A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

As Raposas no Casamento

“Apanhem para nós as raposas, as raposinhas que estragam as vinhas, pois as nossas vinhas estão floridas”.
 

Não são os grandes problemas que destroem os casamentos, mas os pequenos. Quando os pequenos problemas não são encontrados e tratados compromete a felicidade do casal e o futuro.
O poeta bíblico ao dizer “raposinhas” estava aludindo pequenos hábitos, pequenas desavenças, pequenas frustrações acumuladas ao longo dos anos que vão sugando completamente a seiva do amor e matam a felicidade do casamento. As raposinhas  gostavam de cavoucar ao redor das videiras cobertas de flores. Elas são as pequenas coisas que não damos muita importância, mas que, infelizmente, teimam em estar presentes em nossa vida – é aquela palavra a mais, ao final da discussão, que não precisava ser dita, e você insiste sempre em dizer, é o gesto desprovido de mansidão, é a dureza de julgamento, são os ciúmes que a esposa não consegue esconder ou o perfeccionismo do marido que insiste em que tudo seja feito do jeito que ele gosta.
Para ver o estrago das raposinhas faz-se jus notar as pesquisas. De  50% a 65% dos homens casados e 45% a 55% das mulheres casadas tem sido infiéis aos seus respectivos consortes. Outro quadro alarmante é que até 1960 25% dos casamentos terminavam em divórcio. De lá pra cá este número tem aumentado assustadoramente. Comentaristas sociais declaram que só nos EUA tenha chegado a casa dos 50%. O divórcio e as traições são apenas sintomas de um problema conjugal, mal qual é na realidade o problema? Baseado no texto em foco o problema está nas raposas que sorrateiramente andam com astúcias no meio dos casamentos. A seguir daremos nomes a algumas dessas raposas.
É necessário tomar cuidado com a questão financeira. Muitos casamentos fracassam pela falta ou excesso de dinheiro. Infelizmente muitos casais não sabem lidar quando a questão é financeira. Vivemos numa sociedade mercantilista onde somos bombardeados a cada 24 horas por cerca de 3 mil propagandas que tentam nos convencer a comprar produtos oferecidos para sermos bem-sucedidos. O fato de termos não nos torna mais felizes, coisas não nos satisfazem. Não vale a pena matar uma família e o casamento na busca desesperadora pelo ter. Presentes não substituem a falta de ninguém. Nenhum sucesso compensa o fracasso do casamento e da família.
Um outro ponto a ser considerado é a rotina. Para alguns a rotina é asfixia do romantismo. A estagnação é uma ameaça aos casais. Até água parada dá lodo. O corpo sem exercício adoece. O casamento sem criatividade cai no marasmo. O casamento precisa ser dinâmico, romântico, vivo e cheio de desafios. Uma das coisas que mais desgastam o casamento é a falta de entusiasmo de um dos cônjuges, ou de ambos em investir na relação. Quando a pessoa deixa de preocupar com a própria aparência, descuidando-se do seu corpo e vestindo-se de qualquer jeito; quando perde o estímulo para se crescer intelectualmente, está assinando o atestado de óbito de seu relacionamento conjugal. A Criatividade é um dom que precisa ser exercitado.
A falta de comunicação em muitas famílias tem estado em extinção. É o problema número um no relacionamento conjugal. As pessoas têm erigido muralhas à sua volta em vez de contribuir pontes. Comunicação não é somente transmitir palavras, mas sim fazer-se inteligível e compreendido. A tecnologia propicia a comunicação e mesmo assim as pessoas estão cada vez mais distantes e os casais não encontra tempo para dialogarem. Vivemos num mundo que ninguém mais tem tempo para ouvir o que outros têm a dizer. O segredo da comunicação está e ser pronto pra ouvir.
Os ciúmes também têm destruídos muitos casamentos. Os ciúmes é mais do que um sentimento, é uma doença, e essa doença pode ser fatal.. A pessoa dominada pelo ciúme apresenta basicamente três sintomas: Vê o que não existe, aumenta o que existe e procura o que não quer achar. O ciúme é um câncer que precisa ser extirpado do relacionamento, pois destrói a capacidade do diálogo, compromete a transparência e joga o relacionamento no esgoto das brigas.
Estas são apenas algumas das raposinhas que nomeamos, têm outras anônimas que agem no meio das vinhas. O nosso papel é apanhá-las para que as nossas vinhas sejam sempre viçosas e florescentes. Que Deus nos ajude!



sábado, 22 de janeiro de 2011

Reflexões para Tempos de Crise”

(Gn 2:18-25)

Ao analisarmos no livro do princípio de todas as coisas, o livro de Gênesis; vemos que Deus sempre quis a união do homem com a mulher. Deus viu que o homem estava só, e fez uma mulher que estivesse como que ao seu lado. O casamento é uma das manifestações mais lindas. Veja bem em que consiste ao arcano matrimonial: “Da criação de um, Deus fez dois; da união de dois Deus fez um”.
Infelizmente, as pessoas hoje se preparam mais para o dia do casamento com toda sua pompa, do que para a vida de casado. Esquecem-se, que casamento não é formatura e sim um empreendimento divino, onde pessoas maduras buscam a complementaridade. É necessário saber que sucesso no casamento não se tem, e sim se conquista.
Vivemos um tempo onde a sociedade tem se esquecido de alguns valores e princípios que deveriam ser preservados. Uma sociedade que olha mais o invólucro, do que o conteúdo; sociedade marcada pelos desgastes de relacionamentos e pelas frustrações amorosas. Tais características levam as pessoas a cada vez mais a desistirem da vida a dois.
Sabemos muito bem que a vida a dois não é fácil, mas também não se constitui como algo impossível. Nenhum casamento, por melhor que seja, está imune aos problemas. São inúmeros problemas, grandes ou pequenos, que podem afetar um bom casamento. Em meio a tantos conflitos, faz-se jus pensar em três perguntas básicas.
  Quem nos uniu?
O texto que estamos trabalhando nesta mensagem fala que Deus trouxe a mulher até Adão. Após a criação do homem, Deus viu que o homem precisava de algo mais, e se preocupou em colocar alguém especial; alguém que pudesse auxiliá-lo e que lhe correspondesse. Deus sabe o que é melhor para cada um de nós, ninguém melhor do que Ele para escolher o nosso futuro consorte. A Bíblia fala que quem encontra uma esposa, encontra algo excelente; recebeu uma bênção do Senhor (Pv 18:22); logo mais adiante o mesmo autor enfatiza: “Casas e riquezas herdam-se dos pais, mas a esposa prudente vem do Senhor” (Pv 19:14). Deus deve ser o mentor de toda união matrimonial.
Por que nos unimos?
Qual foi a razão que nos levou ao matrimônio? Em Gênesis, vemos que existe um motivo para que acontecesse a união. Este motivo é exclusivamente o AMOR. Infelizmente nascemos e vivemos escutamos histórias, onde os finais são sempre os mesmos; “viveram felizes para sempre”. Hoje, somos envenenados por contos de fada e temos uma noção deturpada da palavra amor. Temos que resgatar o princípio da palavra amor e lograrmos do mistério da vida a dois. O amor é algo imprescindível, pois quem ama, acredita no impossível.
Pra que nos unimos?
Qual a finalidade da vida de um casal? Qual o objetivo da vida a dois? O versículo diz que eles se tornarão ambos uma só carne. A partir deste verso, vemos que serão uma só carne, e não, uma só pessoa ou alma. Isto indica que serão duas personalidades se ajustando em um mesmo corpo. A palavra personalidade segundo o Aurélio, representa a individualidade de uma pessoa moral, qualidade ou caráter de alguém. Aqui está o maior mistério da vida a dois. Se complementarem, contudo, sem perder a individualidade. George Eliot disse: “Não há nada maior para duas almas do que sentir que estão ligadas para a vida afora – para fortalecer um ao outro em todo o trabalho, para apoiar um ao outro em toda a tristeza, para servir um ao outro em toda a dor”.
Diante de tudo o que foi dito, quero salientar que as crises são temporárias e oportunidades de crescimento. Portanto, sendo Deus imutável e eterno, estará sempre conosco para nos ajudar a vencer os obstáculos, a escapar das armadilhas e nos colocar nos trilhos novamente.



quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Resgatando o valor do ser humano na Pós-modernidade

            Tendo como base o “Sermão do Monte”, mormente a perícope de Mt 6:25-33, vemos o quanto a palavra de Deus se torna atual, quando Jesus a quase 2000 anos pontuou coisas que hoje vivenciamos nesta sociedade dita “pós-moderna”.
            Infelizmente, os cristãos hodiernos estão sendo influenciados por vários modismos e filosofias que nada tem a ver com os ditames bíblicos. Vivemos em uma sociedade pragmática, hedonista, consumista, relativista, capitalista e etc.
            Como consequência desta maneira inconsequente de viver a vida, o homem tem experimentado o caos existencial caracterizado pela superficialidade dos relacionamentos, a perda dos valores graníticos da família, enésimas doenças psíquicas tais como depressão, esquizofrenia, psicopatias, síndrome do pânico, estresse e outras.
            Em meio a este turbilhão de conceitos, onde o empregado se tornou uma máquina de trabalhar, o homem um objeto descartável, urge voltarmos para a Palavra de Deus e resgatarmos o verdadeiro valor do ser humano.
            No sermão do monte, Jesus deixou bem claro que o valor do ser humano não está naquilo que ele tem, e sim no que verdadeiramente é. Outro ponto a destacar é que Jesus salientou que a verdadeira felicidade está em satisfazer com aquilo que temos. O terceiro tópico do sermão do monte, Jesus enfatiza que os valores espirituais devem estar em primeiro lugar e permear nas nossas decisões diárias. Em último lugar, Jesus fala sobre as preocupações.
            A partir destes tópicos, podemos concluir que Deus tem outro estilo de vida para o ser humano. Uma vida abundante que nos levará a ter cem vezes mais aqui e por fim a vida eterna.
RESGATANDO O VERDADEIRO VALOR DO NATAL

          Aproxima-se o Natal; as pessoas já começam a pensar na Ceia de natal, o vestido novo, na beleza das árvores de natal, pisca-piscas e presentes. Na tradição de nossa sociedade, o Natal correspondia à celebração do nascimento de Jesus Cristo. Hoje este fato deixou de ser ponto central do Natal, passando-se para a ênfase do consumismo. Sem dúvida, os cartões natalinos, enfeites e lembranças fazem com que à noite de natal recorde o Dia de Natal. Mas, o que realmente é o Natal? Qual é a verdadeira essência do Natal?
Para o mercado financeiro, o Natal representa investimento em propagandas e Markentig, tendo como objetivo a obtenção de lucros e vendas cada vez maiores. No âmbito familiar, é a oportunidade de reunir a família para cear, organizar um jantar luxuoso e trocar presentes.
Ao averiguar o dicionário da Língua Portuguesa, Natal é em primeiro lugar tudo o que é relativo ao nascimento e, em segundo lugar é uma festa anual em que a maioria dos protestantes e católicos comemoram em memória ao nascimento de Jesus Cristo.
No passado o Natal estava no fato de comemorar o nascimento do Deus encarnado na pessoa de Jesus Cristo. No meio de uma manjedoura estava nascendo aquele que daria esperança a humanidade perdida. Hoje, infelizmente o Natal virou marketing. Pessoas usam desta data para obtenção de lucros comerciais. Natal hoje é sinônimo de compras, presentes, passeios, luxos, bebidas e guloseimas.
Natal não pode ser símbolo simplesmente de compras e nem festas, pois logo a generosidade de dezembro se transformará nos pagamentos de janeiro e a mágica começará a desbotar. Pensar no Natal de maneira trivial é um acinte à encarnação de Deus.
É preciso resgatar a visão bíblica do Natal. Quando olhamos para os magos, vemos que os mesmos segundo a tradição histórica vieram da Mesopotâmia até Belém para adorar o Cristo e oferecer ouro, incenso e mirra. O que isto significa? Alguns enfatizam que o ouro fala de sua realeza, o incenso de sua Divindade e a mirra de seu sacrifício. Esta visão deve ser resgatada. O Natal é o momento propício para O vermos como Rei e dar a Ele aquilo que temos de melhor, a nossa vida para a sua obra; contemplarmos também a sua Divindade e darmos a adoração que lhe é devida, pois o incenso no tabernáculo representava a adoração, adoração e Divindade estão intimamente ligados; e também momento de lembrarmos que no seu nascimento estava nascendo a esperança de um Messias, era a prova cabal de todos os vaticínios proféticos. Ele nasceu e com ele os sonhos de Deus de libertar um povo cativo e tirá-los do vale das trevas.
Os Magos saíram de tão longe para lhe renderem adoração e presentes porque sabiam que aquele era um nascimento que mudaria o mundo e a vida das pessoas que tivessem a mesma percepção. Todas as pessoas que reconheceram o valor do nascimento de Cristo tiveram suas vidas mudadas: a mulher samaritana (Jo 4); a mulher adúltera (Jo 8); o endemoninhado gadareno (Mc 5) e milhões de pessoas espalhadas por este mundo que foram transformadas por conhecerem o verdadeiro sentido do Natal.
Uma das passagens mais belas que posso encontrar na Bíblia é a passagem do “Jantar em Betânia”. Jesus estava na casa de Simão, o leproso, quando uma mulher aproximou e derramou um vaso de nardo puro sobre a cabeça de Jesus. Notem bem que aquele perfume era equivalente a um ano de trabalho. O que fez esta mulher executar tal ato foi compreender a verdadeira essência de Cristo.
 O Natal é o momento propício para repensarmos sobre o que verdadeiramente Cristo significa para nós e assim devotarmos a Ele a nossa gratidão e devoção. Oferecendo aquilo que temos de mais precioso; a nossa vida com todos os nossos sonhos.
É hora de alegrar-nos, porque mais do que em qualquer outra ocasião pensamos nEle. Mais do que qualquer outra ocasião, seu nome está em nossos lábios.
Quero orar para que aqueles que contemplaram JESUS hoje possam encontrar com Ele nos demais dias do ano, pois reconhecer o Cristo do Natal, em sua forma mais pura, nada mais é do que viver a sua vida em nós, é imita-lo em tudo e ter os mesmos sentimentos, atitudes e pensamentos que houve em Cristo Jesus . . . essa é a síntese natalina.
Temor a Deus

Vivemos em uma época de muitas mudanças, desafios e pragmatismo no tocante a fé cristã. Observamos que as pessoas estão em um âmbito religioso, mas não se portam com a devida honra, pois qualquer coisa consegue distraí-los. Em muitas igrejas, as pessoas mantêm seus celulares ligados, alguns passam torpedos na hora do culto, outros conversam, promovem verdadeiros negócios, colocam os assuntos em dia; o pior é que muitos acham tudo isto normal.
Diante de tais fatos, é necessário que venhamos pautar a nossa vivência de acordo com os ditames bíblicos para não corrermos o risco de sermos considerados servos infiéis, loucos e insensíveis. Dentre vários tópicos que poderia abordar dentro da vida cristão, ater-me-ei apenas ao “Temor do Senhor”.
Muito se fala hoje sobre temor, mas as pessoas e muitos pregadores têm dificuldade de conceituar o que vem a ser o vocábulo “temor”, e até mesmo confundem temor com medo. Tendo em vista que a conceituação nos levará a uma prática correta, procuraremos na medida do possível ver nos originais e na história o que esta palavra quer dizer e suas implicações no presente século.
No hebraico, encontramos a expressão “morah”, que é um substantivo. Segundo Strong (2000), a expressão “morah”, que ocorre 12 vezes no Antigo Testamento, é derivada do verbo “yãre´”, significando; ter reverência ou respeito por alguém superior. Na visão de Vine (2002), o verbo “yãre´”, refere-se a um respeito, por meio da qual o indivíduo reconhece o poder e a posição do ser reverenciado. Já o substantivo “morah”, geralmente é usado para se referir ao respeito que alguém deve ter ao estar diante de alguém infinitamente superior.
No Novo Testamento, encontramos a expressão “phobos”, derivada do grego clássico; no início significava fuga, mais tarde passou a significar a causa da fuga e muitas vezes respeito ou reverência. William Barclay nos diz que “Phobos” é a reverência que existe quando estamos diante de uma divindade. O significado deste vocábulo será determinado pelo contexto. Não podemos confundir medo com reverência.
Tendo como ponto de partida que dentro da nossa vida cristã, temor é a maneira que portamos diante do Deus que cremos, precisamos rever alguns aspectos de nosso “modus vivendi”.
Em primeiro lugar, precisamos entender que o temor a Deus não deve estar circunscrito ao ambiente religioso. Muitas pessoas, influenciadas pela dicotomia cultural, vivenciam uma vida religiosa e uma secular, pensando que uma não tem nada a ver com a outra. É necessário entender que o mesmo Deus que adoro no templo está comigo todos os momentos, Ele habita em mim, pois somos templo de seu espírito. O salmista nos convida a servi ao Senhor com temor (2:11).
Outro ponto a destacar é que o temor traz benefícios a nossa vida. O sábio Salomão não economizou em seus provérbios as conseqüências do temor, vejamos: O temor do Senhor é o princípio da sabedoria (9:10); O temor do Senhor é fonte de vida para evitar os laços da morte (14:27); O temor do Senhor é riqueza, honra e vida (22:4); O temor do Senhor conduz a vida (19:23). Na igreja primitiva, encontramos registrado no livro de Atos, que em cada alma havia temor e muitos sinais se faziam por meio dos apóstolos (2:43).
Em último lugar, O temor ao Senhor determina o culto que prestamos. Ao reverenciar a presença de Deus, mudamos a nossa postura em adoração com espírito e verdade. Moisés ao reconhecer a presença de Deus na sarça no Monte Sinai, não teve medo e sim O reverenciou tirando as sandálias dos pés (Ex 3). João quando viu a Jesus ressuscitado caiu a seus pés e O adorou (Ap 1:17).