A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A Adoração de Abel

Em pleno século XXI vemos uma explosão de louvor e adoração, muitos até mesmo inovando suas hinódias. É comum hoje encontrarmos louvor profético e cultos que mais se parecem com exibicionismo humano, histeria, tietagem e show. Como seres sociais estamos imersos em uma sociedade que marcada pelo capitalismo, relativismo, materialismo, hedonismo e pragmatismo.
            Obcecados por atrair multidões e as massas estamos abrindo mãos de valores essenciais de nossa liturgia, tais como as letras com embasamento teológico, o carisma dos cantores em detrimento do caráter e até mesmo o comércio que muitas vezes é feito dentro da igreja com as vendas de seus produtos, bem como os valores exorbitantes cobrados por seus empresários. Infelizmente muitos púlpitos têm se tornado plataforma de shows, igrejas em locais de eventos gospel, os membros em “fãs” de estrelas gospel e os cantores tomando a glória pra si.
            Baseado em tais pressupostos venho à luz da “Bíblia”, nossa regra de fé e prática, buscar conceitos que norteiem o corpo de Cristo a uma adoração em espírito e em verdade. Assim feito, teremos menos show e mais unção; menos fãs e mais adoradores; menos estrelas e mais servos do Senhor, menos palco e mais altar de sacrifício e adoração.
            No Antigo Testamento, a adoração tomou proporções maiores com o culto levítico, mas foi no Novo Testamento que Jesus revelou na íntegra as verdades que os homens não conseguiram interpretar do culto levítico.
No livro das origens, Gênesis  4, vemos uma série de acontecimentos, vejamos: Nos versículos (2 a 5) nos mostra que Abel, pastor de rebanhos, ofereceu a Deus a parte gorda das primícias de seu rebanho, mas Caim trouxe um fruto da terra, pois era agricultor. O relato nos diz que Deus recebeu a oferta de Abel, mas rejeitou a de Caim. Diante disto alguns aspectos são dignos de nota.
Em primeiro lugar vemos que Abel se preocupou em dar o melhor de suas crias e não apenas uma cria. Vemos em tal atitude a disposição de coração que Abel tinha. Não estava se preocupado em perder parte de suas melhores crias e sim em oferecer a Deus o melhor que ele tinha. Isto nos ensina muito, pois estamos imersos em uma sociedade capitalista e consumista onde trabalhamos para conquistar bens materiais e não nos preocupamos em dar o melhor para Deus. O que Deus espera de nós como adoradores é que venhamos dar o melhor que temos, a nossa vida, nossos bens e nossos sonhos, pois adorar deve nos levar a sacrificar alguma coisa. Que venhamos a ser como Abel e não seguir os passos de Caim em pensar que Deus aceita as coisas sem a disposição de um coração adorador. Adorar é render-se a vontade de Deus e reconhecer o senhorio dEle, sobre nós e nossos bens.
Outro ponto a destacar é que Abel reconhecia a essência do ato, enquanto Caim via o rito. Precisamos nos despir de rituais e viver a verdadeira essência da adoração. Em Lucas 7:36-50, vemos uma pecadora lavando os pés de Jesus, enxugando com seus cabelos, beijou-os e também ungindo Jesus com um ungüento caríssimo. Era obrigação do anfitrião da casa oferecer água, entretanto não o fizera. Esta mulher pecadora ungiu, pois reconhecia que estava diante de um profeta, sacerdote e um rei. Adoração é quando reconhecemos o ser que estamos adorando como superior e que vai além de nossas expectativas. Ela não adorou Jesus pelo que ele tinha e sim porque reconhecia que ele era. Precisamos entender que o rito nos engessa, turva a nossa visão nos fazendo perder a essência do ser adorado.
Podemos destacar ainda que Abel preocupou-se com a qualidade e não em quantidade. Não é a quantidade que faz a diferença, mas a qualidade daquilo que oferecemos a Deus. Vejamos a oferta da viúva pobre: Ao observar as pessoas depositando suas ofertas, viu também uma viúva pobre colocar duas pequeninas moedas de cobre. Duas moedas equivalem ao “lepton”, a maior moeda judaica em circulação naquela época, feita de cobre e bronze, e que pouco valia. O lepton tinha cerca de 2% do valor de um denário.  Segundo alguns estudiosos, o valor das duas moedas correspondia a R$ 0,50 (Cinqüenta centavos). Na opinião de Jesus esta viúva pobre colocou mais que todos os outros. Não quero generalizar, pois bom seria se aliássemos a qualidade com a quantidade, mas quando não existe esta conciliação é melhor a qualidade.
Qual é a qualidade do culto que estamos prestando a Deus? Infelizmente tenho presenciado uma falta de reverência em muitas igrejas, mormente no que tange a usos de celulares, Ipad e maneira de se portar diante de Deus.
Qual é a nossa motivação e o que esperamos? Estas são perguntas que deveríamos fazer todos os dias de nossa vida.
Precisamos alinhar nossos pensamentos e atos pela palavra de Deus para que possamos desfrutar da verdadeira adoração com Deus.

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