A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

quinta-feira, 23 de julho de 2015


A Morte na Panela


“E, voltando Elizeu a Gilgal, havia fome naquela terra, e os filhos dos profetas estavam assentados na sua presença; e disse ao seu servo: Põe a panela grande ao lume, e faze um caldo de ervas para os filhos dos profetas. Então um deles saiu ao campo a apanhar ervas, e achou uma parra brava, e colheu dela enchendo a sua capa de colocíntidas; e veio, e as cortou na panela do caldo; porque não as conheciam. Assim deram de comer para os homens, e sucedeu que, comendo eles daquele caldo, clamaram e disseram: homem de Deus, há morte na panela. Não puderam comer. Porém ele disse: Trazei farinha. E deitou-a na panela, e disse: Dai de comer ao povo. E já não havia mal nenhum na panela”. (II Rs 4:34-41)


            Meditando no texto acima, percebo o quanto atravessamos dias semelhantes ao vivido pelo profeta Elizeu, pois diante de tanta cristandade, movimentos religiosos, seminários e conferências, é perceptível a fome espiritual que estamos vivendo. O texto nos diz que “havia fome naquela terra”. Lógico que no texto, a fome era literal, as pessoas não tinham o que comer, suas necessidades básicas não estavam sendo saciada, chegando a desfalecer.
            Aplicando ao lado espiritual contemplamos pessoas desnutridas, raquíticas e com deficiência no desenvolvimento de suas habilidades, pois estão com fome. Desnutridas, pois não se alimentam das vitaminas essenciais e sim de enlatados, conservas e fast-foods; raquíticas, pois sua dieta espiritual se concentra apenas aos domingos e existe uma negligência quanto ao estudo da Bíblia. Esta fome está evidenciada pela pobreza das mensagens que se resumem a frases de efeito.
            Para John Piper vivemos em uma triste época onde a falsa teologia da prosperidade tornou níveis que nunca imaginaríamos. As pregações hoje deturpam textos bíblicos, são regadas de emocionalismo e falsas profecias.
            Outro fator interessante no texto é que os filhos dos profetas em vez de colher ervas, pegaram colocíntidas, o texto diz: “porque não as conheciam”. A Falta de conhecimento nos leva a cometer grandes equívocos e colocar muitos em perigo. A Colocíntida era trepadeira ornamental de flores com corola amarela, e frutos com manchas amarelas e verde-escuras, de várias formas, se caracterizando por ser venenoso e de sabor amargo. Quem sabe os mesmos se sentiram atraídos pelo colorido das flores e não atentaram para o sabor ou o conteúdo escondido diante de tanta exuberância. Infelizmente vivemos uma época onde as pessoas não sabem diferenciar certo e errado, verdade e falso, evangelho de pseudo-evangelho. John Piper nos diz: “Esse lixo de teologia tem destruído muitas mentes. Muitas pessoas têm sido levadas a cair nestes enganos. Até mesmo muitos cristãos maduros têm resíduos deste fermento herético em suas massas”. Falta conhecimento bíblico e teológico. A Falta de discernimento espiritual nos leva a valorizar o invólucro, a embalagem, aquilo que o marketing produz e esquecemo-nos de atentar para o conteúdo.
            Como resultado do engano cometido pelos filhos dos profetas um alimento que era para saciar a fome passou a ter morte. O texto nos diz que “existia morte na panela”. Toda a esterilidade eclesiástica, corrupção nos guetos evangélicos e escândalos envolvendo ministérios são indícios de morte na panela. A Morte foi gerado pela substituição de um ingrediente que era para alimentar, em vez de ervas; colocíntidas. Toda esta crise evidenciada no cristianismo tem suas origens no alimento que estamos fornecendo. Diante da fome, precisamos dar o verdadeiro alimento.
            Na opinião do Rev. Hernandes vivemos hoje um evangelho híbrido, sincrético e místico. Diante deste prisma a Bíblia é usada de maneira mágica para sustentar as heresias de pastores ensandecidos, que buscam a todo custo o lucro e a promoção pessoal.
            A solução para retirar a morte que ronda a igreja hodierna é a farinha. O Profeta Elizeu mandou que colocasse farinha na panela. A Farinha aqui é literal, mas em seu sentido figurado representa a palavra de Deus; sendo assim, a solução para extirpar este câncer que anda matando a igreja e a quimioterapia chamada Palavra de Deus.
            Deus e a sua infalível palavra deve ser a centralidade do culto.
            Indubitavelmente, precisamos voltar para a leitura da palavra. É necessário investir no estudo sistemático das Escrituras e priorizarmos a pregação expositiva em nossos cultos.

quinta-feira, 16 de julho de 2015


A Inveja e seus Males

 
            A Bíblia apresenta a história do povo hebreu e o relacionamento entre si e com Deus, bem como a plano da salvação; nestes pormenores de relacionamento interpessoal, alguns sentimentos vão aflorando, uns ruins e outros bons.
            Logo no primeiro livro da Bíblia encontramos o primeiro homicídio. A triste história de Caim e Abel. O relato nos mostra que ambos ofereceram sacrifício a Deus, mas Deus atentou para a oferta de Abel e rejeitou a oferta de Caim. Aqui percebemos a primeira inveja, pois quando Caim viu que a oferta de Abel foi aceita e a sua não, começou a invejar seu irmão. Este sentimento é tão pernicioso que age internamente tomando os porões da nossa consciência, desenvolvendo a falsidade, pois a pessoa tomada pela inveja, muitas vezes não a admite.
            Caim chegou a ponto de matar seu irmão, pois ela difícil conviver com esta inferioridade gerada por si mesmo. Aqui entra o primeiro engodo, pois Caim pensava que liquidando seu irmão estava acabando com a inveja; é a inveja que precisa sair de nós.
            Em nossos dias não é diferente, pois constantemente as pessoas invejam o casamento das outras, o trabalho, e o ministério. A inveja, além de ter a sua origem no Diabo é germinada em pessoas que não sabem lhe dar com o crescimento do próximo e com o sucesso das pessoas; em sua grande maioria são pessoas que não lutam, vivem a mercê da sorte ou injustiçadas com a aparente contradições da vida. O sábio Salomão chegou a declarar que inveja apodrece os ossos (Pv 14:30). É um câncer que vai destruindo a vida das pessoas, impedindo-as de serem felizes e de conviver em harmonia com as pessoas. Paulo, em sua epístola enfatiza que a inveja é obra da carne, e os que cometem tal coisa não herdarão o reino de Deus (Gl 5:21).
            Um outro relato bíblico que percebemos este sentimento e o de José com seus irmãos. Os irmãos de José o invejavam tanto que o venderam a uma caravana de ismaelistas e mentiram para seu pai sobre o seu paradeiro. Lutaram tanto para se livrar de José e depois viveram atormentados com uma mentira que não podia compartilhar com ninguém. Viveram presos a um problema que preferiram vender a resolver. O problema não era José e sim a maneira como eles observavam a vida. Este problema dos irmãos de José afetou toda a família, fazendo-os a viver uma vida cheia de intriga, doentia e amarga.
            As pessoas estão tão inebriadas com o câncer da inveja, lamuriando-se com seus fracassos e estado de miséria que se recusam a acreditar que o problema está nas suas decisões erradas e a maneira insana de viver e enxergar a vida. Que venhamos a aprender a exorcizar os fantasmas que criamos e nos assombram para desfrutar da beleza da vida em sociedade.
            O que dizer do sentimento que Saul passou a ter de Davi após a luta com o gigante Golias. A Bíblia relata que Saul ficou indignado com os cânticos que as pessoas entoavam quando Davi venceu o gigante. A partir deste momento, Saul procurou matar Davi, pois a inveja o dominava. Ele sabia que Davi seria seu substituto e estava tirando sua popularidade com o povo.
            Este sentimento de tristeza diante do que o outro tem e é tem destruído muitas pessoas e porque não dizer líderes. Vivemos num contexto, onde vigora uma visão predatória e de competição em que o destaque no ministério ou na empresa gera desconforto em muitas pessoas. Este desconforto gera nas pessoas um sentimento de inferioridade levando-as a maltratarem e diminuírem as outras pessoas para se sentirem no mesmo nível, e até mesmo melhor. Davi, teve duas oportunidades para acabar com Saul com a espada, mas não o fez, pois entendia que a unção de Deus estava sobre Saul.
            Ao se tratar de invejosos, não podemos revidar, mas sim orar e ajudar, pois são pessoas que precisam de ajuda. Tiago nos adverte que onde existe inveja e espírito faccioso, existe perturbação e toda obra perversa (Tg 3:16).
            Não nos esqueçamos que o nosso maior exemplo, JESUS, foi entregado para ser julgado e crucificado por inveja (Mt 27:18). Aprendamos com Ele. Podem crucificar e matar, mas Deus ressuscita e o exalta soberanamente.

terça-feira, 7 de julho de 2015


Verdades Missionárias em Atos 13

 
Um dos maiores missionários do Novo Testamento, o apóstolo Paulo, indubitavelmente nos ensina com suas atitudes, escritos e a maneira como executava a obra de Deus. Diante de tantos desafios missionários, preme que olhemos para a vida deste arauto do evangelho e aprendamos com ele a viver incondicionalmente pela causa máxima de um chamado: desempenhar com excelência o ministério recebido do Senhor.
O grande apóstolo dos gentios nos ensina em Atos 13 que Deus é que comissiona para a obra missionária. O texto bíblico nos revela que estavam eles servindo ao Senhor, quando o Espírito Santo disse: “Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra que eu os tenho chamado”. O comissionamento divino é imprescindível no envio de missionários.
Um dos homens mais preparados do Novo testamento está sendo comissionado por Deus para gastar a sua vida fazendo missões. Talvez, em nossos dias, muitos não enviariam Paulo ao campo, pois este era o grande teólogo e ensinador, mas também um grande desbravador para levar o evangelho aos gentios.
Infelizmente falta critério no envio de missionários hoje, estatísticas nos mostram que mais de 50% dos que são enviados ao campo, não voltam trazendo seus molhos, mas sim frustrações e decepções. O próprio Jesus nos disse para orarmos ao Senhor da seara para que mande trabalhadores; o que aprendemos aqui é que Deus designa trabalhadores aos campos missionários.
Em Atos 13, Paulo nos ensina que precisamos ser enviado ao campo. O texto nos diz que “depois de jejuarem e orarem, puseram sobre eles a mãos, e os despediram”. Isso nos evidencia que Paulo saiu com as bênçãos do ministério e de sua igreja. É necessário que o missionário seja enviado. Willian Carey, pai das missões modernas, quando estava sendo enviado disse: “estou descendo em busca de almas, mas vocês precisam segurar a corda”. Quando a igreja envia missionário existem algumas verdades que precisamos considerar.
Quando a igreja envia, ela deve-se comprometer com o missionário. O comprometer significa dar todo o apoio que o enviado precisa para o bom funcionamento da obra de Deus, mormente em orações e financeiramente. Um dos grandes males é que muitas igrejas depois de enviar missionários, o abandona no campo e não honra os compromissos financeiros.
Outro ponto a considerar é que o missionário passa a ser o representante da igreja no campo. O fato da igreja orar e impor as mãos implica em delegar autoridades e poder para ser o representante da igreja no campo missionário. Este ato é importantíssimo, pois o missionário é enviado debaixo das bênçãos ministeriais e eclesiásticas, suporte necessário no campo.
Infelizmente não sabemos, quanto tempo durou entre o comissionamento e o envio de Paulo, mas o certo é que precisamos entender que entre o comissionamento e o envio necessita de preparo. Paulo era um homem preparado e versado nas leis, mas precisava de estratégias missionárias.
Hoje não é diferente, Deus vocaciona, a igreja envia, mas o enviado deve se preparar. Temos várias escolas de cunho missiológico para que o vocacionado vem se preparar teologicamente, biblicamente e culturalmente. Quando não existe o preparo e etapas são queimadas pode comprometer todo o processo e os planos serem frustrados, mormente em missões transculturais onde ocorrem os “choques culturais”, a barreira do idioma ou dialetos e a não adaptação do missionário no campo.
Precisamos sim, orar pedindo Deus para vocacionar obreiros, preparar candidatos para o exercício missionário e posteriormente enviar aos campos que estão brancos para a ceifa. Existem vários desafios missionários; o maior deles é a janela 10-40, composta por 62 países, 2.3 bilhões sem conhecimento de Cristo, 97% dos povos não alcançados, 99% dos pobres menos evangelizados do mundo.
Hudson Taylor nos diz que "a obra de Deus começa difícil, torna-se impossível e então é feita".
            Façamos missões enquanto é dia, pois a noite vem enquanto ninguém pode trabalhar.