A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Resultado de imagem para A visão de Isaías
A Vocação de Isaías
            
             Uma das chamadas mais lindas da Bíblia Sagrada é a chamada de Isaías. Deus o vocaciona de maneira sobrenatural; se revela a alguém que estava envolvido com a liturgia judaica, mas precisava de ser impactado pela majestade de Deus. Em tempos de degradação moral e espiritual, Deus desperta o fervor profético de um homem e faz com que se torne um profeta de autenticidade.
            O texto nos relata que a chamada de Isaías é datada da seguinte forma: "No ano que morreu o Rei Uzias", aproximadamente 740 aC.
            Segundo alguns historiadores, Isaías tinha um grau de parentesco com o Rei. Quem sabe pela proximidade com o palácio ou pela vida de influência, talvez Isaías não sentisse tanto o ardor da chamada profética. Mas no mesmo ano, que houve uma perda significativa, Isaías teve uma visão poderosa e impactante que mudou a trajetória de sua vida e ministério. O texto sagrado diz: "... eu ví o Senhor assentado num alto e sublime trono". O que legitima uma visão é o que ela promove em nós.
            Muitas vezes, passamos por momentos de perdas significativas; pode ser na área financeira, emocional ou física, não podemos desesperar, pois Deus sabe o que faz. Nós vemos apenas parte da nossa vida, Deus conhece a nossa existência por completo. Talvez todas estas questões incompreendidas sejam deliberações divina para nos levar a um patamar maior de glória, de intimidade e de responsabilidade ao comissionamento celestial. Às vezes, preme perdemos algo, para termos experiências mais significativas e sobrenaturais.
            O Contexto da chamada de Isaías nos chama muito a atenção. A nação estava passando por um momento de declínio e trevas espirituais. O culto se tornou apenas um ritual, os holocaustos e sacrifícios haviam perdido a essência. As mulheres estavam negligenciando as suas atividades e caindo em prostituição. A prática de venda e compra de sentenças pelos príncipes e juízes eram comuns. O grau de corrupção da nação estava em proporções incalculável.
            Diante deste quadro nefasto e corrupto, Deus se manifesta a Isaías e o vocaciona com uma mensagem exortativa e ao mesmo tempo consoladora para mudar a história de uma nação, fazendo-lhe revelações profundas.
            Ao olharmos para o caos estabelecido no mundo, vemos que é um momento similar ao vivido por Isaías. Deparamo-nos hoje com igrejas abarrotadas de cultos à personalidade, pessoas preocupadas em conquistas terrenas e pessoais e morrendo de inanição espiritual. No âmbito político, os escândalos não param, os processos não saem dos calhamaços judiciais. Humanamente falando, tudo caminha para o caos. Mesmo diante desta calamidade, Deus sempre chama homens para fazer a diferença. O agir de Deus não está limitado a tempo ou a momento histórico. Vocação independe de circunstâncias.
            Que nesta lassidão espiritual, venhamos estar sensíveis à voz divina. Que nossos corações venham clamar por uma experiência genuína e cabal com Deus, e assim; venhamos mudar a história do mundo com a voz profética, a voz do evangelho.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016


Resultado de imagem para a mulher de lóLembrai-vos da Mulher de Ló



            Jesus em seu discurso sobre os sinais da Volta do Filho do Homem, fez questão de frisar sobre o trágico fim da mulher de Ló, ao dizer: “Lembrai-vos da mulher de Ló”. Indubitavelmente, este evento nos traz lições no que tange à nossa conduta diante de uma ordem divina.

            Em Gênesis 18 vemos o desenrolar desta história; quando o texto sagrado nos diz que o “Clamor de Sodoma e Gomorra tem se multiplicado e o seu pecado tem agravado muito”. Diante disto, Deus diz que vai destruir estas duas cidades, mas salvaria Ló e sua família. Em Gn 19:16-17, observamos que os anjos tiraram Ló e sua família à força e disse para que eles não olhassem para trás. Quando estavam saindo, a mulher de Ló olha para trás, convertendo-se em uma estátua de sal.

            O que me intriga na narrativa é porque a mulher de Ló olhou para trás? Por que apesar de sair escoltada por anjos ela olhou para trás? Por que diante da companhia familiar, ela olhou para trás?

            Diante de tais inquirições, percebemos que o que permeava o coração da mulher de Ló falava mais alto do que a ordenança divina. Durante muitos anos, a família de Ló morou naquela cidade, criou laços de amizade, construiu uma história e uma vida financeira estável. Quando a mulher de Ló olha para trás, nos mostra o quanto é difícil abrir mão das coisas que conquistamos, mesmo diante do imperativo divino. O lar estava lá, seus bens materiais estavam lá, seus amigos estavam lá, seus prazeres estavam lá. Nos dias atuais, a história se repete, pois muitos tem se preocupado com conquistas terrenas e materiais, valorizam mais o que possuem do que a própria essência da vida. São capazes de perder a alma e a dignidade para conquistar seus objetivos egoístas; tornando-se uma pessoa petrificada, pois não vive, não sente e não compartilha. Salomão nos exorta a guardar o coração, pois dele se procede as saídas da vida; Jesus nos diz que onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração.

            Outro aspecto a pontuar é que a mulher de Ló quando olha para trás evidencia uma corrente com o passado. Olhar para trás é olhar para o passado; é achar que não existe esperança e nem possibilidade de uma vida melhor que a antiga. Ela preferiu olhar para o que tinha do que aquilo que poderia ter... valorizar mais o que vivia do que aquilo que poderia viver. Quantos de nós hoje, vivemos na mesma lógica e dinâmica desta mulher; sempre valorizando o passado, presas aos traumas, às frustrações, às derrotas; não acreditando nas vitórias e nem nas mudanças. Quando Deus dá a ordem para fugir disse: “Fuja para as montanhas”. Fugir para as montanhas nos dá idéia de refúgio, lugares altos e proximidade com os céus. Acredite, Deus sempre terá um futuro melhor para você. Rompa com os medos, com as algemas existenciais e acredite no novo de Deus em sua vida.

            Em terceiro lugar, a curiosidade fez aquela mulher olhar para trás. Imagine a cena daquela família escapando para as montanhas e de repente começa a escutar os trovões e o estrondo da destruição; os olhos percebendo os clarões do fogo e saraiva e o corpo sentindo a temperatura de todo aquele momento. Diante de tantas emoções e sentimentos habitando o ser daquela mulher, quem sabe em um momento de fragilidade e impulso, a curiosidade fala mais alto, ela olha para trás e morre. O mesmo acontece hoje, a curiosidade tem tomado conta das pessoas... muitos perdem horas olhando o “Facebook e Instagran” para ver onde as pessoas estão e o que estão fazendo. Temos a necessidade de saber o que se passa na casa do vizinho e esquecemos da nossa casa... queremos educar os filhos dos outros e esquecemo-nos dos nossos. A curiosidade, já dizia os antigos que mata. João nos adverte a olhar para nós mesmos para não perdermos o inteiro galardão. Paulo no texto áureo da santa ceia adverte: “examine-se a si mesmo”.

            Quando Jesus faz referência à mulher de Ló é porque sabia que mesmo passando anos e anos, muitas pessoas teriam a capacidade de refletir sobre a sua maneira de viver e ser.

            Que sejamos humildes o suficiente para reconhecermos nossa deficiência e sinceros para mudarmos, lembrando sempre que as escolhas são individuais. A família de Ló poderia ter chegado unida nas montanhas, mas sua mulher abriu mão de tudo por um único momento. Será que vale a pena... um momento de prazer .... uma traição ... um gole ... uma mentira ... uma tragada ...

            Pense nisto!