A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Moisés – Um exemplo para os vocacionados hodiernos

Agora, pois, vem e eu te enviarei a Faraó, para que tire do Egito, o meu povo, os Filhos de Israel. 
Ex 3:10.

Sem dúvida, o personagem desta história, Moisés, nos traz lições valiosíssimas no que tange a obra missionária. Vivemos em uma época em que as pessoas estão à cata de fórmulas mágicas para o sucesso em seus negócios e infelizmente esta gana tem assolado os nossos arraiais. Muitos pastores e candidatos aos campos missionários têm caído no engodo misturando sucesso com triunfo, vocação com profissão e influência eclesiástica para se beneficiar no âmbito político.
No meio desta sociedade em que alguns valores éticos e morais foram substituídos por apadrinhamentos, arte de oratória e a ética situacional, urge olharmos para a Bíblia e buscarmos como referenciais alguns personagens que mudaram a vida de um povo e a história de uma nação.
A perícope em análise nos mostra algumas atitudes que devem nortear a vida daqueles que sentem pulsando a chamada de Deus.
Um dos pontos a considerar é o verbo usado por Deus ao falar com Moisés; “vem”. Este verbo que exprime uma ação nos mostra que Deus exige uma atitude, uma decisão do ser humano em relação a aceitar ao seu chamado. O escritor aos Hebreus chegou a dizer que Moisés recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo ser maltratado com o povo de Deus do que por um momento sentir o gozo do pecado. Moisés teve que tomar uma decisão. Decisão entre o palácio e o chamado, entre uma estabilidade e a instabilidade, escolher em andar por vista ou por fé.
A nossa vida é feita de escolhas. Diuturnamente temos que tomar decisões, algumas difíceis, outras fáceis, mas são escolhas e elas determinarão quem seremos e onde chegaremos. É muito cômodo escolhermos aquilo que vai nos trazer conforto, mormente em um mundo que prega o capitalismo, materialismo e pragmatismo como meio de alcançarmos nossos objetivos.
Precisamos entender que quem rege a nossa vida é o Senhor Deus e Ele sabe o que é melhor para nós. Sabe cada detalhe de nossos sonhos, Ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos frágeis.
Saber lhe dar com uma chamada é muitas vezes singrar em um oceano de dilemas, conflitos, crises e provações. Moisés se tornou um exemplo de líder por que soube tomar as escolhas certas. Teve sensibilidade suficiente para que diante de tantas vozes discernir aquela que lhe levasse a cumprir o propósito de Deus em sua vida.
Outro ponto relevante da saga de Moises foi o fato de Deus o enviar. Moisés não foi como um aventureiro, não foi sem amparo ou por paixão que se apaga diante das vicissitudes. Deus enviou e isto faz toda a diferença. Ele aprendeu a viver na dependência de Deus esperando seu tempo e suas provisões. Infelizmente encontramos muitas pessoas com chamada, mas não foram enviados por Deus, não quiseram esperar o tempo e queimaram etapas.
No livro de provérbios tem um conselho que nos fala: “aquele que toma a sua herança apressadamente o seu fim não será bom”. O que vai fazer a diferença em nosso ministério é o fato de estarmos no centro da vontade de Deus. Precisamos calar quando Deus calar, parar quando Ele parar, ir quando Ele mandar ir.
Quando se fala de envio de missionários existe uma série de fatores a considerar, uma deles está no fato de ter sido chamado por Deus, outra consiste no tempo e também o lugar a ser enviado. Saber esperar o tempo de Deus não é tarefa fácil, pois experimentamos as incertezas e muitos dilemas.
O grande missionário da igreja primitiva, Paulo soube esperar o tempo necessário. Em At 13 encontramos que o Espírito disse para que Paulo e Barnabé fossem separados para a obra do ministério, mas eles só foram enviados em comum acordo com a igreja e liderança, que após terem orado, os despediram. Que possamos esperar com paciência o momento de Deus em nossa vida e sermos enviado sobre as bênçãos de Deus, de nossa liderança para sermos o representante dos mesmos e fazermos a diferença.
Em terceiro lugar vemos que Moisés tinha uma missão e foi obediente a esta visão. A Missão era ir a Faraó e libertar o povo da escravidão dos egípcios. Diante de desculpas que aparentemente tinha nexo, das dificuldades e do grande desafio que estava diante dele, ele aceitou a missão e foi até o fim. Em tudo ele fez como o Senhor o ordenara, vivera uma vida digna de ter comunhão com o Eterno, o qual falara face a face, como quem fala com um amigo. Paulo disse que não havia sido desobediente a visão celestial, e por isso pode dizer no fim de sua saga: “Combati o bom combati, acabei a carreira e guardei a fé”.
Estes homens alcançaram louvor divino e da história, pois diante de tantos embates, eles não perderam a visão. Quando perdemos a visão que Deus nos deu passamos a viver sem sentido, tateando ministerialmente e onde chegamos é lucro.
Que a exemplo de homens e heróis sagrados vemos olhar para o autor e consumador da nossa fé; que nossos olhos vêm estar fitos no Senhor que livrará os nossos pés da morte.
Que Deus nos ajude a manter o foco e a chama da divina vocação. Que não deixemos a chama que existe em nós apagar, pois outros podem morrer de frio.

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