A Teologia nossa de cada Dia - Reflexões sobre os valores do Reino em uma sociedade dita pós-moderna.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Realidades de um Milagre

            A própria palavra “milagre”, já nos remete a algo que foge do mundo natural e na maioria da vezes não tem explicação. Milagre se caracteriza pela suspensão das leis naturais, é quando existe uma intervenção de Deus sobre a lógica, sobre o que é natural e explicável pela razão humana. 
            Esta pergunta me veio à mente ao me deparar com uma pergunta do salmista: “Porventura, poderá Deus preparar uma mesa no deserto?”
            Ao narrar alguns momentos da saga do povo de Deus (Israel), o salmista revela o quanto o povo murmurara ao colocar em dúvida o poder de Deus. O povo que mais viu milagre não conseguia transformar isto em uma teologia que pudesse solidificá-lo em uma fé genuína no eterno Deus.                     
            Todos precisamos e queremos milagre em nossas vidas, mas esquecemo-nos que para se chegar ao milagre experimentamos o caos, a morte e as piores situações. A família de Lázaro precisou vê-lo sepultado a 4 dias para ver o grande milagre da ressurreição. O povo de Israel precisou estar diante do exército de Faraó e o mar vermelho para se deparar com o maior milagre da história ao ver o mar se abrindo ao meio dando-lhe a saída para uma nova vida.
            Diante do exposto pelo salmista o povo estava atravessando um deserto. A própria palavra deserto nos causa medo, pois pensamos em solidão, escassez, morte, dificuldade, fome, sede e perigos constantes. Diante deste panorama percebemos que o caos precede o milagre; é necessário que haja morte para que tenha ressurreição. . . é necessário que exista a escassez de alimentos para que haja multiplicação de pão.
            O povo de Israel precisava de um milagre, mas achava que o problema era maior que o agir de Deus. Se notarmos os detalhes da caminhada do povo de Israel, constataremos que sempre o povo focava o problema e não no poder de Deus. Quando se foca no problema perdemos a perspectiva do agir de Deus. Infelizmente, a maioria das pessoas preferem olhar para as perdas e o momento adverso do que para Deus e o seu poder de operar infinitamente em nossas vidas. O mesmo salmista nos diz: “O Senhor é meu pastor e nada me faltará”, o profeta Isaías nos vaticina: “Operando Deus, quem impedirá?”. Enquanto focarmos o problema e as circunstâncias da vida não desfrutaremos dos milagres de Deus.
            O povo de Israel enxergava o milagre como uma obrigação de Deus para com eles e não um ato de benevolência. Percebemos que o relacionamento de Israel com Deus tivera em muitos momentos uma relação de troca, relacionamento infantil onde a murmuração e a liturgia equivocada era uma constante na vida do povo. Os tempos passaram, mas a síndrome continua a mesma, pessoas infectadas por falsos ensinamentos acreditam e vivem pensando que Deus tem uma obrigação de abençoá-los. As dádivas de Deus e seus milagres são sempre um sinal de sua misericórdia para com o seu povo.

            Aprendemos que o milagre não pode ser um fim em si mesmo, mas um meio de solidificar nossa fé em Deus. Analisando a história do povo de Israel percebemos que o povo que mais viu milagres não entrou na terra prometida, exceto Josué e Calebe. Apesar de contemplar vários tipos de milagre e a mão forte do Senhor, não foi suficiente para que o povo tivesse uma vida de obediência aos mandamentos de Deus e gratidão. Esta geração andou perambulando 40 anos no deserto por murmurar contra Deus. Este mesmo mal tem acometido muitos no presente século, onde as pessoas vivem a busca de milagre, mas dissociados de uma vida de obediência a palavra de Deus. Os milagres de Deus são oportunidade de revelação de Deus em nossa vida.

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