A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

 A Eira de Nacon

          Resultado de imagem para eira de nacom            Em II Samuel 6, encontramos uma narrativa que nos serve de meditação para um viver mais responsável e lições para que possamos desempenhar a obra de Deus com maior seriedade..
Após vários anos em que a Arca da Aliança esteve fora de Jerusalém, Davi, ao assumir o comando da nação, tem como empreendimento trazer de volta aquilo que representava a presença de Deus no meio do povo. A perícope nos informa que o rei reuniu 30 mil homens para que o transporte da Arca fosse feita em segurança; por determinação real fora feito também um carro novo, específico e com uma única missão; o de transportar a Arca da Aliança. Durante o cortejo houve cânticos e júbilos com Davi e toda a casa de Israel tocando todo o tipo de instrumento.
           Diante de um momento auspicioso como este, algo inusitado acontece. Ao chegar à eira de Nacom, o carro passa por uma depressão do terreno e começa a tombar, consequentemente; a Arca da Aliança cairia, mas Uzá estendeu a mão para impedir que isto acontecesse. O resultado de tal ato foi a morte. A Bíblia disse que a ira de Deus se acendeu contra Uzá é o feriu ali.
           Quero destacar alguns significados que podemos extrair da expressão “Eira de Nacom”.
           Em primeiro momento, destaco que a Eira de Nacon representa o tempo de Deus. O texto nos deixa claro que várias leis que Deus havia estabelecido no transporte da Arca da Aliança havia sido negligenciado. Mesmo diante de tanta desobediência aos ditames bíblicos havia regozijo e alegria diante do cortejo que conduzia a Arca de volta a Jerusalém. De repente a alegria se torna em tristeza e o que era pra trazer vida, traz morte. O tempo de Deus tratar com a rebeldia do povo chegara. Infelizmente, o mesmo acontece hoje; existe muita rebeldia, negligência e desobediência diante do sagrado. Em lugar do arrependimento existe cântico, em lugar da reverência muito barulho; quem sabe para tentar abafar a voz da consciência. Paul Tornier, em seu livro “Culpa e Graça”, nos evidencia que os gritos e barulhos muitas vezes são uma tentativa de abafar a voz interior.
           Não nos iludamos, o tempo de Deus vai chegar para cobrar as nossas intransigências diante do sagrado.
           A Eira de Nacon representa o basta de Deus à dubiedade cúltica. Após aproximadamente 40 anos sem a Arca, que simbolizava a presença de Deus no meio do povo, o líder resolve trazer a glória de volta. Imagine o ambiente de cânticos, danças e instrumentos diante da Arca. Na visão do povo, tudo se justificava, mas na divina existia reprovação, pois o obedecer é melhor que sacrificar. Vivemos numa época de muitas inovações em nossa hinódia e liturgia; fazemo-las achando que estamos agradando a Deus, quando na realidade encontramos um Deus irado. Vejamos o texto bíblico de Isaías 1:1-14: “De que me serve a mim a multidão dos vossos sacrifícios? Diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs, o incenso é para mim abominação, as luas novas, os sábados, e a convocação de assembleias, não posso suportar, pois aborrecem a minha alma, são pesadas pra mim e estou cansado de sofrer”. Para Deus o culto só tem sentido se coexistir obediência, reverência e adoração sincera.
           Um outro aspecto a considerar é que a Eira de Nacom representa um memorial. Mesmo depois do episódio, aquele lugar ficou conhecido como Perez-Uzá, que significa irrompimento sobre Uzá. Quantas pessoas que passavam por aquele lugar e traziam a memória ou contavam para as gerações futuras sobre o ocorrido e o devido respeito para com a Arca de Deus. Quantos males foram evitados diante do fato de Uzá...
           Paulo nos diz na epístola aos Romanos que o que foi escrito para o nosso ensino foi escrito. Precisamos parar diante desta perícope e rever nossos postulados, avaliar nossa liturgia e a maneira como estamos conduzindo o sagrado em nosso viver.
          Embora trágico, este evento nos leva a refletir sobre a nossa conduta diante do sagrado. Que Deus nos ajude e que sua presença em nosso meio seja para vida e prosperidade, e não para morte.



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