A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

sexta-feira, 24 de abril de 2015


O Cuidado com o Altar

 
            O texto sagrado em Mt 24:15 nos diz: "Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda".
            Jesus, ao dirigir estas palavras estava em seu "Sermão Profético", falando de realidades que antecederiam não somente a sua volta, mas também do fim do mundo e da destruição de Jerusalém.
            Esta perícope me chama atenção, pois Jesus nos adverte quanto a abominação no lugar santo. Em vários momentos da história do povo vimos Deus exigindo santidade no altar e na vida coletiva e individual do povo. Num destes episódios encontramos em Levíticos 10 os filhos de Arão; Nadabe e Abiú levando fogo estranho perante o Senhor. O resultado disto foi que Deus os consumiu.
            Este texto nos aponta vários pormenores, ressalto aqui, a procedência do fogo. Naquela época o fogo do altar de holocausto era aceso pelo próprio Deus, portanto para se levar fogo para o Altar de Incenso teria que tirar fogo do Altar do Holocausto. Infelizmente, tem muito fogo estranho no altar; quando me refiro a "fogo estranho", quero conceituar como algo que não provém de Deus, algo que é fabricado pelo homem. Nossas mensagens hoje são frutos de nossos pensamentos e estudos e não mais de uma intimidade com Deus, os louvores são letras compradas no mercado gospel para satisfazer as exigências de uma teologia humana e triunfalista. Contemplamos hoje a profissionalização da pregação, os jargões para levar muitos a uma espécie de bem-estar na alma. É lamentável, mas a cegueira de muitos líderes é tão grande que acham que isto é manifestação divina.
            O texto de I Sm nos lega um episódio sobre os filhos de Eli; Hofni e Finéias que não conheciam ao Senhor e que desprezavam a oferta ao Senhor. Estes estavam cercados de uma liturgia, viviam num ambiente religioso, porém isto era insuficiente para conhecerem ao Senhor e o servisse com temor e tremor.
            O resultado desta dubiedade no viver levou-os a uma morte prematura e ainda a Arca do Conserto foi levada pelos inimigos. É perceptível a síndrome destes homens de Belial em nosso meio. Homens cercados de pompa, de uma religiosidade vazia e fria, uma espirituaridade evidenciada em carisma e não em caráter que andam usando o altar para se promover ou fazer seu nome grande. Estão utilizando da vida sacerdotal para levar vantagem financeira e política. Homens envolvidos com a obra, mas que não conhecem ao Senhor, pastores eclesiológicos, com pensamentos megalomaníacos vivendo uma vida dúbia atrás do altar. Preme que venhamos santificar o altar do Senhor. Precisamos primar mais pelo caráter dos mensageiros do Reino. Estamos permitindo a abominação entrar nos altares pela conveniência dos resultados.
            Jesus nos adverte sobre a entrada da abominação no lugar santo. Estamos contemplando a degradação da ética e da moral, em muitos lugares os valores absolutos do evangelho se tornaram relativos e não se prega mais contra o pecado. Em nome de um "evangelho gospel", permitimos que o altar se torne em palco, que cantores subam em nossos púlpitos com trajes indecorosos e sensuais. Precisamos entender que o altar é lugar de sacrifício, morte e não de sucesso e aplausos.
            O que dizer de muitos pastores que fizeram do altar um balcão de negócios onde se vende os amuletos sagrados para as bênçãos. O que pensar de alguns incipientes ao ministério que no afã de uma "santa obsessão ministerial" abrem mão de valores, sacrificam famílias e usurpam da noiva do cordeiro.
            Deus conta conosco, acredito que cada época tem seus desafios, os covardes e os sinceros cujo zelo pela santidade arde no coração.
            Deus nos chamou para sermos santos; ele exige de seus despenseiros o mais alto padrão de caráter e conduta no ofício do sacerdote. Que venhamos dizer não ao pecado e todas as negociatas escusas e sim para a verdade do Evangelho. Somos responsáveis pelo que acontece no altar da casa do Senhor.

terça-feira, 21 de abril de 2015


Sejam Uma Só Carne. . .

 
         Quando Deus cria o homem é a mulher no jardim do Éden, o grande ideal foi: “seja uma só carne”. Este termo uma só carne traz grandes implicações, incluindo união sexual, geração de filhos, intimidade espiritual e emocional e demonstração de respeito um para com o outro. Muitos investem verdadeira fortunas em seu casamento, viajam em lua de mel, mas voltam em crise.
            Infelizmente, estamos vendo muitos casos de divórcios, no ano de 2010 teve a mais alta taxa de divórcios já registrada, de cada três casamentos, um foi desfeito. O sentimento que une as pessoas tem servido apenas de combustão, mas não gasolina para fazer este grande empreendimento funcionar.
Diante de tais questões, pergunto: Por que pessoas que se amam, durante a vida deixam de se amar?
Por que muitos casamentos se acabam?
            Analisando alguns textos e a própria vivência em aconselhamentos, quero elencar alguns pormenores que fazem toda diferença na vida conjugal.
            Infelizmente muitos casais moram juntos e não se tornam uma só carne por faltar diálogo. Em nossa sociedade de correria, stress e conquistas estamos perdendo a capacidade do diálogo, mormente dentro de nosso lar. Já não priorizamos o culto doméstico, nem mesmo as conversas à mesa em nossas refeições. Tal procedimento tem produzido um grande prejuízo na vida familiar. Vivemos a época das redes sociais; facebook, instagran e whatsapp. Através destes mecanismos temos acesso as informações e acabamos perdendo nossa privacidade. Muitos não estão preparados para esta realidade e ter relacionamentos virtuais passou a ser fácil e um “refúgio” que se torna uma prisão de culpa e remorso diante de seu consorte. Estatísticas mostram que o facebook é citado como motivo de uma a cada três separações no país.
O apóstolo Paulo nos adverte a “aproveitar bem as oportunidades, pois os dias são maus”. Precisamos valorizar o tempo com nosso cônjuge e família.
Outro aspecto a considerar é que muitos se casam, mas não divorciam de seus pais. O texto é bastante claro ao dizer: “deixará pai e mãe e se unirá...”. no casamento é necessário entender a grande dinâmica da vida. Acho lindo a entrada dos nubentes no dia do casamento, onde o pai leva a noiva até a metade do trajeto e o noivo vem buscar a noiva e ambos se despedem dos pais. Esta metáfora é fantástica, pois retrata como deve ser a vida dos casados. É necessário ter uma independência financeira, emocional e material, mas nunca esquecer de honrar. Infelizmente muitos tem compartilhado a intimidade conjugal aos pais expondo as deficiências um do outro ante a família. Na dinâmica do casamento, é necessário entender o limite entre a nossa família e o nosso cônjuge. Lembremo-nos sempre; somos responsáveis pelo casamento que temos.
Muitos casais não se tornam uma só carne, pois não conseguem lhe dar com as verdades ditas pelo cônjuge. Na vida a dois precisamos cultivar a sinceridade e a verdade em nosso relacionamento. As verdades têm um poder curador e libertador. No casamento não podemos lhe dar com mias verdades; precisamos ser franco entendendo sempre que a verdade tem de ser dita com sabedoria e regado com muito amor. Existem pessoas que tem medo de expor para o seu cônjuge as coisas que ferem, que matam e que minam qualquer possibilidade de viver a dois. Se quisermos ter um relacionamento frutífero, precisamos ser leais conosco e com nosso cônjuge. Salomão nos diz que “beijados são os lábios que respondem com verdades”.
Que Deus nos ajude a sermos leais a Ele e ao nosso cônjuge, para que venhamos viver o grande projeto nesta vida: “Ser uma só carne”. Que sejamos íntimos a ponto do coração bater na mesma sincronia. . . onde a dor de um seja sentido pelo outro à distância. . . a alegria seja radiosa e contagiante. . .

sexta-feira, 10 de abril de 2015


Procura-se Trabalhadores para a Ceifa. . .

            Esta tem sido a urgência de nosso tempo. Urgência de ceifeiros. Jesus, em seus sermões salientou para que rogássemos ao Senhor da seara para enviar trabalhadores para a ceifa (Lc 10:2). Em outra passagem, exortou aos discípulos a levantar os olhos, pois os campos estavam brancos para a Ceifa (Jo 4:35).
            Durante o ministério de Ezequiel, o profeta nos mostra que Deus procurou alguém que estivesse na brecha, e a ninguém achou (Ez 22:30). Em nossos dias, a história se repete, de modo que estamos com falta de trabalhadores na obra. Vemos convenções repletas de “obreiros”, púlpitos onde pastores fazem rodízio para se assentar, no entanto estamos com uma falta imensa de obreiros. Como justificar este grande paradoxo?
            Esta urgência de trabalhadores se deve ao fato de vivermos um período dominado pelo sucesso e não pelo triunfo ministerial. Hoje, ministério bem-sucedido se caracteriza por agenda cheia, estabilidade financeira e prosperidade material. Nesta “obsessão santa” pelo sucesso, as pessoas abrem mão de valores éticos e morais e passam a viver numa ilusão de que estão trabalhando na seara do mestre. Quem trabalha para Deus busca glória para Deus e não pra si mesmo (Jo 3:30); divulga Jesus e não seu ministério (II Co 10:12); visa almas e não fama e sua motivação em fazer a obra é os céus e não o enriquecimento (I Pe 5:2). Paulo, o incansável arauto da igreja primitiva, é um dos exemplos clássicos de triunfo ministerial, vejamos: “recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos uma. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo (II Co 11:24-25). O Rev. Hernandes Lopes disse que as pessoas amam a obra, mas não o seu dono. Que nossas motivações venham ser alinhadas de acordo com a Palavra de Deus.
            Esta urgência de obreiros está no fato de termos muitos que estão apenas envolvidos com a obra e não comprometidos. Encontramos em várias esferas, pessoas que acostumaram a fazer determinadas coisas, mas que infelizmente perderam a motivação inicial, vivendo quase que no piloto automático. Os envolvidos vão à igreja, mas não adoram e nem prestam culto, os envolvidos amam a teoria, mas não a práxis cristã. Vivemos a época da pregação mecânica. O comprometimento vem quando amamos Deus acima de todas as coisas, quando os sonhos de Deus se tornam o nosso sonho e quando aceitamos sem ressalvas a vontade de Deus em nossa vida. Os envolvidos acabam caindo em um ativismo religioso como a igreja de Éfeso que fazia de tudo, mas não tinha a motivação que era o amor. A Igreja de Éfeso sofria as tribulações, testavam os apóstolos, no entanto, foi tenazmente repreendida por Jesus, pois faltava amor. Em nossos dias contemplamos esta síndrome destruindo as pessoas, fazem por que são obrigadas ou alguém está vendo. Nossa necessidade é de obreiros servos e fiéis que se deixam gastar pela obra do mestre.
            Esta urgência de obreiros está no fato de termos muitos que amam o título e não o desempenho da função. A Bíblia nos fala que foi Deus que escolheu uns para Evangelistas, Apóstolos, Profetas, Pastores e Mestres para a edificação do Corpo de Cristo. Cada um destes títulos traz uma grande missão a desenvolver, mas infelizmente em nossos dias existe muito mais uma hierarquia ministerial do que funções diversas dentro do ministério. Lembremo-nos do apóstolo Paulo em sua missiva à igreja de Corinto dizendo: “ora, há diversidade de ministérios, mas é o Senhor que opera”. Estamos com falta de servos fiéis que cumpram com excelência seu ministério. Estevão foi um diácono que serviu a Jesus ratificando com seu sangue todo ardor ministerial aos ser o primeiro mártir da igreja primitiva; Felipe foi um evangelista que ouvia a voz de Deus a ponto de sair de uma metrópole e ir ao caminho deserto por causa de uma alma que necessitava ouvir o evangelho. João, o apóstolo do amor foi parar na Ilha de Patmos por ser fiel à palavra do Senhor. Paulo era um missionário, pastor e mestre que incansavelmente batalhou pela excelência do ministério confiado a ele.
            Estamos com falta destes obreiros, obreiros que gastam e se deixam gastar na obra do mestre... obreiros que pregam todo o designo de Deus... obreiros que conheçam o valor de uma alma... obreiros que entendem a urgência da obra... obreiros que tenham olhos e ouvidos abertos... obreiros cujo coração sejam inflamados pela vocação e não pelo tilintar das moedas... obreiros que amem a Deus acima de todas as coisas...
            Roguemos sim a Deus, para que envie estes obreiros para sua Seara!