A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

segunda-feira, 25 de maio de 2015


Implicações Teológicas em Atos 1:8


            Vejamos o que nos diz a versão do Novo Testamento Grego Interlinear: “Mas recebereis poder descendo o Santo Espírito sobre vós e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até a extremidade da terra”.
            A primeira expressão a destacar é a palavra poder. Sobre o termo “poder”(dunamis), Vine nos fala que “relativamente  denota habilidade, aptidão para executar qualquer coisa, poder para trabalhar e levar algo a efeito”. Para Champlin, “o vocábulo grego aqui traduzido por poder, é dunamis, de onde se origina a palavra dinamite, dando a idéia de força e energia e até mesmo dinamismo”.
Diante de tais conceitos, deduzimos que este revestimento de poder, traz-nos a idéia de alguém que adquiriu atributos ou características especiais. Este poder traz dinamismo, autoridade e ousadia na vida das pessoas. E é isto mesmo que os mensageiros do reino precisam para alcançar progresso nas boas novas em um mundo hostil. É necessário entender que o poder de Deus é imprescindível na vida de todo aquele que tem a responsabilidade de propalar o Evangelho do Reino. Fica evidente, a partir do versículo em questão, que esta tarefa é confiada a seres humanos muito falíveis que nada podem fazer por seu próprio poder, mas que dependem continuamente do poder que lhes é dado pelo Espírito Santo.
Vale ressaltar a importância da expressão testemunhas. Este termo no original “martures”, segundo Champlim, veio tomar o moderno sentido de mártir, pois o vocábulo grego “marturion” é usado no grego koiné para indicar martírio e não mero testemunho, ainda que ordinariamente, signifique testemunho, prova ou evidência. Vine, vai dizer que este termo denota “aquele que pode declarar ou declara o que viu, ouviu ou soube, isto dando testemunho com sua morte”.
Depois de estudar este termo, o que fica claro é que o verdadeiro discípulo de Jesus tem tanta convicção da verdade que pulsa em seu coração que está disposto a morrer por ela. Esta é a suma dada por Lucas, pois o Mestre acreditava tanto em sua missão que morreu por ela. Nós, como seus fiéis discípulos precisamos ter convicção de nossa missão para que possamos, se possível for, confirmar nossa pregação com nosso sangue.
Os apóstolos levaram o IDE de Jesus a sério. Eles realmente encarnaram a Palavra da Cruz. Eles decidiram morrer, mas não deixaram de anunciar o encargo que estava sobre seus ombros. Vejamos o fim dos tais: “Simão Pedro foi crucificado de cabeça para baixo; André foi crucificado, mas antes foi açoitado; Tiago foi decapitado; João morreu naturalmente aos 103 anos; Judas foi Martirizado na Pérsia; Felipe foi Apedrejado, morreu coberto de sangue com a mão sobre o peito; Bartolomeu foi esfolado; Mateus foi Martirizado na Etiópia; O incrédulo Tomé foi Mártir na Etiópia com flechas cravadas no corpo; O mestre amado Lucas foi enforcado; Marcos foi arrastado pelas ruas de Alexandria até expirar e Paulo foi Apedrejado e decapitado”.
A vida e a morte de muitas pessoas dependem de nosso testemunho. Paulo, um dos maiores ícones missionários do Novo Testamento, encarnou bem esta verdade que chegou a dizer: “Se anuncio o evangelho não tenho de que me gloriar, pois me é imposta esta obrigação e ai de mim se não anunciar”. A vida deste apóstolo só tinha sentido de se viver se estivesse efetuando a obra de Deus.
Outra implicação é a expressão “tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia, e Samaria e até os confins da terra”. O que Jesus queria enfatizar é que não era para valorizar mais uma em detrimento da outra, e sim que a obra missionária tem de ser proporcional; não pode haver atrito entre missões nacionais e missões estrangeiras. A obra missionária deve ser feita o mais simultaneamente possível, precisamos nos preocupar com os becos da cidade (Lc 14:21); com toda a cidade (Lc 9:6); com todas as nações (Mt 28:19) e com todo o mundo (Mc 16:15).
A passagem bíblica em questão nos leva a meditar que a obra missionária deve romper fronteiras. O desejo de ganhar almas e cumprir o propósito de Deus em nossas vidas deve ser maior do que qualquer barreira geográfica, cultural, religiosa, étnica e social.
A Igreja primitiva entendeu a urgência da obra missionária, por isso alcançou o mundo todo daquela época. Que Deus desperte a igreja hodierna baseado em Atos 1:8 para fazer Missões, pois Missões está no coração de Deus.

sábado, 16 de maio de 2015


Paulo um Exemplo Missionário
 
 
  
            Vivemos em pleno século XXI, século marcado pelas grandes descobertas, pelos avanços tecnológicos e muitas mudanças no âmbito social, político e religioso. Na atualidade, encontramos pessoas mais independentes, materialistas e consumistas querendo construir seu império nesta terra e esquecendo-se que a vida não é para sempre; estamos aqui só de passagem.
            As igrejas por sua vez, vivendo um cristianismo cada vez mais pobre e sem compromisso com os perdidos. Observamos o grande paradoxo vivido pela igreja hodierna; boa parte da liderança constrói templos cada vez mais suntuosos enquanto o investimento no campo missionário é pífio. Nunca houve tantos pastores com alto poder aquisitivo enquanto o missionário é um chamado quase inexistente. A moda hoje é ser pastor presidente ou itinerante. Está faltando missionário do calibre do apóstolo Paulo.
            Buscando nas páginas da Bíblia, mormente na vida do Apóstolo Paulo, convido-vos a meditar em alguns pormenores que precisamos resgatar para que o nosso viver e a nossa igreja desemboque em Missões.
            Paulo nos ensina que ser chamado por Deus implica em ouvir e obedecer a sua voz. Em vários momentos de seu ministério é perceptível a sensibilidade paulina à voz divina. Em Atos 13 ele ouviu o Espírito o separando para a obra missionária; em sua segunda viagem missionária entendeu que o Espírito Santo estava impedindo-o de ir para região da Ásia. A grande lição é que uma vez chamado por Deus, precisamos deixá-lo reger a nossa vida. Infelizmente vivemos dias em que as pessoas estão ouvindo outras vozes e não a de Deus, pessoas estão deixando o dinheiro, a fama e os holofotes regerem sua vida; urge que venhamos ouvir a voz de Deus. O grande brado de Deus neste século continua sendo o mesmo escutado por Isaías: “A quem enviarei, quem há de ir por nós?”
            Outra grande lição do apóstolo dos gentios é o sentimento pelos perdidos. Em At 17, quando estava em Atenas, seu espírito se comovia ao ver a cidade tão entregue a idolatria. Paulo tinha uma chama em evangelizar e ganhar almas para Cristo. Um dos grandes males em nossos dias é a apatia no que tange aos perdidos. Contemplamos a violência dizimando pessoas todos os dias e não ficamos comovidos; presenciamos a droga destruindo vidas e famílias e não nos sensibiliza. Este século tem sido marcado pelo suicídio, pelos assassinatos e enésimos distúrbios psíquicos, no entanto; isto não faz uma lágrima sequer rolar de nossos olhos. Precisamos ter este sentimento que é fundamental na obra missionária. Que venhamos fazer a mesma oração de Jeremias: “Oxalá que minha cabeça se tornasse em água e os meus olhos em fontes de lágrimas, para chorar de dia e de noite os mortos da filha do meu povo”.
            A visão missionária de Paulo contribuiu grandemente para o avanço do Evangelho. A visão de Paulo no que tange à missões era simples; empreender viagens missionárias, plantar igrejas, treinar líderes locais e escrever cartas para a edificação das mesmas. Em seu labor missionário, Paulo empreendeu três viagens missionárias, passando por lugares estratégicos, fundando igrejas e ensinando as escrituras. Em nossos dias temos um gasto excessivo com missionários que ficam muitos anos no campo e não treina líderes e nem estruturam igrejas nas escrituras. Uma estatística revela que de cada 10 missionários enviados, 6 voltam frustrados e desamparados pela sua igreja. Precisamos repensar a nossa missiologia; precisamos aprender com Paulo a fazer missões. Mateus em seu relato foi enfático ao dizer que o ide está associado ao ensino das Escrituras.
            Deus conta conosco para uma grande obra, que venhamos despertar de nossos sonhos, abrir mão de nossos projetos e nos apaixonar com aquilo que fez Deus se tornar humano e morrer na cruz do calvário... Almas. Que nossa oração venha ser a mesma de John Ryde, missionário que ganhou 100 mil indianos para Cristo: “Dai-me almas, senão eu morrerei”.

           

sexta-feira, 8 de maio de 2015


Deserto – A Pedagogia Divina


            Olhando algumas passagens da Bíblia sobre o Deserto, vejo o quanto Deus gosta deste lugar para forjar pessoas para uma grande obra. Vejamos que Moisés viveu 40 anos sendo preparado para liderar um povo; Paulo passou pelo Deserto da Arábia para se tornar o grande apóstolo de Cristo. O que dizer de Elias que passou pelo Ribeiro de Querite?
Por que um lugar tão inóspito, adverso, de temperaturas elevadas, cheio de animais peçonhentos é o lugar predileto de Deus preparar obreiros de valor. Abraham Lincoln pode dizer que a pedagogia de Deus dói, mas funciona.
Vamos pegar primeiramente o profeta Elias que fez proezas em Israel em nome de Deus; quando Deus o manda para o Ribeiro de Querite, Deus tinha propósitos. A Palavra Querite significa “cortar na forma correta”, ou seja, tirar as arestas. Neste ribeiro o profeta estava sozinho e passou necessidade sendo alimentado através de corvos que levavam comida. A moral da história é que precisamos confiar que temos um Deus provedor e que usa as coisas e seres mais improváveis para o nosso sustento.
A grande lição aqui é que antes de fazer fogo cair do céu e matar profetas de Baal, antes de mostrar a Israel o verdadeiro Deus, antes de ungir seu sucessor Elizeu é necessário ter um Querite em nossa vida, um lugar que mude o nosso caráter para que venhamos ser verdadeiramente homens de Deus. Aqui é o lugar de nos preparar para uma obra ainda maior. O nosso ministério será reconhecido e marcado pelo deserto que passamos.
Na história de Moisés, é interessante notar que mesmo depois de 40 anos no Egito, Deus ainda prepara Moisés por mais 40 anos no Deserto cuidando de ovelhas quando um belo dia é traído por uma sarça que ardia em fogo e não se consumia. Duas coisas acontecem quando estamos no deserto da provação; uma é entender a nossa dependência de Deus e a outra e ter as maiores revelações de nosso ministério. Moisés naquele deserto de Midiã teve uma experiência que mudou a sua vida para sempre. Aquela experiência transformou Moisés criador de rebanhos em um grande líder e de um assassino em um grande libertador.
Infelizmente vivemos em uma época em que as pessoas não querem se submeter à pedagogia divina, e por isso vivenciamos tanta escassez de visão na liderança, falta de experiências genuinamente bíblicas. Existem revelações que se encontram na solidão do deserto, diante de animais peçonhentos e nas situações mais adversas de nossa vida.
Paulo, o grande apóstolo dos gentios, um dos homens de maior proeminência no Novo Testamento teve o grande deserto da Arábia em sua vida. O que destaco deste deserto é o anonimato. Imagine naquela época o maior perseguidor dos cristãos Saulo, agora era crente e pregava o evangelho. Neste momento Deus o leva para o deserto para trabalhar em sua vida. Vivemos a época das celebridades e dos grandes artistas “gospel”, onde a fama e o sucesso estão acima de tudo e muitos ainda ostentam a “ex” vida de sucesso do mundo. Algumas coisas são visíveis na conversão de Saulo; primeiro cai do cavalo e depois fica cego. Depois Deus tira Paulo dos holofotes e o leva para o anonimato do deserto.
O Pr. Claudionor de Andrade proferiu certa vez que “a fama esculpe ídolos, mas a unção forja profetas”. Este foi o grande diferencial na vida de Paulo, foi forjado por Deus no Deserto para ser um missionário que fundou várias igrejas, delegou autoridade a presbíteros e escreveu várias epístolas objetivando fortalecer e edificar as igrejas no Evangelho.
Diante do exposto, vemos que os homens que fizeram a diferença em seu tempo foram homens que viveram e experimentaram o deserto em sua vida. O deserto ainda continua sendo o lugar predileto de Deus para forjar obreiros para sua seara. Que venhamos conhecer a pedagogia de Deus – O Deserto.