A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011


Os Cursos de Teologia e a formação pastoral...

Vivemos em uma época marcada por profundas mudanças, onde as informações estão a todo instante ao alcance dos aprendizes. Vivemos a era da informática e descobertas tecnológicas, época das praticidades e ensino à distância. Todas estas descobertas e informações ao alcance de todos nos revelam duas coisas; a primeira é que tudo isto não é sinônimo de conhecimento, e em, segundo lugar é que as faculdades e professores não são mais detentores do conhecimento como antes era imaginado.
Para se adequar às novas exigências nesta aldeia global, os docentes não serão substituídos pelas novas tecnologias, mas podem ficar deslocados no novo panorama. Nesta sociedade de informação, os professores devem informar mais e melhor, pois se tornarão mediadores que orientam, estabelecem critérios, sugerem, sabem integrar a informação dispersa aos demais.
Ao citar Carl Rogers, Rubem Alves(2010), diz  que o ser humano tem um potencial para aprender, e que nesta nova proposta educacional o professor e o aluno são co-responsáveis pela aprendizagem.
Diante de tais pressupostos, Moraes (2000), considerando esse mundo socioeconômico e cultural, indaga: ...que espécie de currículo deveremos ter na escola para enfrentar esse desafio? De quais características da modernidade e do currículo moderno, deveremos livrar-nos a fim de fazer com que a escola consiga se alinhar aos novos tempos? O que conservar? Quais modismos evitar? [...] Quais valores, práticas e identidades são, em princípio, dignos de respeito e por quê? (2000, p.215).
Para que os núcleos educandários venham obter êxito em seu papel de formar cidadãos, preme que os currículos abarquem as realidades sociais e culturais para que os acadêmicos tenham uma visão crítica da realidade que o cerca, pois nesta sociedade de filosofias pós-moderna existe uma influência considerável no que tange ao sociológico trazendo como conseqüências a secularização, privatização e a pluralização que alteraram e esvaziaram três pilastras da sociedade: o convívio, as relações humanas e a percepção da ética.
Sobre isto, Nóvoa (1999) chama a atenção para a necessidade de se implementarem ações de formação articuladas com a prática pedagógica, estabelecendo a relação teoria e reflexão sobre a prática. Investir na formação continuada do professor dentro do seu ambiente de trabalho reflete um movimento que busca compreender a formação como processo reflexivo e justifica-se na medida em que “os problemas da prática profissional docente não são meramente instrumentais; todos eles comportam situações problemáticas que obrigam a decisões num terreno de grande complexidade, incerteza, singularidade e de conflito de valores” (SCHÖN, apud NÓVOA, 1992, p. 27).
Dentre todas as possibilidades de análise é importante perceber que o currículo está à serviço da sociedade e portanto deve responder à concretização dos fins sociais e culturais, próprios da educação escolarizada. Nesse sentido trata-se de um tema controvertido e ideológico, de difícil concretização em um modelo teórico ou proposição simples.
Falando de currículo, quero abarcar sobre algumas mudanças que houve em alguns cursos de Teologia devido aos novos desafios. O curso agora tem apenas 3 (três) anos, tempo considerado pouco para assimilação dos conteúdos essenciais para a formação pastoral e teológica, tendo em vista atuar em uma sociedade eclética, marcada pelo ecumenismo é várias questões de cunho moral e ético.
Outro ponto a considerar é a inexistência das matérias de Evangelismo e Missões, Teologia Pastoral, Teologia da Adoração e Capelania Hospitalar. Lembrando do que expôs Moraes no terceiro parágrafo percebemos que o intuito deste currículo está mais em formar pensadores e críticos do que sacerdotes para o exercício de sua vocação. Este currículo prima pelo profissionalismo pastoral e não pela vocação pastoral.
Não podemos esquecer que o currículo revela um roteiro, mas não pode ser um fim em si mesmo, pois o currículo não é algo estático, mas ocorre por meio das condições que encontra ao entrar em contato com a cultura, ele se traduz na forma de ter acesso ao conhecimento de maneira dinâmica.
Outra deficiência do currículo em questão está na ausência da matéria de Seitas e Heresias que tem por objetivo fornecer detalhes sobre as principais religiões do mundo e seus pontos de divergências. Apesar de estarmos inseridos em um ambiente plurarista e relativista, um pretendente a vocação pastoral precisa estar apto a fazer frente as principais religiões, seitas e heresias.
O processo de ensino-aprendizagem não ocorre sem os conteúdos culturais, as propostas de educação devem tratar necessariamente desses conteúdos e explicitar o referente curricular, pois todo modelo educativo é uma opção cultural determinada. Uma proposta pedagógica que deixe de lado esses conteúdos, influenciada pelo psicologismo como no modelo progressista, de alguma maneira perde o elo necessário entre escola e sociedade.
Ao finalizar esta reflexão, é necessário ter em mente as necessidades pelo qual estamos estabelecendo determinados currículos e levar em conta tanto as influências presentes na determinação de seus conteúdos quanto às práticas pedagógicas nas quais se concretiza.

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