A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016


Resultado de imagem para a mulher de lóLembrai-vos da Mulher de Ló



            Jesus em seu discurso sobre os sinais da Volta do Filho do Homem, fez questão de frisar sobre o trágico fim da mulher de Ló, ao dizer: “Lembrai-vos da mulher de Ló”. Indubitavelmente, este evento nos traz lições no que tange à nossa conduta diante de uma ordem divina.

            Em Gênesis 18 vemos o desenrolar desta história; quando o texto sagrado nos diz que o “Clamor de Sodoma e Gomorra tem se multiplicado e o seu pecado tem agravado muito”. Diante disto, Deus diz que vai destruir estas duas cidades, mas salvaria Ló e sua família. Em Gn 19:16-17, observamos que os anjos tiraram Ló e sua família à força e disse para que eles não olhassem para trás. Quando estavam saindo, a mulher de Ló olha para trás, convertendo-se em uma estátua de sal.

            O que me intriga na narrativa é porque a mulher de Ló olhou para trás? Por que apesar de sair escoltada por anjos ela olhou para trás? Por que diante da companhia familiar, ela olhou para trás?

            Diante de tais inquirições, percebemos que o que permeava o coração da mulher de Ló falava mais alto do que a ordenança divina. Durante muitos anos, a família de Ló morou naquela cidade, criou laços de amizade, construiu uma história e uma vida financeira estável. Quando a mulher de Ló olha para trás, nos mostra o quanto é difícil abrir mão das coisas que conquistamos, mesmo diante do imperativo divino. O lar estava lá, seus bens materiais estavam lá, seus amigos estavam lá, seus prazeres estavam lá. Nos dias atuais, a história se repete, pois muitos tem se preocupado com conquistas terrenas e materiais, valorizam mais o que possuem do que a própria essência da vida. São capazes de perder a alma e a dignidade para conquistar seus objetivos egoístas; tornando-se uma pessoa petrificada, pois não vive, não sente e não compartilha. Salomão nos exorta a guardar o coração, pois dele se procede as saídas da vida; Jesus nos diz que onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração.

            Outro aspecto a pontuar é que a mulher de Ló quando olha para trás evidencia uma corrente com o passado. Olhar para trás é olhar para o passado; é achar que não existe esperança e nem possibilidade de uma vida melhor que a antiga. Ela preferiu olhar para o que tinha do que aquilo que poderia ter... valorizar mais o que vivia do que aquilo que poderia viver. Quantos de nós hoje, vivemos na mesma lógica e dinâmica desta mulher; sempre valorizando o passado, presas aos traumas, às frustrações, às derrotas; não acreditando nas vitórias e nem nas mudanças. Quando Deus dá a ordem para fugir disse: “Fuja para as montanhas”. Fugir para as montanhas nos dá idéia de refúgio, lugares altos e proximidade com os céus. Acredite, Deus sempre terá um futuro melhor para você. Rompa com os medos, com as algemas existenciais e acredite no novo de Deus em sua vida.

            Em terceiro lugar, a curiosidade fez aquela mulher olhar para trás. Imagine a cena daquela família escapando para as montanhas e de repente começa a escutar os trovões e o estrondo da destruição; os olhos percebendo os clarões do fogo e saraiva e o corpo sentindo a temperatura de todo aquele momento. Diante de tantas emoções e sentimentos habitando o ser daquela mulher, quem sabe em um momento de fragilidade e impulso, a curiosidade fala mais alto, ela olha para trás e morre. O mesmo acontece hoje, a curiosidade tem tomado conta das pessoas... muitos perdem horas olhando o “Facebook e Instagran” para ver onde as pessoas estão e o que estão fazendo. Temos a necessidade de saber o que se passa na casa do vizinho e esquecemos da nossa casa... queremos educar os filhos dos outros e esquecemo-nos dos nossos. A curiosidade, já dizia os antigos que mata. João nos adverte a olhar para nós mesmos para não perdermos o inteiro galardão. Paulo no texto áureo da santa ceia adverte: “examine-se a si mesmo”.

            Quando Jesus faz referência à mulher de Ló é porque sabia que mesmo passando anos e anos, muitas pessoas teriam a capacidade de refletir sobre a sua maneira de viver e ser.

            Que sejamos humildes o suficiente para reconhecermos nossa deficiência e sinceros para mudarmos, lembrando sempre que as escolhas são individuais. A família de Ló poderia ter chegado unida nas montanhas, mas sua mulher abriu mão de tudo por um único momento. Será que vale a pena... um momento de prazer .... uma traição ... um gole ... uma mentira ... uma tragada ...

            Pense nisto!

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