pedagogia Divina


            Olhando algumas passagens da Bíblia sobre o Deserto, vejo o quanto Deus gosta deste lugar para forjar pessoas para uma grande obra. Vejamos que Moisés viveu 40 anos sendo preparado para liderar um povo; Paulo passou pelo Deserto da Arábia para se tornar o grande apóstolo de Cristo. O que dizer de Elias que passou pelo Ribeiro de Querite?
Por que um lugar tão inóspito, adverso, de temperaturas elevadas, cheio de animais peçonhentos é o lugar predileto de Deus preparar obreiros de valor. Abraham Lincoln pode dizer que a pedagogia de Deus dói, mas funciona.
Vamos pegar primeiramente o profeta Elias que fez proezas em Israel em nome de Deus; quando Deus o manda para o Ribeiro de Querite, Deus tinha propósitos. A Palavra Querite significa “cortar na forma correta”, ou seja, tirar as arestas. Neste ribeiro o profeta estava sozinho e passou necessidade sendo alimentado através de corvos que levavam comida. A moral da história é que precisamos confiar que temos um Deus provedor e que usa as coisas e seres mais improváveis para o nosso sustento.
A grande lição aqui é que antes de fazer fogo cair do céu e matar profetas de Baal, antes de mostrar a Israel o verdadeiro Deus, antes de ungir seu sucessor Elizeu é necessário ter um Querite em nossa vida, um lugar que mude o nosso caráter para que venhamos ser verdadeiramente homens de Deus. Aqui é o lugar de nos preparar para uma obra ainda maior. O nosso ministério será reconhecido e marcado pelo deserto que passamos.
Na história de Moisés, é interessante notar que mesmo depois de 40 anos no Egito, Deus ainda prepara Moisés por mais 40 anos no Deserto cuidando de ovelhas quando um belo dia é traído por uma sarça que ardia em fogo e não se consumia. Duas coisas acontecem quando estamos no deserto da provação; uma é entender a nossa dependência de Deus e a outra e ter as maiores revelações de nosso ministério. Moisés naquele deserto de Midiã teve uma experiência que mudou a sua vida para sempre. Aquela experiência transformou Moisés criador de rebanhos em um grande líder e de um assassino em um grande libertador.
Infelizmente vivemos em uma época em que as pessoas não querem se submeter à pedagogia divina, e por isso vivenciamos tanta escassez de visão na liderança, falta de experiências genuinamente bíblicas. Existem revelações que se encontram na solidão do deserto, diante de animais peçonhentos e nas situações mais adversas de nossa vida.
Paulo, o grande apóstolo dos gentios, um dos homens de maior proeminência no Novo Testamento teve o grande deserto da Arábia em sua vida. O que destaco deste deserto é o anonimato. Imagine naquela época o maior perseguidor dos cristãos Saulo, agora era crente e pregava o evangelho. Neste momento Deus o leva para o deserto para trabalhar em sua vida. Vivemos a época das celebridades e dos grandes artistas “gospel”, onde a fama e o sucesso estão acima de tudo e muitos ainda ostentam a “ex” vida de sucesso do mundo. Algumas coisas são visíveis na conversão de Saulo; primeiro cai do cavalo e depois fica cego. Depois Deus tira Paulo dos holofotes e o leva para o anonimato do deserto.
O Pr. Claudionor de Andrade proferiu certa vez que “a fama esculpe ídolos, mas a unção forja profetas”. Este foi o grande diferencial na vida de Paulo, foi forjado por Deus no Deserto para ser um missionário que fundou várias igrejas, delegou autoridade a presbíteros e escreveu várias epístolas objetivando fortalecer e edificar as igrejas no Evangelho.
Diante do exposto, vemos que os homens que fizeram a diferença em seu tempo foram homens que viveram e experimentaram o deserto em sua vida. O deserto ainda continua sendo o lugar predileto de Deus para forjar obreiros para sua seara. Que venhamos conhecer a pedagogia de Deus – O Deserto.

 

 

 

sexta-feira, 24 de abril de 2015


O Cuidado com o Altar

 
            O texto sagrado em Mt 24:15 nos diz: "Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda".
            Jesus, ao dirigir estas palavras estava em seu "Sermão Profético", falando de realidades que antecederiam não somente a sua volta, mas também do fim do mundo e da destruição de Jerusalém.
            Esta perícope me chama atenção, pois Jesus nos adverte quanto a abominação no lugar santo. Em vários momentos da história do povo vimos Deus exigindo santidade no altar e na vida coletiva e individual do povo. Num destes episódios encontramos em Levíticos 10 os filhos de Arão; Nadabe e Abiú levando fogo estranho perante o Senhor. O resultado disto foi que Deus os consumiu.
            Este texto nos aponta vários pormenores, ressalto aqui, a procedência do fogo. Naquela época o fogo do altar de holocausto era aceso pelo próprio Deus, portanto para se levar fogo para o Altar de Incenso teria que tirar fogo do Altar do Holocausto. Infelizmente, tem muito fogo estranho no altar; quando me refiro a "fogo estranho", quero conceituar como algo que não provém de Deus, algo que é fabricado pelo homem. Nossas mensagens hoje são frutos de nossos pensamentos e estudos e não mais de uma intimidade com Deus, os louvores são letras compradas no mercado gospel para satisfazer as exigências de uma teologia humana e triunfalista. Contemplamos hoje a profissionalização da pregação, os jargões para levar muitos a uma espécie de bem-estar na alma. É lamentável, mas a cegueira de muitos líderes é tão grande que acham que isto é manifestação divina.
            O texto de I Sm nos lega um episódio sobre os filhos de Eli; Hofni e Finéias que não conheciam ao Senhor e que desprezavam a oferta ao Senhor. Estes estavam cercados de uma liturgia, viviam num ambiente religioso, porém isto era insuficiente para conhecerem ao Senhor e o servisse com temor e tremor.
            O resultado desta dubiedade no viver levou-os a uma morte prematura e ainda a Arca do Conserto foi levada pelos inimigos. É perceptível a síndrome destes homens de Belial em nosso meio. Homens cercados de pompa, de uma religiosidade vazia e fria, uma espirituaridade evidenciada em carisma e não em caráter que andam usando o altar para se promover ou fazer seu nome grande. Estão utilizando da vida sacerdotal para levar vantagem financeira e política. Homens envolvidos com a obra, mas que não conhecem ao Senhor, pastores eclesiológicos, com pensamentos megalomaníacos vivendo uma vida dúbia atrás do altar. Preme que venhamos santificar o altar do Senhor. Precisamos primar mais pelo caráter dos mensageiros do Reino. Estamos permitindo a abominação entrar nos altares pela conveniência dos resultados.
            Jesus nos adverte sobre a entrada da abominação no lugar santo. Estamos contemplando a degradação da ética e da moral, em muitos lugares os valores absolutos do evangelho se tornaram relativos e não se prega mais contra o pecado. Em nome de um "evangelho gospel", permitimos que o altar se torne em palco, que cantores subam em nossos púlpitos com trajes indecorosos e sensuais. Precisamos entender que o altar é lugar de sacrifício, morte e não de sucesso e aplausos.
            O que dizer de muitos pastores que fizeram do altar um balcão de negócios onde se vende os amuletos sagrados para as bênçãos. O que pensar de alguns incipientes ao ministério que no afã de uma "santa obsessão ministerial" abrem mão de valores, sacrificam famílias e usurpam da noiva do cordeiro.
            Deus conta conosco, acredito que cada época tem seus desafios, os covardes e os sinceros cujo zelo pela santidade arde no coração.
            Deus nos chamou para sermos santos; ele exige de seus despenseiros o mais alto padrão de caráter e conduta no ofício do sacerdote. Que venhamos dizer não ao pecado e todas as negociatas escusas e sim para a verdade do Evangelho. Somos responsáveis pelo que acontece no altar da casa do Senhor.

terça-feira, 21 de abril de 2015


Sejam Uma Só Carne. . .

 
         Quando Deus cria o homem é a mulher no jardim do Éden, o grande ideal foi: “seja uma só carne”. Este termo uma só carne traz grandes implicações, incluindo união sexual, geração de filhos, intimidade espiritual e emocional e demonstração de respeito um para com o outro. Muitos investem verdadeira fortunas em seu casamento, viajam em lua de mel, mas voltam em crise.
            Infelizmente, estamos vendo muitos casos de divórcios, no ano de 2010 teve a mais alta taxa de divórcios já registrada, de cada três casamentos, um foi desfeito. O sentimento que une as pessoas tem servido apenas de combustão, mas não gasolina para fazer este grande empreendimento funcionar.
Diante de tais questões, pergunto: Por que pessoas que se amam, durante a vida deixam de se amar?
Por que muitos casamentos se acabam?
            Analisando alguns textos e a própria vivência em aconselhamentos, quero elencar alguns pormenores que fazem toda diferença na vida conjugal.
            Infelizmente muitos casais moram juntos e não se tornam uma só carne por faltar diálogo. Em nossa sociedade de correria, stress e conquistas estamos perdendo a capacidade do diálogo, mormente dentro de nosso lar. Já não priorizamos o culto doméstico, nem mesmo as conversas à mesa em nossas refeições. Tal procedimento tem produzido um grande prejuízo na vida familiar. Vivemos a época das redes sociais; facebook, instagran e whatsapp. Através destes mecanismos temos acesso as informações e acabamos perdendo nossa privacidade. Muitos não estão preparados para esta realidade e ter relacionamentos virtuais passou a ser fácil e um “refúgio” que se torna uma prisão de culpa e remorso diante de seu consorte. Estatísticas mostram que o facebook é citado como motivo de uma a cada três separações no país.
O apóstolo Paulo nos adverte a “aproveitar bem as oportunidades, pois os dias são maus”. Precisamos valorizar o tempo com nosso cônjuge e família.
Outro aspecto a considerar é que muitos se casam, mas não divorciam de seus pais. O texto é bastante claro ao dizer: “deixará pai e mãe e se unirá...”. no casamento é necessário entender a grande dinâmica da vida. Acho lindo a entrada dos nubentes no dia do casamento, onde o pai leva a noiva até a metade do trajeto e o noivo vem buscar a noiva e ambos se despedem dos pais. Esta metáfora é fantástica, pois retrata como deve ser a vida dos casados. É necessário ter uma independência financeira, emocional e material, mas nunca esquecer de honrar. Infelizmente muitos tem compartilhado a intimidade conjugal aos pais expondo as deficiências um do outro ante a família. Na dinâmica do casamento, é necessário entender o limite entre a nossa família e o nosso cônjuge. Lembremo-nos sempre; somos responsáveis pelo casamento que temos.
Muitos casais não se tornam uma só carne, pois não conseguem lhe dar com as verdades ditas pelo cônjuge. Na vida a dois precisamos cultivar a sinceridade e a verdade em nosso relacionamento. As verdades têm um poder curador e libertador. No casamento não podemos lhe dar com mias verdades; precisamos ser franco entendendo sempre que a verdade tem de ser dita com sabedoria e regado com muito amor. Existem pessoas que tem medo de expor para o seu cônjuge as coisas que ferem, que matam e que minam qualquer possibilidade de viver a dois. Se quisermos ter um relacionamento frutífero, precisamos ser leais conosco e com nosso cônjuge. Salomão nos diz que “beijados são os lábios que respondem com verdades”.
Que Deus nos ajude a sermos leais a Ele e ao nosso cônjuge, para que venhamos viver o grande projeto nesta vida: “Ser uma só carne”. Que sejamos íntimos a ponto do coração bater na mesma sincronia. . . onde a dor de um seja sentido pelo outro à distância. . . a alegria seja radiosa e contagiante. . .

sexta-feira, 10 de abril de 2015


Procura-se Trabalhadores para a Ceifa. . .

            Esta tem sido a urgência de nosso tempo. Urgência de ceifeiros. Jesus, em seus sermões salientou para que rogássemos ao Senhor da seara para enviar trabalhadores para a ceifa (Lc 10:2). Em outra passagem, exortou aos discípulos a levantar os olhos, pois os campos estavam brancos para a Ceifa (Jo 4:35).
            Durante o ministério de Ezequiel, o profeta nos mostra que Deus procurou alguém que estivesse na brecha, e a ninguém achou (Ez 22:30). Em nossos dias, a história se repete, de modo que estamos com falta de trabalhadores na obra. Vemos convenções repletas de “obreiros”, púlpitos onde pastores fazem rodízio para se assentar, no entanto estamos com uma falta imensa de obreiros. Como justificar este grande paradoxo?
            Esta urgência de trabalhadores se deve ao fato de vivermos um período dominado pelo sucesso e não pelo triunfo ministerial. Hoje, ministério bem-sucedido se caracteriza por agenda cheia, estabilidade financeira e prosperidade material. Nesta “obsessão santa” pelo sucesso, as pessoas abrem mão de valores éticos e morais e passam a viver numa ilusão de que estão trabalhando na seara do mestre. Quem trabalha para Deus busca glória para Deus e não pra si mesmo (Jo 3:30); divulga Jesus e não seu ministério (II Co 10:12); visa almas e não fama e sua motivação em fazer a obra é os céus e não o enriquecimento (I Pe 5:2). Paulo, o incansável arauto da igreja primitiva, é um dos exemplos clássicos de triunfo ministerial, vejamos: “recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos uma. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo (II Co 11:24-25). O Rev. Hernandes Lopes disse que as pessoas amam a obra, mas não o seu dono. Que nossas motivações venham ser alinhadas de acordo com a Palavra de Deus.
            Esta urgência de obreiros está no fato de termos muitos que estão apenas envolvidos com a obra e não comprometidos. Encontramos em várias esferas, pessoas que acostumaram a fazer determinadas coisas, mas que infelizmente perderam a motivação inicial, vivendo quase que no piloto automático. Os envolvidos vão à igreja, mas não adoram e nem prestam culto, os envolvidos amam a teoria, mas não a práxis cristã. Vivemos a época da pregação mecânica. O comprometimento vem quando amamos Deus acima de todas as coisas, quando os sonhos de Deus se tornam o nosso sonho e quando aceitamos sem ressalvas a vontade de Deus em nossa vida. Os envolvidos acabam caindo em um ativismo religioso como a igreja de Éfeso que fazia de tudo, mas não tinha a motivação que era o amor. A Igreja de Éfeso sofria as tribulações, testavam os apóstolos, no entanto, foi tenazmente repreendida por Jesus, pois faltava amor. Em nossos dias contemplamos esta síndrome destruindo as pessoas, fazem por que são obrigadas ou alguém está vendo. Nossa necessidade é de obreiros servos e fiéis que se deixam gastar pela obra do mestre.
            Esta urgência de obreiros está no fato de termos muitos que amam o título e não o desempenho da função. A Bíblia nos fala que foi Deus que escolheu uns para Evangelistas, Apóstolos, Profetas, Pastores e Mestres para a edificação do Corpo de Cristo. Cada um destes títulos traz uma grande missão a desenvolver, mas infelizmente em nossos dias existe muito mais uma hierarquia ministerial do que funções diversas dentro do ministério. Lembremo-nos do apóstolo Paulo em sua missiva à igreja de Corinto dizendo: “ora, há diversidade de ministérios, mas é o Senhor que opera”. Estamos com falta de servos fiéis que cumpram com excelência seu ministério. Estevão foi um diácono que serviu a Jesus ratificando com seu sangue todo ardor ministerial aos ser o primeiro mártir da igreja primitiva; Felipe foi um evangelista que ouvia a voz de Deus a ponto de sair de uma metrópole e ir ao caminho deserto por causa de uma alma que necessitava ouvir o evangelho. João, o apóstolo do amor foi parar na Ilha de Patmos por ser fiel à palavra do Senhor. Paulo era um missionário, pastor e mestre que incansavelmente batalhou pela excelência do ministério confiado a ele.
            Estamos com falta destes obreiros, obreiros que gastam e se deixam gastar na obra do mestre... obreiros que pregam todo o designo de Deus... obreiros que conheçam o valor de uma alma... obreiros que entendem a urgência da obra... obreiros que tenham olhos e ouvidos abertos... obreiros cujo coração sejam inflamados pela vocação e não pelo tilintar das moedas... obreiros que amem a Deus acima de todas as coisas...
            Roguemos sim a Deus, para que envie estes obreiros para sua Seara!