Jesus em seu discurso sobre os
sinais da Volta do Filho do Homem, fez questão de frisar sobre o trágico fim da
mulher de Ló, ao dizer: “Lembrai-vos da mulher de Ló”. Indubitavelmente, este
evento nos traz lições no que tange à nossa conduta diante de uma ordem divina.
Em Gênesis 18 vemos o desenrolar
desta história; quando o texto sagrado nos diz que o “Clamor de Sodoma e
Gomorra tem se multiplicado e o seu pecado tem agravado muito”. Diante disto,
Deus diz que vai destruir estas duas cidades, mas salvaria Ló e sua família. Em
Gn 19:16-17, observamos que os anjos tiraram Ló e sua família à força e disse
para que eles não olhassem para trás. Quando estavam saindo, a mulher de Ló
olha para trás, convertendo-se em uma estátua de sal.
O que me intriga na narrativa é
porque a mulher de Ló olhou para trás? Por que apesar de sair escoltada por anjos ela
olhou para trás? Por que diante da companhia familiar, ela olhou
para trás?
Diante
de tais inquirições, percebemos que o que permeava o coração da mulher de Ló
falava mais alto do que a ordenança divina. Durante muitos anos, a família
de Ló morou naquela cidade, criou laços de amizade, construiu uma história e
uma vida financeira estável. Quando a mulher de Ló olha para trás, nos mostra o
quanto é difícil abrir mão das coisas que conquistamos, mesmo diante do
imperativo divino. O lar estava lá, seus bens materiais estavam lá, seus amigos
estavam lá, seus prazeres estavam lá. Nos dias atuais, a história se repete,
pois muitos tem se preocupado com conquistas terrenas e materiais, valorizam
mais o que possuem do que a própria essência da vida. São capazes de perder a
alma e a dignidade para conquistar seus objetivos egoístas; tornando-se uma
pessoa petrificada, pois não vive, não sente e não compartilha. Salomão nos
exorta a guardar o coração, pois dele se procede as saídas da vida; Jesus nos
diz que onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração.
Outro
aspecto a pontuar é que a mulher de Ló quando olha para trás evidencia uma
corrente com o passado. Olhar para trás é olhar para o passado; é achar que
não existe esperança e nem possibilidade de uma vida melhor que a antiga. Ela
preferiu olhar para o que tinha do que aquilo que poderia ter... valorizar mais
o que vivia do que aquilo que poderia viver. Quantos de nós hoje, vivemos na
mesma lógica e dinâmica desta mulher; sempre valorizando o passado, presas aos
traumas, às frustrações, às derrotas; não acreditando nas vitórias e nem nas
mudanças. Quando Deus dá a ordem para fugir disse: “Fuja para as montanhas”. Fugir
para as montanhas nos dá idéia de refúgio, lugares altos e proximidade com os
céus. Acredite, Deus sempre terá um futuro melhor para você. Rompa com os
medos, com as algemas existenciais e acredite no novo de Deus em sua vida.
Em
terceiro lugar, a curiosidade fez aquela mulher olhar para trás. Imagine a
cena daquela família escapando para as montanhas e de repente começa a escutar
os trovões e o estrondo da destruição; os olhos percebendo os clarões do fogo e
saraiva e o corpo sentindo a temperatura de todo aquele momento. Diante de
tantas emoções e sentimentos habitando o ser daquela mulher, quem sabe em um
momento de fragilidade e impulso, a curiosidade fala mais alto, ela olha para
trás e morre. O mesmo acontece hoje, a curiosidade tem tomado conta das
pessoas... muitos perdem horas olhando o “Facebook e Instagran” para ver onde
as pessoas estão e o que estão fazendo. Temos a necessidade de saber o que se
passa na casa do vizinho e esquecemos da nossa casa... queremos educar os filhos
dos outros e esquecemo-nos dos nossos. A curiosidade, já dizia os antigos que
mata. João nos adverte a olhar para nós mesmos para não perdermos o inteiro
galardão. Paulo no texto áureo da santa ceia adverte: “examine-se a si mesmo”.
Quando Jesus faz referência à mulher
de Ló é porque sabia que mesmo passando anos e anos, muitas pessoas teriam a
capacidade de refletir sobre a sua maneira de viver e ser.
Que sejamos humildes o suficiente
para reconhecermos nossa deficiência e sinceros para mudarmos, lembrando sempre
que as escolhas são individuais. A família de Ló poderia ter chegado unida nas
montanhas, mas sua mulher abriu mão de tudo por um único momento. Será que vale
a pena... um momento de prazer .... uma traição ... um gole ... uma mentira ...
uma tragada ...
Pense nisto!
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