A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Consumismo – O que sou?
“Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor naquilo que não satisfaz”?

            A frase acima foi retirada de um trecho da Bíblia que se encontra em Isaías 55:2, onde o profeta chama o povo para refletir suas ações quanto ao uso de seu salário. Se atentarmos para o contexto, aproximadamente, o  século VII antes de Cristo veremos que a nação de Israel passava por um momento de bastante prosperidade nacional, mas também experimentava o caos de laços familiares rompidos, o sistema político e judiciário corrompido, a classe sacerdotal que pactuava com a corrupção e os pecados que escravizavam o povo.
            Neste caos, Isaías surge como uma voz profética com o intuito de levar a nação a ponderar sobre a vida que eles estavam levando, onde se vivia a prosperidade e olvidava-se de Deus e de seus mandamentos. Eles pensavam que tal prosperidade ratificava sua vida descompromissada com o pacto divino.
            Hoje, em pleno século XXI, deparamo-nos com a mesma síndrome. O culto ao dinheiro e o seu uso de maneira insensata. As pessoas gastam mais do que ganham e vivem todos os meses em aperto financeiro, pagando juros a instituições financeiras e agiotas; na pior da situação, vira-se uma bola de neve tendo seus nomes no serviço de proteção ao crédito.
            Todo este efeito tem a sua causa em uma das características desta sociedade dita pós-moderna, que é o consumismo. Mas o que vem a ser o consumismo? Segundo o Aurélio é todo o sistema que leva ao consumo exagerado, tendência a comprar sem senso.
Consumir faz parte do estilo de vida de uma sociedade pós-moderna. Ter é um prazer. Nesta linha ideológica as pessoas se preocupam mais com o Ter em detrimento do ser. Aqui, as pessoas passam a ser aquilatadas e mensuradas pelo que possuem e não pelo que realmente são. Muitas até mesmo buscam uma realização pelo gasto desmedido de seu dinheiro. As estatísticas nos dizem que as pessoas gastam mais com coisas supérfluas do que com algo que realmente vai nos dignificar como ser humano.
 No consumismo perdemos a nossa dimensão humana para nos tornar uma máquina de trabalhar para tentar ostentar aquilo que eu não tenho e não sou. No consumismo compramos o que está na moda e não por que necessitamos. Trocamos o que é necessário pelo que é importante. Trocamos o racional pelos poucos momentos de satisfação da compra de uma roupa.
Pagamos hoje pela marca, pela etiqueta, pela tecnologia, pelo lançamento do mercado e não mais por termos gostado ou se é ajustável ao nosso orçamento. Carregamos marcas e etiquetas, pagamos para fazer propaganda, quando na realidade as empresas deveriam nos pagar para escrever em nosso peito ou costas (out-door ambulante), o seu produto.
Já dizia o poeta: “assim caminha a humanidade”. Cegos pelas ideologias midiáticas que nos bombardeiam com milhares de propagandas todos os dias, tateando em um desejo nunca satisfeito de comprar e ter, vivendo cada dia mais na ilusão de que para ser é necessário ter. O fruto desta busca incessante todos já conhecem. . . enésimas doenças de cunho psíquico. Infelizmente, o sistema capitalista gerou em nossa sociedade a pseudo-ilusão de que o consumo sem limites gera o bem-estar.
O dinheiro é uma bênção em nossa vida, comprar, adquirir bens e gozar do fruto de nossa lida é louvável e nos faz bem, mas não vamos deixar que nossas conquistas virem obsessões e que nosso singrar financeiro venha a naufragar.
Que Deus nos ajude a usar de maneira sábia e louvável o dinheiro para que venhamos a viver e não morrer de tanta preocupação. Vamos viver com aquilo que realmente nos proporcione paz e felicidade.

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