Rituais de Passagem e suas
Implicações na Sociedade Hodierna
A quase
total ausência de ritos de passagem que suportem a construção de laços sociais
e discursivos, ou seja, a falta de práticas que legitimam o sujeito em sua
comunidade, pode ser pensada como uma das causas do grande número de jovens
despreparados para as dificuldades da vida. Inadaptados à dura realidade do
mundo, muitos preferem existir como eternas crianças ou adolescentes, por isso,
não amadurecem de forma tranquila e saudável. Se antes a função das cerimônias
era ajudar a organizar uma pertinência discursiva e social na mudança de uma
idade a outra, com a perda de seu valor, encontramos jovens mais desorganizados
e desamparados na realidade em que vivemos.
Sem rituais de passagem que cumpram a função
de dispositivos sociais ordenadores, os jovens buscam substitutivos. Muitos
partem para algumas transgressões, como por exemplo, o uso de drogas. Outros se
ligam ao consumismo e, toda vez que compram um objeto atribuem um valor a ele
até o substituir por outra coisa, conjugando, desse modo, de um imediatismo
narcísico muito próprio da sociedade fragmentada da atualidade, ou seja, os
indivíduos buscam suas identidades a partir dos objetos que consomem.
Se, por
um lado, os rituais suportam significados, eles ajudam a dar um norte para o
sujeito, uma vez que lhe conferem um lugar social e propagam valores a serem
seguidos. Em contrapartida, os objetos frutos de nosso consumo são voláteis,
portam valores temporários e não sustentam nenhuma estrutura simbólica.
Isso
não significa que os rituais em si morreram completamente. Mas vivemos em uma
legalidade tão perversa que deixamos nossos filhos se perderem, nossos valores
se dissolverem e dizemos ... é a modernidade ... hipócritas quando dizemos que
hoje os valores que compartilhamos são mais diversificados.
A forma como lidamos com o casamento, o batizado e demais cerimônias
possui agora novos significados, formatos e espaços. Na contemporaneidade, os
ritos de passagem estão distanciados do sagrado, são incapazes de cumprir as
funções anteriores, mas, ainda assim, continuam presentes, embora sem as mesmas
funções de antes ... mascaramos nossos valores e dizemos que somos livres ...
maquiavélicos quando nos perdemos nesse mundo cheio de promiscuidade e
aceitamos como liberdade de expressão ....
Pense e repense onde estão os valores, a moral e a
ética que você um dia pregou?
Por Maíra de Melo Roza