A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016


A Corrida Cristã



            A vida cristã segundo a Bíblia é uma corrida, cuja linha de chegada é a eternidade. Na epístola aos Hebreus, o autor da missiva exorta os cristãos a correr com perseverança para a carreira que está proposta. Olhando firmemente para o autor e consumador da nossa fé (Hb 12:1-2).

            Esta ideia de corrida coaduna com a visão paulina da lida cristã descrita em I Co 9:24-27, onde a nossa vida é comparada à de um atleta.

            A expressão "atleta", oriunda do grego nos dá uma ideia de "competir por um prê­mio"; sendo assim o atleta tendo como objetivo uma coroa (stephanos - grego) de ramos de oliveira tinha uma vida de intenso treinamento, autodisciplina e foco. Ao usar esta metáfora do atleta, o apóstolo Paulo nos diz que o atleta terreno vai até o limite do seu corpo para conseguir uma coroa que dias depois estará seca (corruptível); diante disse, o apóstolo nos exorta a ter um empenho ainda maior, pois a nossa herança é incorruptível. Nós, como atletas da causa do Evangelho precisamos de autodisciplina no que tange ao serviço cristão e espiritual. Os cristãos do primeiro século se tornaram mártires pela coroa incorruptível, lutaram contra impérios e perseguição, pois sabiam que a coroa celestial estava reservada aos vencedores da corrida cristã.

            O escritor aos Hebreus fala que precisamos deixar todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia. O verbo “deixar”, fala de renúncia ou abrir mão. O verdadeiro atleta quando foca a vitória e no prêmio abre mão de deleites, pois precisa de foco e treinamento. Na saga espiritual, não é diferente, precisamos renunciar o pecado que de perto nos rodeia. Todos os dias o pecado está diante de nós, mas o “prêmio da soberana vocação”, como disse Paulo deve ser maior do que qualquer coisa desta vida... maior do que qualquer deleite ou possibilidade de nos afastar do alvo. O grande apóstolo das missões primitivas nos diz que seu alvo era Cristo. Aconselhando seu filho espiritual Timóteo aulo disse: “Aquele que milita a boa milícia, não se embaraça com os negócios desta vida, pois agrada aquele que o alistou”.

            Em seus derradeiros momentos ele sentiu que sua partida estava próxima e por isso disse: … me aguarda a coroa que o justo juiz me dará naquele dia, não somente a mim, mas a todos que amarem a sua vinda”.

            O texto nos informa que a nossa carreira foi proposta. O verbo “agon”, termo que originou "agonia", era a competição ou carreira. Existe um curso definido, regras fixas e um alvo estabelecido. Esta é a carreira que nos foi proposta por Cristo. Como atletas temos regras que precisam ser obedecidas para não sermos desclassificados. Ao escrever à Timóteo, Paulo diz: “Ninguém é galardoado se não militar legitimamente”. No mundo desportista, muitos usam de “doping” para se beneficiarem de algum motivo, mas são desclassificados.

            Estamos em uma grande maratona, onde muitas coisas acontecem para nos tirar do foco. Enfrentamos a exaustão do corpo, as crises internas que nos levam a alguns revezes. Muitas vezes, nossa visão fica turva devido ao cansaço ou cegueira momentânea devido aos holofotes. Diante de tais situações o escritor aos Hebreus nos mostra duas fontes de motivações. A primeira é que estamos rodeados de uma grande nuvem de testemunha que são os heróis da fé que nos servem de inspiração. Em segundo lugar é que precisamos olhar firmemente para o autor da nossa fé – JESUS.   

            A Nossa corrida cristã começou no calvário e acabará na eternidade, por isso corra, ande, rasteje, mas não pare, pois a promessa é para os vencedores. Ao que vencer farei coluna do templo do meu Deus e jamais sairá; darei uma pedra branca e um novo nome; concederei autoridade sobre as nações e vara de ferro para reger as nações; concederei que se assente no meu trono; darei de comer da árvore da vida e vestirei de vestes brancas e confessarei o seu nome diante do Pai e dos anjos.

            Inflamados com o poder pentecostal, vamos rompendo em fé para a carreira que nos está proposta.

            Que Deus nos ajude!

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Os Inimigos da Cruz
            Paulo, em sua missiva à igreja que estava na cidade de Filipos adverte aos irmãos quanto àqueles que são inimigos da cruz de Cristo (Fp 3:18). Sabemos pelo teor escriturístico do apóstolo, que o mesmo primava por uma doutrina sadia e zelava pelo bom andamento da obra de Deus, bem como o desenvolvimento do rebanho. Em diversas vezes encontramos as advertências paulinas contra os falsos mestres, pseudos apóstolos e líderes que só pensavam nos bens materiais. Aqui, no texto em questão, Paulo externa tal sentimento com choro. Estas lágrimas externam o zelo do apóstolo Paulo pela qualidade do evangelho, pois o evangelho da cruz é o centro da fé evangélica.
            Estes inimigos da cruz referem-se as pessoas que corrompiam a sã doutrina, pois degradavam o valor da expiação. No versículo 19, Paulo dá algumas características deste grupo, vejamos:
            Paulo enfatiza que o fim que os espera é a perdição. Embora no presente momento vivesse uma vida de aplausos e pompas o fim deles seria o completo extermínio. Esta idéia coaduna com a de Judas ao dizer que o juízo de Deus virá sobre estes inimigos da Cruz. Em nossos dias não é diferente, pois muitos estão barateando a graça, terceirizando a fé e fazendo do evangelho um negócio lucrativo e puramente humano. Paulo nos diz que tal caminho pode até ser atraente, mas na caminhada percebe-se os espinhos e cardos. Infelizmente existe uma multidão de líderes e seus respectivos seguidores iludido e hipnotizados pelo pseudo-evangelho. Este evangelho pregado pelos inimigos da cruz arrebata multidão, mas será impossível arrebatá-los ao seio de Abraão; pode até levá-los a conquistar riquezas terrenas, mas não as celestiais. Salomão já dizia: “Existem caminhos que ao homem parece ser o certo, mas o fim deles é morte”. Jesus sintetiza dizendo: “Um cego guiando outro cego, amos cairão numa cova”. Não se engane, o fim dos proponentes deste pseudo-evangelho é a perdição.
            Outro ponto enfatizado pelo apóstolo Paulo é que o deus destes é o ventre. O termo usado no grego clássico do novo testamento traduz a ideia de pessoas que a satisfação pessoal está acima de qualquer coisa. A satisfação de todos os seus apetites carnais e até mesmo espiritual. A sua lida é sempre em troca de recompensas... tudo o que ele faz é visando o lucro e o bem estar. Jesus nos advertiu quanto a esta maneira de viver quando fez referência a geração de Noé: “...comiam, bebiam e davam-se em casamento”. Este viver leva as pessoas a perderem a sensibilidade espiritual, toda esta busca pelos prazeres terrenos vai engodando a mente. Todo este viver descompromissado com os ditames bíblicos têm a sua origem no enaltecimento do “ego”. As pessoas buscam o “sucesso” espiritual a qualquer custo; vivem atrás da “fama” e de holofotes. Tem uma canção muito linda que diz: “quem já entrou no santo dos santos em outro lugar não sabe viver”. A nossa motivação em fazer a obra de Deus deve ser tão somente o senso de responsabilidade e de gratidão, e nada mais. Paulo nos exorta, dizendo: “Se anuncio o evangelho não tenho no que se gloriar, pois me é imposta esta obrigação”. Precisamos repensar nossas motivações
            Uma outra característica que Paulo destaca é que tais homens se orgulham do que é vergonhoso. O nível de embotamento espiritual destes é tão grande que eles vivem de maneira leviana e se orgulham disto. Pessoas que perderam a sensibilidade espiritual, líderes profissionais da oratória e da administração eclesiástica. Jesus advertiu dizendo que nem todos que me chamam de Senhor entrarão no reino; pode profetizar e anunciar o evangelho, mas se não for conhecido do Pai, perecerás...
            Por último, Paulo diz que os inimigos da Cruz se preocupam com coisas terrenas. Isto mesmo; se o deus é o ventre... seu tesouro é terreno, suas esperanças limitas e baseadas no que se vê. Naquela época, muitos líderes pensavam nas benesses do império e tiravam proveito de suas posições para alcançar status terreno. Quando estava preso, Paulo diz que Demas havia amado o presente século. Em nossos dias não é diferente, muitos usam o nome de Deus para construir seus  impérios; fazem verdadeiras fortunas e vivem uma vida nababesca com carrões de luxo. O lamentável é que tudo isto é feito em nome da fé, financiados por seguidores cegos. O conselho de Paulo serve para os nossos dias quando diz que precisamos pensar nas coisas que são de cima e não nas que são da terra. Em outra passagem diz que convêm atentar para as coisas que não vemos, pois as que vemos são temporais, mas as que não vemos são eternas. Urge orarmos a Deus e vivermos debaixo de sua graça para que não venhamos iludir com as coisas passageiras.
            Que sejamos apologistas da Cruz de Cristo como Paulo. Para Stott, em seu livro "A Cruz de Cristo"; a cruz é o símbolo da fé cristã e da revelação de Deus em Jesus Cristo e que toda luta da Reforma protestante não passou de busca em resgatar o verdadeiro significado da Cruz de Cristo.
            Que Deus nos ajude!