Reflexão sobre os 500 anos da Reforma
Protestante
Olhando
para o ambiente de trevas vivido no século XVI, onde imperava o declínio moral
e espiritual, apostasia doutrinária e várias práticas do paganismo, preme que
venhamos entender como uma igreja se desviou a tal ponto de perder sua
identidade e missão. Assim fazendo, poderemos entender a realidade eclesiástica
atual e o perigo que nos cerca.
Quero
apenas destacar 3 pontos que considero nevrálgico no que tange a derrocada da
igreja. A ordem que se segue não está no quesito de importância, mas sim uma
questão pedagógica para entendimento. Primeiramente, percebemos o intuito do
clero em ter fieis sem conversão. Nesta época a liderança estava preocupada em
encher os templos com os pagãos, pois o interesse era a quantidade e não a
qualidade. Tal obsessão propiciou a entrada de muitas práticas pagãs no culto. Infelizmente,
parece que estamos vivendo tempos similar aos da reforma, pois tais práticas estão
rondando muitos ambientes cristãos. Muitas igrejas tomadas pela visão
administrativa de seus líderes estabelecem metas, onde o número está acima da
qualidade. É desastroso percebemos que existe muitos adeptos e poucos fieis,
muitos simpatizantes e poucos discípulos, fãs e não adoradores. A consequência
disto é uma igreja fria, descompromissada com a verdade e sem identidade.
Um
outro fator a considerar era a comercialização na igreja, onde cada bispado ou
sede eclesiástica era visto como arrecadação financeira. Naquela época se fazia
dinheiro com as relíquias sagradas, vendia-se a salvação e até mesmo comprava o
perdão dos pecados antes mesmo de cometê-los. A cúria dava privilégios àqueles
que conseguiam maior arrecadação em suas paróquias. Era muito comum a pratica
da simonia (venda de coisas espirituais), sinecura (cargos públicos em troca de
favores), e o nepotismo. Ao analisar a igreja hodierna, o Rev. Hernandes Dias,
nos dias que hoje a palavra se tornou uma mercadoria, o pregador num vendedor,
os fiéis em consumidores e o púlpito em um balcão de negócios. É trágico e
triste, mas esta é a realidade da igreja 500 anos depois da Reforma. Uma igreja
que na pessoa de seus líderes se tornaram materialistas, consumistas e
mercantilistas. Neste trânsito religioso vale tudo para atrair o adepto com
suas cifras, comercializam tudo em nome da fé e de Deus.
Não
podemos nos olvidar ao estudar a história da igreja, que um outro fator que
contribui para tal declínio foi o casamento da igreja com o Estado. O fruto
deste casamento foi a corrupção desenfreada no clero. Nesta época de densas
trevas era notório o paradoxo vivido pela igreja, pois dentro das catedrais era
uma ostentação do clero, enquanto as pessoas viviam em estrema miséria e
pobreza. Hoje não é diferente, igrejas recebendo favores do estado em prol
apoio político, igrejas sendo usadas para lavar dinheiro, imperando assim o
pragmatismo clássico. O enriquecimento ilícito e a vida nababesca de muitos
pseudo lideres eclesiástico é evidenciado pelas posses financeiras e o
patrimônio de muitas igrejas. Na maioria das vezes o estilo de vida de alguns
líderes não condiz com a realidade de seus fiéis. A cristandade hodierna
precisa rever seus valores e buscar urgentemente a presença do Espírito Santo.
Diante
de tais desvios, Deus levantou homens que ficaram conhecidos como os
predecessores da Reforma, vejamos: Em 1324 Deus levanta um homem por nome João
Wicliffe que em suas homilias falava sobre a moralização da igreja e o
afastamento de líderes que tinham práticas pecaminosas e espúrias. Em muitos
sermões confrontava o clero sobre o seu enriquecimento e seus bens financeiros.
Suas ideias foram proibidas e condenadas pelo Concílio de Constança, em 1415.
Houve
um outro arauto neste tempo de crise (1369), foi João Huss; que em suas
prédicas condenava tenazmente as indulgências e a corrupção do clero. Sua
mensagem confrontou e incomodou tanto a cúria romana que além de ser
considerado herege, seu corpo foi queimado em praça pública. Depois de ser excomungado,
foi despido de suas vestes clericais, enfeitado com um chapéu de burro com
desenhos de demônios. A história nos lega que mesmo seu corpo sendo consumido
pelas chamas ele adorava ao Senhor.
Um
outro ícone deste tempo foi Girolamo Savonarola (1452), que atacava o mau
caratismo e os desmandos do Papa Alexandre VI. O resultado por ser um defensor
do verdadeiro evangelho foi a morte em uma forca e depois a incineração.
Depois de
todos estes, nasceu Lutero. Ao afixar as 95 teses na Catedral de Wittenberg,
Lutero estava dando um passo importante na história da Igreja, pois em suma; as
teses desafiavam a infalibilidade papal, defendia a supremacia das Escrituras
sobre a tradição, condenava as indulgências, a hierarquia clerical e a teologia
romana em geral. Como fruto da Reforma, surgiu uma igreja com profundidade nas
Escrituras e a Bíblia na mão do povo; contemplamos também uma igreja pura e
rica na missão de levar pessoas ao verdadeiro conhecimento da verdade.
Hoje, quando
comemoramos 500 anos da Reforma Protestante, fica-nos algumas lições, desafios
e responsabilidades. A convicção que temos das verdades do Evangelho é
suficiente para nos tornar um mártir da fé... neste período de densas trevas,
temos coragem para sermos instrumentos na mão de Deus... Será que estamos
sensíveis espiritualmente falando para escutarmos o clamor de Deus por
reformadores e profetas...
Que Deus
nos ajude a sermos agente de transformação e não meros expectadores da
história.
Verdades e mais verdades da realidade da igreja protestante de 500 anos de história
ResponderExcluirMuito bom, precisamos acorda pra essa realidade 🙏🏻🙏🏻🙏🏻
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirPrecisamos acordar pra essa realidade 🙏🏻🙏🏻🙏🏻