A Morte na Panela
“E, voltando Elizeu
a Gilgal, havia fome naquela terra, e os filhos dos profetas estavam
assentados na sua presença; e disse ao seu servo: Põe a panela grande ao lume,
e faze um caldo de ervas para os filhos dos profetas. Então um deles saiu ao
campo a apanhar ervas, e achou uma parra brava, e colheu dela enchendo a sua
capa de colocíntidas; e veio, e as cortou na panela do caldo; porque não as
conheciam. Assim deram de comer para os homens, e sucedeu que, comendo eles
daquele caldo, clamaram e disseram: homem de Deus, há morte na panela.
Não puderam comer. Porém ele disse: Trazei farinha. E deitou-a na
panela, e disse: Dai de comer ao povo. E já não havia mal nenhum na panela”.
(II Rs 4:34-41)
Meditando no texto acima, percebo o
quanto atravessamos dias semelhantes ao vivido pelo profeta Elizeu, pois diante
de tanta cristandade, movimentos religiosos, seminários e conferências, é
perceptível a fome espiritual que estamos vivendo. O texto nos diz que
“havia fome naquela terra”. Lógico que no texto, a fome era literal, as
pessoas não tinham o que comer, suas necessidades básicas não estavam sendo
saciada, chegando a desfalecer.
Aplicando ao lado espiritual
contemplamos pessoas desnutridas, raquíticas e com deficiência no
desenvolvimento de suas habilidades, pois estão com fome. Desnutridas, pois não
se alimentam das vitaminas essenciais e sim de enlatados, conservas e
fast-foods; raquíticas, pois sua dieta espiritual se concentra apenas aos
domingos e existe uma negligência quanto ao estudo da Bíblia. Esta fome está
evidenciada pela pobreza das mensagens que se resumem a frases de efeito.
Para John Piper vivemos em uma
triste época onde a falsa teologia da prosperidade tornou níveis que nunca
imaginaríamos. As pregações hoje deturpam textos bíblicos, são regadas de
emocionalismo e falsas profecias.
Outro fator interessante no texto é
que os filhos dos profetas em vez de colher ervas, pegaram colocíntidas, o
texto diz: “porque não as conheciam”. A Falta de conhecimento nos leva a
cometer grandes equívocos e colocar muitos em perigo. A Colocíntida era
trepadeira ornamental de flores com corola amarela, e frutos com manchas
amarelas e verde-escuras, de várias formas, se caracterizando por ser venenoso
e de sabor amargo. Quem sabe os mesmos se sentiram atraídos pelo colorido das
flores e não atentaram para o sabor ou o conteúdo escondido diante de tanta
exuberância. Infelizmente vivemos uma época onde as pessoas não sabem
diferenciar certo e errado, verdade e falso, evangelho de pseudo-evangelho.
John Piper nos diz: “Esse lixo de teologia tem destruído muitas mentes. Muitas
pessoas têm sido levadas a cair nestes enganos. Até mesmo muitos cristãos
maduros têm resíduos deste fermento herético em suas massas”. Falta
conhecimento bíblico e teológico. A Falta de discernimento espiritual nos leva
a valorizar o invólucro, a embalagem, aquilo que o marketing produz e
esquecemo-nos de atentar para o conteúdo.
Como resultado do engano cometido
pelos filhos dos profetas um alimento que era para saciar a fome passou a ter
morte. O texto nos diz que “existia morte na panela”. Toda a esterilidade
eclesiástica, corrupção nos guetos evangélicos e escândalos envolvendo
ministérios são indícios de morte na panela. A Morte foi gerado pela substituição
de um ingrediente que era para alimentar, em vez de ervas; colocíntidas. Toda
esta crise evidenciada no cristianismo tem suas origens no alimento que estamos
fornecendo. Diante da fome, precisamos dar o verdadeiro alimento.
Na opinião do Rev. Hernandes vivemos
hoje um evangelho híbrido, sincrético e místico. Diante deste prisma a Bíblia é
usada de maneira mágica para sustentar as heresias de pastores ensandecidos,
que buscam a todo custo o lucro e a promoção pessoal.
A solução para retirar a morte que
ronda a igreja hodierna é a farinha. O Profeta Elizeu mandou que colocasse
farinha na panela. A Farinha aqui é literal, mas em seu sentido figurado
representa a palavra de Deus; sendo assim, a solução para extirpar este câncer
que anda matando a igreja e a quimioterapia chamada Palavra de Deus.
Deus e a sua infalível palavra deve
ser a centralidade do culto.
Indubitavelmente, precisamos voltar
para a leitura da palavra. É necessário investir no estudo sistemático das
Escrituras e priorizarmos a pregação expositiva em nossos cultos.