A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

terça-feira, 31 de outubro de 2017


 Reflexão sobre os 500 anos da Reforma Protestante



Resultado de imagem para 500 anos da reforma            Olhando para o ambiente de trevas vivido no século XVI, onde imperava o declínio moral e espiritual, apostasia doutrinária e várias práticas do paganismo, preme que venhamos entender como uma igreja se desviou a tal ponto de perder sua identidade e missão. Assim fazendo, poderemos entender a realidade eclesiástica atual e o perigo que nos cerca.

            Quero apenas destacar 3 pontos que considero nevrálgico no que tange a derrocada da igreja. A ordem que se segue não está no quesito de importância, mas sim uma questão pedagógica para entendimento. Primeiramente, percebemos o intuito do clero em ter fieis sem conversão. Nesta época a liderança estava preocupada em encher os templos com os pagãos, pois o interesse era a quantidade e não a qualidade. Tal obsessão propiciou a entrada de muitas práticas pagãs no culto. Infelizmente, parece que estamos vivendo tempos similar aos da reforma, pois tais práticas estão rondando muitos ambientes cristãos. Muitas igrejas tomadas pela visão administrativa de seus líderes estabelecem metas, onde o número está acima da qualidade. É desastroso percebemos que existe muitos adeptos e poucos fieis, muitos simpatizantes e poucos discípulos, fãs e não adoradores. A consequência disto é uma igreja fria, descompromissada com a verdade e sem identidade.

            Um outro fator a considerar era a comercialização na igreja, onde cada bispado ou sede eclesiástica era visto como arrecadação financeira. Naquela época se fazia dinheiro com as relíquias sagradas, vendia-se a salvação e até mesmo comprava o perdão dos pecados antes mesmo de cometê-los. A cúria dava privilégios àqueles que conseguiam maior arrecadação em suas paróquias. Era muito comum a pratica da simonia (venda de coisas espirituais), sinecura (cargos públicos em troca de favores), e o nepotismo. Ao analisar a igreja hodierna, o Rev. Hernandes Dias, nos dias que hoje a palavra se tornou uma mercadoria, o pregador num vendedor, os fiéis em consumidores e o púlpito em um balcão de negócios. É trágico e triste, mas esta é a realidade da igreja 500 anos depois da Reforma. Uma igreja que na pessoa de seus líderes se tornaram materialistas, consumistas e mercantilistas. Neste trânsito religioso vale tudo para atrair o adepto com suas cifras, comercializam tudo em nome da fé e de Deus.

            Não podemos nos olvidar ao estudar a história da igreja, que um outro fator que contribui para tal declínio foi o casamento da igreja com o Estado. O fruto deste casamento foi a corrupção desenfreada no clero. Nesta época de densas trevas era notório o paradoxo vivido pela igreja, pois dentro das catedrais era uma ostentação do clero, enquanto as pessoas viviam em estrema miséria e pobreza. Hoje não é diferente, igrejas recebendo favores do estado em prol apoio político, igrejas sendo usadas para lavar dinheiro, imperando assim o pragmatismo clássico. O enriquecimento ilícito e a vida nababesca de muitos pseudo lideres eclesiástico é evidenciado pelas posses financeiras e o patrimônio de muitas igrejas. Na maioria das vezes o estilo de vida de alguns líderes não condiz com a realidade de seus fiéis. A cristandade hodierna precisa rever seus valores e buscar urgentemente a presença do Espírito Santo.      

            Diante de tais desvios, Deus levantou homens que ficaram conhecidos como os predecessores da Reforma, vejamos: Em 1324 Deus levanta um homem por nome João Wicliffe que em suas homilias falava sobre a moralização da igreja e o afastamento de líderes que tinham práticas pecaminosas e espúrias. Em muitos sermões confrontava o clero sobre o seu enriquecimento e seus bens financeiros. Suas ideias foram proibidas e condenadas pelo Concílio de Constança, em 1415.

            Houve um outro arauto neste tempo de crise (1369), foi João Huss; que em suas prédicas condenava tenazmente as indulgências e a corrupção do clero. Sua mensagem confrontou e incomodou tanto a cúria romana que além de ser considerado herege, seu corpo foi queimado em praça pública. Depois de ser excomungado, foi despido de suas vestes clericais, enfeitado com um chapéu de burro com desenhos de demônios. A história nos lega que mesmo seu corpo sendo consumido pelas chamas ele adorava ao Senhor.

            Um outro ícone deste tempo foi Girolamo Savonarola (1452), que atacava o mau caratismo e os desmandos do Papa Alexandre VI. O resultado por ser um defensor do verdadeiro evangelho foi a morte em uma forca e depois a incineração.

Depois de todos estes, nasceu Lutero. Ao afixar as 95 teses na Catedral de Wittenberg, Lutero estava dando um passo importante na história da Igreja, pois em suma; as teses desafiavam a infalibilidade papal, defendia a supremacia das Escrituras sobre a tradição, condenava as indulgências, a hierarquia clerical e a teologia romana em geral. Como fruto da Reforma, surgiu uma igreja com profundidade nas Escrituras e a Bíblia na mão do povo; contemplamos também uma igreja pura e rica na missão de levar pessoas ao verdadeiro conhecimento da verdade.

Hoje, quando comemoramos 500 anos da Reforma Protestante, fica-nos algumas lições, desafios e responsabilidades. A convicção que temos das verdades do Evangelho é suficiente para nos tornar um mártir da fé... neste período de densas trevas, temos coragem para sermos instrumentos na mão de Deus... Será que estamos sensíveis espiritualmente falando para escutarmos o clamor de Deus por reformadores e profetas...

Que Deus nos ajude a sermos agente de transformação e não meros expectadores da história.

terça-feira, 10 de outubro de 2017


 O Tempo na ótica de Salomão





Resultado de imagem para tempus fugit            Analisando o capítulo 3 de Eclesiastes, onde o Pregador versa sobre o tempo, asseverando que tudo tem um tempo determinado debaixo do céu, percebemos a conclusão do homem mais sábio que já existiu, Salomão, ao dizer: “O que é já foi, o que há de ser também já passou e Deus pede conta do que passou. ”

            O que o texto nos revela em primeiro lugar a celeridade do tempo. O verso da composição poética nos assevera que “o que há de ser também já passou “. O tempo passa, e passa velozmente. A própria conjugação de verbos no presente da língua grega é algo que nos revela o quão efêmero é o nosso presente, vejamos: “Eu estou escrevendo e não, eu escrevo, como na língua portuguesa”.  Rubem Alves, em seu livro Tempus Fugit, em tom poético coaduna com esta ideia, dizendo: Quem sabe que o tempo está fugindo descobre, subitamente, a beleza única do momento que nunca mais será…"

Isto expressa o quanto o presente é quase inexistente, mas existe e voa. O escritor sacro no Salmos 90 chega a dizer que a nossa vida passa como um conto ligeiro e nós voamos. Estando cônscio desta verdade precisamos valorizar mais as nossas decisões e viver de maneira sábia e sóbria o tempo presente. Talvez seja por isso que o salmista diz: “Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração seja sábio”.

            O sábio Salomão nos ensina também que é impossível voltar no tempo. Quando na maturidade da vida, o Rei de Israel expressa; “o que é já foi”. É normal encontrarmos pessoas dizendo: “... se eu pudesse voltar atrás! ”  Alguns filmes de ficção, falam sobre a grande desejo do homem de criar uma máquina do tempo, revelando o dilema humano do passado-presente-futuro. Todos os atos e decisão do ser humano jamais poderão sofrer alteração. Para Agostinho, um filósofo cristão “o tempo implica passado, presente e futuro. Mas o passado não é mais e o futuro não é ainda. E o presente, se fosse sempre e não transcorresse para o passado, não seria mais tempo, mas eternidade”. É necessário saber singrar nestes 3 tempos, pois os maiores problemas do ser moderno para pelo passado não resolvido gerando a depressão; envolve o presente não vivido gerando ansiedade e a apreensão pelo futuro gerando as enésimas fobias.

            Infelizmente não podemos voltar no tempo, mas podemos resolver a nossa vida mudando o presente para termos um futuro melhor.

            E por último, Deus quer a prestação de conta sobre a maneira que usamos o tempo. A parte final da poesia em Eclesiastes nos revela; “Deus pede conta do que passou. ” Aqui, o termo usado no hebraico, nos remete à ideia de “indagar” ou “requerer”. Fica explícito, a partir do verbete usado, é que além de Deus nos indagar acerca do tempo, também exige a prestação de conta.  O texto sagrado diz que prestaremos conta por tudo o que fizermos na vida. O profeta Isaías chega a indagar a nação, dizendo: “de que fazeis o vosso passatempo? ” Paulo, em sua missiva a igreja que estava em Éfeso exortou para que os cristãos percebessem de que maneira eles estavam vivendo e resume falando para remir o tempo, pois os dias eram maus.

            Salomão, viveu a vida intensamente, mas no fim chega à conclusão de que tudo é vaidade e correr atrás do vento. Fixo em sua ilação, Salomão, em tom irônico, diz: “ alegra-te na tua mocidade e ande pelos caminhos do teu coração e pela vista dos teus olhos, porém; saiba que Deus te trará juiz em todas estas coisas”.

            Que a cada dia venhamos viver de maneira a não nos arrepender pelo tempo vivido. Que Deus nos ajude a sermos mordomos de nosso tempo.

terça-feira, 15 de agosto de 2017


O Alicerce na Vida Familiar



Resultado de imagem para parabola do alicerceJesus nos conta uma parábola interessante, que Mateus registra da seguinte maneira: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificado sobre a rocha. E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou sua casa sobre a areia; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a ruína”.

Diante desta perícope, observamos a seriedade que devemos ter quando estamos estabelecendo o alicerce de nossa construção, mormente quando falamos de família. Infelizmente, muitas famílias estão sendo solidificadas em areias, em fantasias e mitos eternizados pelas histórias infantis que sempre terminam com a famigerada frase: “e viveram felizes para sempre”.

É necessário entender que a família é um projeto de Deus, e por isso precisa ser edificado na Palavra de Deus, pois esta é fundamentada de conselhos divino para a vida familiar. Um dos maiores conselhos da palavra é que a união conjugal se transforma em comunhão. Quando a nossa família está edificada na palavra de Deus somos capazes de suportar as chuvas, os rios e os ventos.

As chuvas são fenômenos físicos da natureza ocasionados pelo tempo. É comum vermos as casas de encostas e morros se desmoronarem durante a época das chuvas, pois toda a construção e beleza arquitetônica foi desenvolvida em alicerce duvidoso. Na vida familiar não é diferente, não importa a vida nababesca, nem mesmo a pompa do casamento, se o alicerce estiver em algo duvidoso nossa família será soterrada quando vier a chuva. Infelizmente muitos lares estão com alicerce de aparência, onde os cônjuges vivem uma vida dúbia e os filhos encenando um papel que não lhe é peculiar. As máscaras com o tempo ficam pesadas e começam a cair, mostrando a realidade miserável do seio familiar. O concreto que temos que usar na edificação deve ser tão somente, e exclusivamente a Palavra de Deus.

Os rios são benéficos em nosso ecossistema, mas diante da cheia e do rompimento de um dique sai destruindo tudo o que estiver pela frente. As casas que estão próximo à margem são as primeiras sofrer as consequências e levadas pela correnteza. A questão aqui não é apenas de alicerce e sim de edificação em um lugar impróprio para construção. Muitas casas são construídas em regiões condenadas pela defesa civil, o resultado é a perda do bem e muitas vezes até mesmo a vida. Comparando com a vida familiar, vemos o quão perigoso é erigir um edifício em áreas de alto risco. A nossa vida conjugal deve ser erigida debaixo da sombra do altíssimo, aqui temos a proteção divina para nós e nossos filhos. A maior beleza do nosso lar deve ser a presença de Deus. Infelizmente muitas famílias têm sido edificadas com algumas permissividades maléficas, tais como a infidelidade virtual, meias verdades e desvios sexuais antibíblicos. Que neste ambiente de muita corrupção e degradação dos valores graníticos, onde a falsidade e a infidelidade têm entrado em muitos casamentos, possamos levantar o estandarte da verdade e estar cobertos com a presença de Deus.

Em último lugar fala da força dos ventos com ímpeto sobre a casa. O fator determinante aqui é o alicerce sobre a rocha. Os ventos aqui trazem a ideia de adversidade, provações ou lutas que vem sobre as famílias. Infelizmente as pessoas são preparadas para ganhar e nunca perder, iludem achando que o casamento sempre será um mar de rosas. Na vida familiar tem os vendavais das enfermidades, as provas do desemprego, as lutas do ajustamento conjugal e o dia da adversidade. O alicerce na rocha aqui nos traz a ideia de conselhos, pois a Bíblia nos diz que na multidão de conselhos existe segurança. Diante dos vendavais, precisamos nos aconselhar com pessoas que possui autoridade espiritual e divina para nos ajudar a enxergar os aparentes desentendimentos como oportunidade de crescimento familiar e espiritual. O casamento não é como um remédio que vem com a vide bula, nem tão pouco como um eletrodoméstico que vem com um manual de instrução, por isso precisamos de nos aconselhar com pessoas sérias (pastores e psicólogos) ou profissional da terapia familiar.

Lembre-se: Você é responsável pela sua construção, por isso invista tempo, esforços, dinheiro e todo o seu amor e jamais permita o uso de materiais de segunda linha. O sucesso e o fracasso de sua família está nas tuas mãos.

sexta-feira, 21 de julho de 2017


 Amós – Um Profeta Autêntico



Resultado de imagem para profeta amós e a injustiça social            Observando todo o momento histórico, político e eclesiológico de nossos dias, vejo algumas similitudes com o contexto vivido pelo Profeta Amós nos idos de 760 a 750 a. C. Para começar, foi uma época de grande prosperidade e conquistas de rotas internacionais do comércio. Em contraste com este momento de expansão, no âmbito religioso era perceptível o caos e a idolatria, os ricos entesouravam cada vez mais e oprimia os pobres, a imoralidade estava estampada e de maneira generalizada e o sistema judicial estava corrompido com a compra de sentenças. O pior de tudo, era que o povo interpretava a prosperidade como um sinal da bênção de Deus sobre a vida deles.

            No meio deste caos, Deus levanta um profeta por nome Amós, que não fora forjado nos palácios nem aos pés de profissionais da oratória e do profetismo, mas sim no cadinho divino. Em Amós 7:14, encontramos Amós dizendo que ele não era profeta nem filho de profeta, mas boieiro e plantador de sicômoro. Apesar de Amós não ressaltar seu treinamento profissional, seu estilo sugere que ele era uma pessoa bem instruída. Ele usa muitas metáforas tiradas da vida do campo, além de uma habilidade para desenvolver uma série de oráculos. Deus levanta um homem de um lugar que ninguém esperava com uma mensagem forte e impactante para chamar a atenção de uma liderança que se encontrava em total torpor espiritual.

            Primeiro vemos um profeta que denunciava as injustiças sociais. Em Amós 4:1, diz: “vós que oprimis os pobres, que quebrantais os necessitados”; em 5:11 diz: “pisais o pobre e dele exigis um tributo de trigo”. Estes versos embasam o quanto este profeta era autêntico ao denunciar as injustiças que aconteciam. Infelizmente, vivemos dias onde a população tem sido massacrada pela política capitalista e a ética situacional. Nossas mensagens aos políticos que muitas vezes adentram em nossos templos são vazias e desprovidas de voz profética, precisamos entender que onde não há profecia, existe corrupção. Contemplamos hoje templos abarrotadas de pessoas que não sabe o direito que tem e nem exerce o seu poder de cidadão de maneira correta, vota em A ou B por conveniência, conivência e não por convicção. Precisamos aprender com Amós a denunciar as injustiças que acontecem em nossa nação. Deus cobrará de nós tamanha omissão. Amós enfatiza que a retidão e a justiça são essenciais para uma sociedade saudável.

            Em segundo lugar vemos um profeta que exortava aos líderes quanto ao culto. Em seu livro, Amos 5:21-26 nos mostra a insatisfação divina com o culto que lhe era prestado, vejamos alguns trechos: “aborreço, desprezo as vossas festas e elas não me dão nenhum prazer”; “afasta de mim a melodia dos vossos cânticos, pois não ouvirei a voz de vocês”. Esta era a profecia de Amós em uma época em que a imoralidade e a idolatria vigorava. Os termos usados pelo profeta são muito fortes, tais como “aborreço”, “prazer” e “afasta”. Os cânticos que eram para promover a verdadeira adoração, estava levando o povo a uma vida dissociada do caráter e da lei, como consequência não dava prazer a Deus. Um dos maiores engodos da vida é achar que estamos dando prazer a Deus, quando na realidade estamos causando desgosto. Quantas vezes, pagamos um alto valor para pessoas estarem no altar que Deus não aguenta mais ouvir a voz deles... quantas pessoas desejam ouvir pessoas que causam náuseas em Deus... Estamos abrindo mão da sinceridade, do que é puro, santo e verdadeiro apenas para atender caprichos de pessoas que querem apenas fazer um show e mais uma apresentação. Eu creio que existe uma geração de profetas que estão sendo forjadas para vaticinar com autenticidade e não comprometidas com as altas cifras. Para Amós, religião era mais que observar os dias festivos e reunir assembleias santas, a verdadeira religião exige um viver de retidão.

            Amós também vaticina sobre a conduta moral do povo. Em Amós 2:4 diz que o povo rejeitou a lei do Senhor, não guarda seus estatutos e se enganam em suas próprias mentiras; no verso 7, vaticina que um homem e seu pai entram a uma mesma mulher para profanar o nome de Senhor. Em outro texto fala que os pecados da nação são enormes. Amós sabia da sua responsabilidade como profeta, por este motivo denunciava os pecados da nação, mesmo sendo uma voz solitária, mas desenvolvia com excelência o ofício profético. Numa época em que existia uma pressão para não profetizar, Amós entregava com fidelidade os oráculos de Deus ao dizer: “Assim diz o Senhor” ou “Ouvi esta palavra”. Em nosso mundo, vemos o pecado aumentando de maneira assustadora, por que não dizer que muitos deles, domesticado por muitos crentes como animal de estimação. É fornicação, adultério, apatia, falta de temor, licenciosidade, rebeldia, inveja, porfia, fofoca falta de fidelidade a Deus levando muitos a ficarem com suas consciências cauterizadas quanto ao pecado. Urge que Deus levante profetas que denunciem o que anda acontecendo no altar e no átrio da casa do Senhor, pois como vaticinou o profeta: “coisa horrível anda acontecendo na terra”.

            A mensagem de Amós serve para o nosso tempo, pois vivemos também em uma sociedade próspera e materialista. Que Deus tenha misericórdia de nossa rebeldia e insensibilidade.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Imagem relacionada
 Profeta Ageu – Um Paradigma Profético



            O Contexto histórico vivido pelo profeta é interessante, pois embora nascido durante o Cativeiro Babilônico e contemporâneo de Esdras, Neemias e Zacarias,  não se esquecera de sua missão de proclamar a mensagem de Deus. Sua mensagem foi de exortação e motivação a respeito da restauração de Jerusalém e seu templo de Salomão. O autor também é conhecido como o profeta do templo.

            A primeira tônica da mensagem foi exortativa, pois o povo estava muito mais preocupado em edificar suas casas do que o Templo de Deus. Ageu pontua em sua mensagem sobre as prioridades que precisamos ter em nossa vida. O povo na época de Ageu estava mais preocupado com suas realizações pessoais, conforto e comodidade familiar; e não se preocupava com a restauração do templo. No livro de Ageu 1:4, a pergunta é direta, vejamos: “ficará a minha casa deserta?” Esta era a triste realidade daquele povo, mas o profeta é um dos instrumentos de Deus para aguçar uma consciência equivocada, cômoda e adormecida. Infelizmente, em nossos dias não é diferente; vivemos dias onde durante a semana os templos estão vazios, com número inexpressivo sobre a justificativa que estão trabalhando para ajudar na casa de Deus. Que Deus desperte profetas com Ageu que nos confronte com a nossa realidade espiritual para que venhamos entender que mais importante que nossos bens materiais é o nosso compromisso espiritual, os planos de Deus devem ser prioridades e não nossos sonhos egoístas e de pura vaidade.  A nossa prioridade deve ser sempre Deus. Salomão, o homem mais sábio que já existiu concluiu a existência dizendo que muito das ocupações humanas são vaidades e correr atrás do vento. E em termos ministeriais Ageu serve como um teste para nossas motivações, estamos buscando nossa glória, nosso conforto ou a glória do Senhor?

            Ageu foi um profeta que trouxe uma palavra de encorajamento. Este teor em sua profecia pode ser visto em dois versos, observemos: Em Ageu 2:8 nos diz: “minha é a prata e meu é o ouro, diz o Senhor dos Exércitos”; e no verso 9, dizendo que “a glória da segunda casa será maior que a da primeira”. Quando analisamos a beleza que existia no primeiro templo, os detalhes de cada móvel sagrado e a quantia gasta, muitos ficavam desanimados e desencorajavam outros, pois viviam um momento totalmente adverso. É nesta hora que surge o profeta com uma mensagem de alento para encorajar o povo a confiar em Deus. O que se evidencia na perícope em questão é que Deus tem poder para providenciar os recursos para a reconstrução. É preciso que os profetas entendam o momento certo de encorajar o povo; pois o que mais se contempla hoje em nossos cultos são chavões e clichês de autoajuda onde se confunde profecia bíblica com psicologia motivacional. É tanta fórmula mágica, campanha e outras esquesitices que o povo se perde diante de tanta falácia. Precisamos aprender com Ageu a encorajar o povo com a profecia bíblica.

            Um outro aspecto a considerar na vida deste profeta é a origem de suas palavras. Note bem que o livro de Ageu tem 2 capítulos e 38 versículos, dos quais encontramos 29 vezes a expressão “assim diz o Senhor” e 14 vezes “o Senhor dos Exércitos”. O que se evidencia é que nenhum momento Ageu evoca o seu “eu” para proferir palavras; ao contrário, tudo que ele falava vinha da parte de Deus. Uma das grandes carências de nossos dias são de pregações que saia do coração de Deus, mensagem que brote do relacionamento do arauto com seu Deus. É lamentável, mas contemplamos hoje sermões tirados de internet sendo proferidos no altar, mensagens encomendadas e repetidas. O resultado desta mixórdia se reflete na pobreza que estamos vendo nos púlpitos e na vida estéril de muitos ministérios e membros. Para Gondim, “necessitamos de pregadores que à semelhança de Pedro deixem o seu auditório compungido, apunhalado no coração. Arautos que, à semelhança de Paulo, deixem os reis e príncipes boquiabertos, pasmos, dizendo: “Por pouco não me persuades a também me tornar um cristão”. Pregadores que saibam combinar: a riqueza da oratória com a urgência profética; a lógica do raciocínio com a paixão evangelística; a doçura da poesia com a fidelidade exegética; a agilidade da intuição com a contemplação meditativa; a beleza da arte humana da oratória com o mistério da revelação divina”.

            Que venhamos refletir sobre a nossa vivência cristã, mormente no desempenho de nosso ministério profético.

sexta-feira, 28 de abril de 2017




Lidando com o Tempo



Resultado de imagem para tempus fugit            O homem mais sábio que já existiu, Salomão, nos legou algo interessante sobre o tempo: “Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” O Apóstolo Paulo, coadunando com esta ideia, nos adverte quanto ao tempo da seguinte maneira: “Aproveite bem o tempo, pois os dias são maus”.

            Nos dois textos em questão, nos evidencia como nós seres humanos precisamos administrar o tempo, pois todos têm as mesmas 24 horas diárias, no entanto, alguns conseguem produzir e aproveitar melhor o tempo que outros. Um dos grandes vilões do mau uso do tempo é a falta de administração do tempo; as pessoas não conseguem estabelecer o que é urgente e importante em suas vidas, outras caminham entre a procrastinação e precastinação. Precisamos extirpar de nossa vida os “ladrões do tempo”.

            O alto índice de estresse no trabalho, frustração e angústia tem sua origem no ativismo. Pessoas gastam energia não fazendo nada, porque não conseguem otimizar seu tempo.

            Renato Bernhoeft, pontua que administrar bem o tempo é conseguir fazer bem as coisas que devem ser feitas, de maneira excelente, objetivando o alcance de metas. Em seus livros Desperdiçadores de Tempo e Administração do Tempo, diz que o mais importante no trabalho é conseguir um equilíbrio qualitativo, e não quantitativo.

            Quando entendemos que para tudo existe um tempo debaixo do céu, administramos melhor o nosso tempo. Precisamos gerir tempo para o lúdico, para a família, para o trabalho, para os amigos... tempo para encontrar com as batidas de nosso coração.

            Infelizmente estamos imersos neste furacão do imediatismo, onde o sistema predatório e empresarial nos tira a possibilidade de viver com sabedoria a vida, nos transformando em máquinas de produção. Vivemos o paradoxo achando que a qualidade de vida está associada as altas cifras e as promoções que lutamos para alcançar e sim em gozar a vida sabiamente.

            Jim Brown disse: “os homens perdem saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem o presente e nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido”.

            Para alcançarmos êxito na gestão do tempo precisamos ter organização, flexibilidade e disciplina.

            A organização é um processo, um hábito. As pessoas bem-sucedidas têm um cronograma a seguir. Quem tem um norte, não vive à deriva e aproveita melhor o tempo que lhe é dado. Jesus, em seu ministério terrenos organizou a sua vida de tal forma que cumpriu à risca a sua missão de formar discípulos, ensinar sobre o reino e passar tempo com a sua família. Salomão em sua observação, ponderou a vida das formigas que apesar de serem pequenas e frágeis, fazem grandes coisas devido a sua organização. Pessoas desorganizadas têm dificuldade de realizar tarefas e cumprir metas.

            Um outro aspecto a considerar é a flexibilidade. As empresas em muitas entrevistas procuram pessoas cujo os horários sejam flexíveis, mormente nesta época virtual. Os sistemas se não foram flexíveis se quebram; pessoas rígidas demais travam o progresso. A flexibilidade nos leva a entender que compromissos mudam e precisamos nos adaptar às mudanças. Não existe metáfora mais apropriada neste assunto do que o “bambu”; apesar de ser alto e fino, dificilmente se quebra, pois tem flexibilidade. Se quisermos aproveitar o tempo precisamos ser mais flexíveis e nos cobrar menos, consequentemente murmurar menos.

            Neste tripé que nos leva a administrar melhor o nosso tempo está a disciplina. Segundo alguns, disciplina é a capacidade de se manter focado nas tarefas necessárias para concretização de uma meta sem se desviar e sem perder a motivação-disciplina. Muitas pessoas não conseguem alcançar seus objetivos por lhe faltar disciplina, como por exemplo estudar 8 horas por dia para passar em concurso. No âmbito espiritual, pessoas não conseguem efetuar a leitura anual da Bíblia por falta de disciplina. A disciplina é imprescindível para todos que querem viver acima da mediocridade.

            As redes sociais são um dos maiores ladrões de tempo; nossa geração desperdiça o tempo com futilidades, vivendo à margem do pensamento crítico. Quem seremos e o que pensaremos é determinado na maneira como administramos o nosso tempo.

            Que venhamos aprender com o nosso Mestre sobre a urgência da obra e a celeridade do tempo, quando o mesmo pontuou: “Convém fazer a obra de meu Pai enquanto é dia, pois a noite vem e ninguém poderá trabalhar”. Salomão, em sua elucubração em Eclesiastes disse: O que é, já foi; o que há de ser também já foi e Deus pede conta do que passou”.

            Que Deus nos ajude a usar o nosso tempo de maneira sábia.

segunda-feira, 6 de março de 2017


A Mensagem de Joel e a Liderança



Resultado de imagem para profeta joel e os gafanhotosJoel, considerado um dos profetas menores, vaticinou em uma época de grande devastação de toda a terra de Judá. Uma enorme praga de locustas havia despido a zona rural de toda a vegetação, destruiu todas as pastagens tanto das ovelhas como do gado, nos idos de 835 a 805 a.C., em, Jerusalém.

Diante deste quatro caótico, Deus levanta o profeta Joel trazendo uma mensagem de reflexão para que a liderança e o povo pudesse repensar sua espiritualidade e vivência.

A mensagem de Joel chama a atenção da liderança, vejamos: “Cingi-vos e lamentai-vos, sacerdotes; gemei ministros do altar e passai, vestidos de panos de saco, durante a noite, ministros do meu Deus; porque a oferta de manjares e a libação cortadas foram da casa do vosso Deus”. Neste verso fica explícito o estado de degradação espiritual da nação, pois já não existia a adoração devida, nem mesmo a observância do culto levítico. O caos espiritual da nação exige que os ministros do altar tome uma atitude, pois são líderes espirituais e tem legitimidade diante de Deus. A letargia sacerdotal e a corrupção religiosa estava custando a vida da adoração pública, pois diante da crise, os lavradores se enveredavam no sincretismo se tornando presa fácil dos ritos canaanitas da fertilidade.

No texto em questão o profeta diz o que os ministros precisam fazer. No verso 9 diz que os sacerdotes estão tristes; este termo no hebraico “`abal”, ocorre 40 vezes e traz a ideia de chorar pela morte, pelo pecado ou pelas tragédias de Jerusalém. Este deve ser o sentimento que deve tomar conta dos sacerdotes e ministros de altar. O presente século tem tirado uma das características mais lindas do ser, que é a capacidade de sentir. Infelizmente não choramos mais pela degradação moral da nação; toda esta onda de corrupção não provoca em nós o luto. O formalismo religioso e a indiferença tem marcado a nossa igreja. Urge, que os ministros do altar vem chorar diante de Deus pelo caos estabelecido na nação e na igreja.

Um outro aspecto ponderado pelo profeta Joel é a atitude que nasce do lamento; precisa se cingir. É comum encontrarmos esta verbete nos escritos sagrados, mas o que de fato ele significa? Cingir aqui no texto é amarrar tiras de panos ao redor da cintura; basicamente é se preparar para o trabalho ou para algo. No caso em questão, a liderança precisava se preparar para enfrentar as crises e restabelecer a adoração que não estava mais acontecendo no templo. O sacerdote na época de Joel precisava se levantar, pois a principal causa das pragas foi o culto degenerado, pervertido pelo excesso dos participantes embriagados e dos sacerdotes negligentes.

A liderança atual precisa se preparar de maneira holística para os desafios do presente século. O preparar de maneira holística envolve toda a extensão do ser, mormente a espiritual. Vivemos numa época de pouco preparo espiritual, a maioria se envolve com tantas agendas e compromissos religiosos que se esquecem da oração. . . gasta-se mais tempo fazendo a obra do que com e dono da Obra... o resultado disto é o ativismo religioso, síndrome de Bournet e muitos líderes se suicidando. Deus nos chama para cingir os nossos lombos; Paulo em sua missiva, nos exorta a fortalecer nos Senhor e na força do seu poder, revestindo de toda a armadura de Deus.

Em último lugar vemos que os ministros do altar precisam chorar diante de Deus durante a noite vestidos de pano. Duas coisas precisam ser ponderados aqui. A primeira é que o profeta Joel mostra que não é simplesmente o rito e sim a essência. Através do rito, mostramos para os homens que estamos fazendo algo, vestir-se de saco é uma humilhação aos olhos humanos, mas para Deus deveria ser de madrugada e com choro; a expressão "passai a noite vestidos se saco" mostra a gravidade da situação. É fácil convencer pessoas que estamos fazendo algo, mas demonstrar para Deus é difícil, pois Ele conhece todas as coisas, sonda e conhece as intenções do coração. Em Joel 2:13, novamente o profeta pontua sobre a essência e não o rito, vejamos: “rasgai o vosso coração e não as vestes”. Precisamos sobrepujar o rito em nossa vida com Deus, ou seja; a contrição interna é mais importante do que qualquer manifestação externa de pesar. Rasgar o coração é mudar de atitude e endireitar as veredas. Em segundo lugar, o choro deveria ser entre o alpendre e o altar (Jl 2:17), pois isso colocaria os sacerdotes em frente à porta do Santuário, onde a presença de Deus está entronizada. O que se evidencia aqui é que no relacionamento com Deus não pode existir máscaras nem barganhas, mas sim sinceridade, reverência e devoção.

Preme, que a liderança hodierna entenda o seu real papel ante a sociedade, igreja e diante de Deus. Quando entendemos o nosso papel profético cumprimos com excelência o ministério que recebemos de Deus... em momentos de crise precisamos de voz profética e atitudes diante de Deus.