A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016


MOTIVAÇÕES



Resultado de imagem para motivações            A nossa vida é regida por motivações. As motivações são como propulsores que nos levam a tomar alguma decisão, fazer algo ou simplesmente ficar estático. Por detrás das atitudes escondem-se enésimas motivações. Precisamos tomar cuidado, pois atrás de um gesto puro e nobre pode esconder a mais sórdida das motivações.

            Acompanhando as Escrituras sagradas, percebemos vários exemplos de pessoas e suas motivações. A Bíblia nos diz que uma multidão seguia Jesus. Quando estudamos minuciosamente a expressão “seguir”, encontramos pelo menos três variantes, vejamos:

            Em Mateus 4:19, vemos: “e deixando logo a rede, seguiram-no”. O termo seguir aqui do original grego “ekolouphesan” nos transmite a ideia de alguém que é atraído pela conclamação de um Mestre. Ao escutar o chamado, os pescadores passam a seguir Jesus prontamente. Esta é uma atitude nobre diante do chamado. Seguir Jesus pois Ele nos convocou, vocacionou para sermos seus representantes.       

            As pessoas precisam entender que o fato de seguir Jesus nos impõe responsabilidades, obedecer seu chamado nos leva a renunciar o nosso ego e tomar a nossa cruz todos os dias. Nossa motivação em seguir deve nos levar a obedecer e ser fiel em toda a extensão do chamado que Ele nos fez.

            Já a expressão encontrada em Mateus 4:25, noz diz: “E segui-a o uma grande mltidão...” O próprio contexto no fornece uma explicação da verbete, pois Jesus, conforme os versículos 22 a 24 “ensinava, pregava o evangelho, curava todas as moléstias e enfermidades entre o povo, de sorte que eram trazidos à sua presença todo o tipo de enfermos, lunáticos, energúmenos e paralíticos”. Estas pessoas que o seguia, o seguia apenas até os seus desejos serem concedidos ou apenas até suas necessidades serem preenchidas.

Muitas pessoas optam por seguir Jesus apenas pelas benesses, pelo status e pela possibilidade de uma melhora de posição financeira. Paulo chegou até mesmo dizer que alguns pregam Jesus por inveja e porfia (Fp 1:15). Lamentavelmente, presenciamos muitas pessoas anunciando Jesus apenas pela promoção do ambiente Gospel, profissionais da oratória que usam o púlpito como meio de promoção pessoal. Visam apenas o lucro e a expansão do seu ministério. Isto se torna evidente quando vemos pregadores e cantores entregando seus smartphones para tirarem fotos enquanto estiveram “ministrando”, alguns até mesmo fazem poses e “looks”, pois precisam fazer propagando do seu “ministério”. Estamos usando o altar de Deus para promoção pessoal e não mais para culto de sacrifício racional, substituindo a presença de Deus por “egos inflados” de pessoas que acham que o nome que tem é mais importante do que a unção do todo-poderoso. Que Deus nos ajude a voltar para a simplicidade da pregação e vivermos como o apóstolo do Novo Testamento exclamou: Se anuncio o evangelho, não tem em nada do que me gloriar, pois me é imposta esta obrigação.

            Em terceiro lugar, destacamos Mateus 20:34, fala que Jesus tocou os olhos do cego, estes passaram a enxergar e seguiram Jesus. O que motivou estes seguidores é a gratidão, pois reconheceram que eram pessoas deficientes, e como recompensa resolveu seguir Jesus. Existe uma classe de pessoas que seguem Jesus por gratidão. São pessoas que entendem o real valor do Deus encarnado, que tiveram as suas vidas transformadas com o poder do evangelho e entendem que nada é sacrifício diante do que Cristo fez por eles. Encontramos no relato de Lucas 8:1-3 as mulheres que tiveram grande valia no ministério de Jesus, pois estas o servia com suas fazendas.

            O que Cristo fez por nós na cruz do calvário é o suficiente para o seguirmos com motivações nobres, pois estávamos mortos, mas Ele nos deu vida; estávamos perdidos, mas Ele nos achou.

            Diante destas três abordagens, precisamos realinhar nossas motivações em seguir Jesus, pois caso contrário teremos o mesmo fim de Judas que apesar de seguir Jesus, suas motivações eram ilícitas, estava com Jesus, mas seu coração nas coisas materiais, ouvia seus ensinamentos, mas não os internalizava e contemplava milagres, mas não se permitia ser tocados pelos mistérios do reino, e consequentemente, a sua vida mudada pelo Mestre do amor.

            Lembre-se: “Haverá um dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens”.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

 A Eira de Nacon

          Resultado de imagem para eira de nacom            Em II Samuel 6, encontramos uma narrativa que nos serve de meditação para um viver mais responsável e lições para que possamos desempenhar a obra de Deus com maior seriedade..
Após vários anos em que a Arca da Aliança esteve fora de Jerusalém, Davi, ao assumir o comando da nação, tem como empreendimento trazer de volta aquilo que representava a presença de Deus no meio do povo. A perícope nos informa que o rei reuniu 30 mil homens para que o transporte da Arca fosse feita em segurança; por determinação real fora feito também um carro novo, específico e com uma única missão; o de transportar a Arca da Aliança. Durante o cortejo houve cânticos e júbilos com Davi e toda a casa de Israel tocando todo o tipo de instrumento.
           Diante de um momento auspicioso como este, algo inusitado acontece. Ao chegar à eira de Nacom, o carro passa por uma depressão do terreno e começa a tombar, consequentemente; a Arca da Aliança cairia, mas Uzá estendeu a mão para impedir que isto acontecesse. O resultado de tal ato foi a morte. A Bíblia disse que a ira de Deus se acendeu contra Uzá é o feriu ali.
           Quero destacar alguns significados que podemos extrair da expressão “Eira de Nacom”.
           Em primeiro momento, destaco que a Eira de Nacon representa o tempo de Deus. O texto nos deixa claro que várias leis que Deus havia estabelecido no transporte da Arca da Aliança havia sido negligenciado. Mesmo diante de tanta desobediência aos ditames bíblicos havia regozijo e alegria diante do cortejo que conduzia a Arca de volta a Jerusalém. De repente a alegria se torna em tristeza e o que era pra trazer vida, traz morte. O tempo de Deus tratar com a rebeldia do povo chegara. Infelizmente, o mesmo acontece hoje; existe muita rebeldia, negligência e desobediência diante do sagrado. Em lugar do arrependimento existe cântico, em lugar da reverência muito barulho; quem sabe para tentar abafar a voz da consciência. Paul Tornier, em seu livro “Culpa e Graça”, nos evidencia que os gritos e barulhos muitas vezes são uma tentativa de abafar a voz interior.
           Não nos iludamos, o tempo de Deus vai chegar para cobrar as nossas intransigências diante do sagrado.
           A Eira de Nacon representa o basta de Deus à dubiedade cúltica. Após aproximadamente 40 anos sem a Arca, que simbolizava a presença de Deus no meio do povo, o líder resolve trazer a glória de volta. Imagine o ambiente de cânticos, danças e instrumentos diante da Arca. Na visão do povo, tudo se justificava, mas na divina existia reprovação, pois o obedecer é melhor que sacrificar. Vivemos numa época de muitas inovações em nossa hinódia e liturgia; fazemo-las achando que estamos agradando a Deus, quando na realidade encontramos um Deus irado. Vejamos o texto bíblico de Isaías 1:1-14: “De que me serve a mim a multidão dos vossos sacrifícios? Diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs, o incenso é para mim abominação, as luas novas, os sábados, e a convocação de assembleias, não posso suportar, pois aborrecem a minha alma, são pesadas pra mim e estou cansado de sofrer”. Para Deus o culto só tem sentido se coexistir obediência, reverência e adoração sincera.
           Um outro aspecto a considerar é que a Eira de Nacom representa um memorial. Mesmo depois do episódio, aquele lugar ficou conhecido como Perez-Uzá, que significa irrompimento sobre Uzá. Quantas pessoas que passavam por aquele lugar e traziam a memória ou contavam para as gerações futuras sobre o ocorrido e o devido respeito para com a Arca de Deus. Quantos males foram evitados diante do fato de Uzá...
           Paulo nos diz na epístola aos Romanos que o que foi escrito para o nosso ensino foi escrito. Precisamos parar diante desta perícope e rever nossos postulados, avaliar nossa liturgia e a maneira como estamos conduzindo o sagrado em nosso viver.
          Embora trágico, este evento nos leva a refletir sobre a nossa conduta diante do sagrado. Que Deus nos ajude e que sua presença em nosso meio seja para vida e prosperidade, e não para morte.



quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O Preço da Sinceridade

“Os meus olhos procuram os fiéis da terra para que habitem comigo; o que anda no caminho perfeito, esse me servirá”.

Resultado de imagem para SINCERIDADE                  Vivemos um período de nossa história onde se descobre fraudes e mais fraudes, conhecemos os pormenores do maior escândalo de corrupção instalado no país; o pior é que não pára, mas sempre está gotejando dos cofres públicos tirando a dignidade do povo e matando a esperança de uma nação. A Bíblia nos diz; no livro de Provérbios que a corrupção é a desgraça de qualquer nação, mas com a justiça se firma o trono.
                    Em todos os dias de nosso viver nos deparamos com situações que testa o tempo inteiro a nossa integridade. Quando estamos nos trânsito, em nome da pressa ou para tirar o atraso nos sentimos tentado a transgredir algumas regras de trânsito. A facilidade para o erro hoje está à nossa porta. Através de nosso “smartphone” temos acesso a praticamente tudo, e a possibilidade do sigilo parece tentar justificar nossas práticas. Caímos no engodo de achar que se ninguém sabe ou não traz escândalo não é errado. Diante disto é que me pergunto qual é o preço da sinceridade?
                    A sinceridade em sua etimologia, significa “sem cera”; aquilo que não precisa de cera para camuflar defeitos. Sinceridade é quando as nossas práticas corroboram o nosso ensinamento. Já no grego  “elikrineia”, dá-nos a ideia de “transparência” e “não adulteração”.
                    Sinceridade tem a ver com princípios; com caráter. É aquilo que somos quando estamos sozinhos. O texto acima é extraído de um salmo real, pois é uma espécie de manual para os governantes. Aqui o Rei estava em busca de pessoas sinceras para estar ao seu lado.
                   Davi, sabia que a imagem do rei e a longevidade do reinado estava atrelado também ao comportamento de seus assessores. Infelizmente, em nossos dias é o inverso, muitos fazem aliança, vendem a alma, a dignidade e o caráter para conseguir chegar no topo. E quando chegam no topo, chegam sem alma.
                   A Bíblia nos conta história de homens que jamais negociaram sua sinceridade. José, um jovem que fora traído e vendido por seus irmãos; agora em terra estranha, a mulher de Potifá tentou comprar sua sinceridade com os prazeres carnais, mas José fugiu. Preferiu deixar suas vestes nas mãos daquela mulher do que sua honra. Foi condenado injustamente, mas no devido tempo Deus o exaltou colocando-o em lugar de destaque.
                   Um outro exemplo é Daniel. Vivendo como exilado em uma terra politeísta tentaram comprar seus princípios com negociações imperiais. Mesmo não cedendo aos manjares oferecidos a ele, foi honrado, pois o Deus sempre tem honra para os sinceros. O que dizer de Jesus? A Bíblia disse que em tudo foi tentado, porém não pecou; nem mesmo em sua boca se achou engano.
                  Que venhamos aprender com estes ícones da Bíblia Sagrada a não negociar o nosso caráter. Não vale a pena sacrificar nosso caráter no altar da conveniência, trocar os princípios éticos e morais por efêmeros esplendores terreno e perder a alma tentando ganhar o reino terreno.
                  Será que podemos fazer a mesma oração do patriarca Jó, quando ele exclama: “Pesa-me o Deus em balanças fiéis e saberás a minha sinceridade”.