A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016


Abominação no Lugar Santo



Resultado de imagem para altar de deus com fogo            Jesus, ao falar sobre este assunto cita a profecia de Daniel, vejamos: “Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda”. (Mt 24:15). Esta passagem predita por Jesus deve nos levar a repensar sobre a cristandade hodierna e quais atitudes a tomar diante desta época que vivenciamos, considerada por muito a era da hiper-modernidade. Época marcada por mudanças profundas na espiritualidade, na filosofia e até mesmo no âmbito teológico.

            Durante o período inter-bíblico, Antíoco Epifânio, entrou no santuário e sacrificou uma porca no altar, profanando assim o lugar, onde se oferecia sacrifícios de animais limpo, sem manchas e sem defeito.

            Diante do exposto, quero lincar esta passagem com alguns eventos que acontecem no altar de nossos templos, pois em seu sermão profético, Jesus faz questão de nos exortar quanto à profanação do altar. A irreverência do sagrado e o descaso com a obra de Deus tem sido características marcantes deste momento crítico.

            Infelizmente, contemplamos o altar a Deus sendo transformado em palanques políticos. No contexto bíblico, altar é lugar de sacrifício, de morte, de entrega e de adoração. No Antigo Testamento vemos o Altar de Holocausto, onde o sacrifício era por inteiro e o Altar de Incenso, onde simbolizava a adoração somente a Deus. Em ambos, a centralidade era a morte e Deus aceitando a oferta. Tem muitas pessoas nos dias atuais usando o altar de maneira errada, buscando a sua própria glória, usurpando a glória divina e buscando sempre alimentar seu narcisismo. O Altar não é lugar de promoção e sim de morte... não é lugar para aparecer o homem e sim de manifestação divina. Muitos de nossos cultos se transformaram em vitrines de políticos que até se passam como crentes ao citar uns versículos isolados e levantando a bandeira da ética e da moral, porém, alguns envolvidos em escândalos. Somos homens do altar, nossa função é zelar para que o fogo venha arder continuamente no altar e não se apagar.

            Presenciamos também o altar de holocausto sendo substituído por palco para shows gospel. É lamentável, mas quando se perde a noção de altar, começamos a incrementar paliativos. Queremos atrair multidões ao nosso culto e esquecemos de atrair a presença do Rei dos reis e Senhor dos senhores. Pagamos um alto “cachê” para um cantor, mas não temos coragem de colocar a nossa boca no pó e nos humilharmos diante de Deus. Promovemos eventos e mais eventos, caindo num ativismo religioso na tentativa de não esconder uma deficiência.

Uma verdadeira adoração estimula a consciência pela santidade de Deus, nutre a mente com a verdade de Deus e leva o adorador a dedicar a sua vida a inteira vontade de Deus. Um exemplo clássico disto encontramos na igreja de Éfeso, pois trabalhava arduamente, mas não existia mais o amor pelo Senhor da Obra. A sentença de Cristo a esta igreja foi: “Tenho contra ti, que deixaste o primeiro amor”. Vale ressaltar que quando os nossos sentimentos por Deus estão mortos, tudo o que fazemos pra Ele também é vão.

            Profanamos o altar quando colocamos para pregar, homens que vivem de carisma e não de caráter, de técnica e não de unção. Paulo combateu durante seu ministério os inimigos da Cruz e os falsos apóstolos. Em sua segunda missiva à igreja de Corinto, faz alusão aos “falsificadores da palavra de Deus. A expressão “falsificadores” (gr-kapuluo), dá-nos a ideia de traficar, adulterar e lucrar. É lamentável, mas temos visto o altar se transformar em balcão de negócios, mensagens sendo vendidas e as bênçãos de Deus comercializadas. O que dizer da pobreza na interpretação bíblica, onde as perícopes são interpretadas não a luz de uma exegese, mas sim pela conveniência mercadológica.

            Nós estamos abrindo mão do caráter pelo carisma. Convidamos para os congressos e seminários pessoas que ostentam e pregam tudo o que Cristo e os apóstolos jamais ministraria. João, chegou ao ponto de dizer: “se alguém vem ter convosco e não traz a sã doutrina, não o recebais em casa e nem tampouco o saudeis”. Para nosso espanto, nos dias atuais estes são recebidos na mais alta pompa. Judas deixa registrado que os tais são manchas em nossas festas, nuvens sem aguas levadas pelo vento, árvores murchas e infrutíferas e desarraigadas.

            No Antigo Testamento temos um relato trágico deste viver irresponsável. Os filhos do sacerdote Arão, Nadabi e Abiú vieram oferecer fogo estranho no altar e Deus os fulminou. Hoje vivemos o tempo da graça, talvez baseado neste pressuposto muitos tem vivido uma vida e um ministério de maneira tão irresponsável. Lembremo-nos do que Paulo disse: “Deus é um fogo consumidor e de Deus ninguém zomba”.

            Que venhamos tratar com mais seriedade o lugar santo, pois sem a palavra do evangelho, nossos cultos se tornam estéril e completamente vazio.

            Sola Fides.

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