A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

sexta-feira, 21 de julho de 2017


 Amós – Um Profeta Autêntico



Resultado de imagem para profeta amós e a injustiça social            Observando todo o momento histórico, político e eclesiológico de nossos dias, vejo algumas similitudes com o contexto vivido pelo Profeta Amós nos idos de 760 a 750 a. C. Para começar, foi uma época de grande prosperidade e conquistas de rotas internacionais do comércio. Em contraste com este momento de expansão, no âmbito religioso era perceptível o caos e a idolatria, os ricos entesouravam cada vez mais e oprimia os pobres, a imoralidade estava estampada e de maneira generalizada e o sistema judicial estava corrompido com a compra de sentenças. O pior de tudo, era que o povo interpretava a prosperidade como um sinal da bênção de Deus sobre a vida deles.

            No meio deste caos, Deus levanta um profeta por nome Amós, que não fora forjado nos palácios nem aos pés de profissionais da oratória e do profetismo, mas sim no cadinho divino. Em Amós 7:14, encontramos Amós dizendo que ele não era profeta nem filho de profeta, mas boieiro e plantador de sicômoro. Apesar de Amós não ressaltar seu treinamento profissional, seu estilo sugere que ele era uma pessoa bem instruída. Ele usa muitas metáforas tiradas da vida do campo, além de uma habilidade para desenvolver uma série de oráculos. Deus levanta um homem de um lugar que ninguém esperava com uma mensagem forte e impactante para chamar a atenção de uma liderança que se encontrava em total torpor espiritual.

            Primeiro vemos um profeta que denunciava as injustiças sociais. Em Amós 4:1, diz: “vós que oprimis os pobres, que quebrantais os necessitados”; em 5:11 diz: “pisais o pobre e dele exigis um tributo de trigo”. Estes versos embasam o quanto este profeta era autêntico ao denunciar as injustiças que aconteciam. Infelizmente, vivemos dias onde a população tem sido massacrada pela política capitalista e a ética situacional. Nossas mensagens aos políticos que muitas vezes adentram em nossos templos são vazias e desprovidas de voz profética, precisamos entender que onde não há profecia, existe corrupção. Contemplamos hoje templos abarrotadas de pessoas que não sabe o direito que tem e nem exerce o seu poder de cidadão de maneira correta, vota em A ou B por conveniência, conivência e não por convicção. Precisamos aprender com Amós a denunciar as injustiças que acontecem em nossa nação. Deus cobrará de nós tamanha omissão. Amós enfatiza que a retidão e a justiça são essenciais para uma sociedade saudável.

            Em segundo lugar vemos um profeta que exortava aos líderes quanto ao culto. Em seu livro, Amos 5:21-26 nos mostra a insatisfação divina com o culto que lhe era prestado, vejamos alguns trechos: “aborreço, desprezo as vossas festas e elas não me dão nenhum prazer”; “afasta de mim a melodia dos vossos cânticos, pois não ouvirei a voz de vocês”. Esta era a profecia de Amós em uma época em que a imoralidade e a idolatria vigorava. Os termos usados pelo profeta são muito fortes, tais como “aborreço”, “prazer” e “afasta”. Os cânticos que eram para promover a verdadeira adoração, estava levando o povo a uma vida dissociada do caráter e da lei, como consequência não dava prazer a Deus. Um dos maiores engodos da vida é achar que estamos dando prazer a Deus, quando na realidade estamos causando desgosto. Quantas vezes, pagamos um alto valor para pessoas estarem no altar que Deus não aguenta mais ouvir a voz deles... quantas pessoas desejam ouvir pessoas que causam náuseas em Deus... Estamos abrindo mão da sinceridade, do que é puro, santo e verdadeiro apenas para atender caprichos de pessoas que querem apenas fazer um show e mais uma apresentação. Eu creio que existe uma geração de profetas que estão sendo forjadas para vaticinar com autenticidade e não comprometidas com as altas cifras. Para Amós, religião era mais que observar os dias festivos e reunir assembleias santas, a verdadeira religião exige um viver de retidão.

            Amós também vaticina sobre a conduta moral do povo. Em Amós 2:4 diz que o povo rejeitou a lei do Senhor, não guarda seus estatutos e se enganam em suas próprias mentiras; no verso 7, vaticina que um homem e seu pai entram a uma mesma mulher para profanar o nome de Senhor. Em outro texto fala que os pecados da nação são enormes. Amós sabia da sua responsabilidade como profeta, por este motivo denunciava os pecados da nação, mesmo sendo uma voz solitária, mas desenvolvia com excelência o ofício profético. Numa época em que existia uma pressão para não profetizar, Amós entregava com fidelidade os oráculos de Deus ao dizer: “Assim diz o Senhor” ou “Ouvi esta palavra”. Em nosso mundo, vemos o pecado aumentando de maneira assustadora, por que não dizer que muitos deles, domesticado por muitos crentes como animal de estimação. É fornicação, adultério, apatia, falta de temor, licenciosidade, rebeldia, inveja, porfia, fofoca falta de fidelidade a Deus levando muitos a ficarem com suas consciências cauterizadas quanto ao pecado. Urge que Deus levante profetas que denunciem o que anda acontecendo no altar e no átrio da casa do Senhor, pois como vaticinou o profeta: “coisa horrível anda acontecendo na terra”.

            A mensagem de Amós serve para o nosso tempo, pois vivemos também em uma sociedade próspera e materialista. Que Deus tenha misericórdia de nossa rebeldia e insensibilidade.